BLOGUE DA ALA DOS ANTIGOS COMBATENTES DA MILÍCIA DE SÃO MIGUEL
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
Os tentáculos do lóbi panasca
PS quer criar dia nacional «contra homofobia»
Em Insana Assunta
Deputados socialistas querem alterar lei laboral, acrescentando
a «identidade de género» como cláusula para não discriminação.
E querem instituir o dia 17 de Maio como dia nacional contra a
homofobia.
Isabel Moreira é uma das de putadas que assina as propostas.
Ai
como fiquei impressionada com a choradeira da prima Anormalina, que apareceu a
agarrar uma orelha que atrás trazia o miúdo mais novo ao jeito de penduricalho.
Só
atazana a minha vida, o sonso, era o desabafo da Anormalina enquanto sopapeava
em todas as direcções que o Clauspino pinoteava para escapar.
Mostrei
autoridade de sargento em hora de rancho melhorado e obriguei-os a sentar. Ora
conta lá qual a baldroca, exigi.
O
Clauspino era discriminado na escola. O degenerado confessou que é heterossexual,
lastimou-se.
Ó
Anormalina – disse-lhe, em tentativa de a sossegar – mas é a orientação do
rapaz, que se pode fazer?
Mas
qual orientação, ele tem lá idade para se orientar; se fosse esperto, no mínimo
fazia de indeciso, que um dia o PS irá propor o dia dos gays indecisos.
A
prima Insana conhece algum dia dos heterossexuais? Ou dos heterossexuais
indecisos? Realmente, pensando bem, não, murmurei.
E a
Anormalina enumerou-me todos os benefícios e futuras isenções fiscais por se
ser gay, acrescido do subsídio de indecisão e festa com lanche nos dias 17 de
Maio.
Fiquei
sozinha e pasma, a pensar no Impracídio e no seu futuro de humilhações e sem ao
menos um dia para celebrar. Quando ele chegou na habitual correria directa ao
computador, foi logo, nãnãnãnã Impracídio, senta aqui ao pé da mãe. Sentou-se.
Olhei-o com ternura e perguntei:
Meu
filho, queres que a mãe te ofereça uma boneca?
1.º de Dezembro:
Carta a Vasco Pulido Valente
JOSÉ RIBEIRO E CASTRO, SOFIA GALVÃO e RICARDO SÁ FERNANDES Público
Vasco Pulido Valente (VPV) escreveu na edição do PÚBLICO de domingo dia 7 de Dezembro uma crónica intitulada «Feriados», que é susceptível de induzir o leitor em engano, uma vez que contém erros factuais a respeito do 1.º de Dezembro e do seu feriado.
1. VPV começa por menosprezar a Restauração e o 1.º de Dezembro do ponto de vista histórico, com uma leitura ideológica algo enviesada.
Discordamos, mas não é este o ponto deste texto. A Restauração, período que vai desde o 1.º de Dezembro de 1640 a 13 de Fevereiro de 1668, data de assinatura do Tratado de Lisboa que estabeleceu a paz com Madrid, é objecto de diferentes leituras e interpretações pelos historiadores.
O fundamental é que, a partir daí, a partir do 1.º de Dezembro e da Guerra da Restauração em que saímos vitoriosos, Portugal reganhou a sua independência plena, de novo com soberano próprio – foi posto termo ao domínio filipino e à chamada monarquia dual, em que Portugal estava sujeito a rei espanhol desde 1580, mais exactamente desde as Cortes de Tomar, que, em Abril de 1581, reconheceram Filipe II como soberano também no nosso país (Filipe I de Portugal).
2. Vasco Pulido Valente escreve, a seguir: «Na segunda metade do século [XIX], ninguém se lembrava do '1 de Dezembro' e os críticos do regime, de Ramalho Ortigão aos republicanos, desprezavam e ridicularizavam a «Sociedade 1.º de Dezembro» (que não sei se ainda existe), como centro de propaganda da corte e dos Braganças. Só os criados se metiam nessa fantasia, que o grosso do país letrado não levava a sério.»
Primeiro, uma informação: sim, ainda existe. Nunca se chamou «Sociedade 1.º de Dezembro», mas «Comissão Central 1.º de Dezembro de 1640»; e denomina-se, hoje, Sociedade Histórica da Independência de Portugal, designação que adoptou nos anos '20 do século passado. Celebrou há poucos meses 153 anos de existência e actividade. Hoje, como desde o início, tem sede no Palácio da Independência, o antigo Palácio dos Almadas onde nasceu a revolta dos 40 conjurados de 1640.
Em segundo lugar, as correcções.
A Comissão Central 1.º de Dezembro de 1640 foi o pólo da prolongada movimentação que, mais tarde, depois de décadas de persistente intervenção cívica, levaria à instituição legal do feriado nacional do 1.º de Dezembro. Foi fundada em 24 de Maio de 1861, tendo lançado um Manifesto em 25 de Agosto do mesmo ano, na tal «segunda metade do século, [em que] ninguém se lembrava do 1 de Dezembro», segundo VPV.
Nesta mesma segunda metade do séc. XIX, a Comissão Central desenvolveu vasta actividade pública, por iniciativas sociais, editoriais e culturais, nomeadamente concursos de teatro, récitas, conferências de carácter histórico-cultural e político-institucional e exposições didácticas. E dinamizou campanhas públicas de angariação de fundos de que resultou a edificação de importantes monumentos, de cunho português e patriótico: a estátua a Luís de Camões, em Lisboa (1867); a estátua ao poeta Bocage, em Setúbal (1871); a estátua a Sá da Bandeira, em Lisboa (1884); o Monumento aos Restauradores, também em Lisboa, na actual Praça dos Restauradores (1886); e a estátua a D. Afonso Henriques, em Guimarães (1888). Tudo isto no período em que, segundo VPV, a «Sociedade 1.º de Dezembro» estaria votada ao desprezo e ao ridículo.
Mais interessante é conhecer a lista dos tais «criados», os únicos que, segundo VPV, «se metiam nessa fantasia, que o grosso do país letrado não levava a sério.»
Os fundadores da Comissão Central 1.º de Dezembro e signatários do Manifesto de 1861 foram 40 destacadas figuras da sociedade portuguesa do tempo, incluindo políticos, como Anselmo José Braamcamp (que foi líder do Partido Histórico ou Partido Progressista, um dos dois principais partidos da Regeneração), ou o celebrado tribuno José Estêvão; historiadores, como o grande Alexandre Herculano e Luís Rebelo da Silva; outros escritores, como José da Silva Mendes Leal ou Pedro de Brito Aranha; industriais de renome, como Domingos Ferreira Pinto Basto (da segunda geração da «Vista Alegre») ou António José Pereira Serzedelo Júnior (que muito marcou, tal como seu pai, as primeiras décadas do «Banco de Portugal»); além de ilustres diplomatas, bibliógrafos, jornalistas, publicistas e comerciantes, presidentes da Câmara Municipal de Lisboa e governadores civis. Ditosa Pátria que tais «criados» tem!
É também difícil imaginar que destacadas figuras da «esquerda» liberal portuguesa desse tempo, como José Estêvão e Manuel de Jesus Coelho (ambos antigos combatentes da «Patuleia»), além de Alexandre Herculano, consumissem os seus dias a fazer «propaganda da corte e dos Braganças», como é a ideia transmitida por VPV.
3. Vasco Pulido Valente escreveu ainda: «Os republicanos, logicamente, não continuaram os festejos da dinastia (agora no exílio) e os monárquicos para se poupar a maçadas também não. O próprio Salazar, embora restaurasse o feriado, nunca fez um alarido à volta do caso e deixou a 'Sociedade' agonizar no Rossio com a maior indiferença.»
Nada de mais errado.
O feriado do 1.º de Dezembro foi instituído, em lei, pela 1.ª República (e não por Salazar), logo nos primeiros dias, gesto que marca o pleno sucesso das movimentações cívicas das décadas anteriores. É o primeiro Governo Provisório da República Portuguesa que, por Decreto de 12 de Outubro de 1910, consagra o dia 1 de Dezembro como feriado nacional, então designado como dia da «Autonomia da Pátria Portuguesa» e, pouco depois, «dia da Independência e da Bandeira». Passou, assim, a ser o mais antigo dos feriados civis portugueses, pacificamente celebrado de modo ininterrupto, desde 1910 até à sua infeliz eliminação em 2012.
Os actos centrais das celebrações nacionais, junto ao Monumento aos Restauradores, eram já organizados em parceria da Comissão Central 1.º de Dezembro (hoje, Sociedade Histórica da Independência de Portugal) e da Câmara Municipal de Lisboa, como ainda acontece apesar da abolição do feriado com efeitos desde 2013. Juntamos, para pleno esclarecimento dos leitores, fac simile do Diário do Governo de 13 de Outubro de 1910 e fotografia das primeiras celebrações oficiais do feriado nacional do 1.º de Dezembro, em que se vêem, entre outros, Manuel de Arriaga e Afonso Costa a celebrarem aquele que, segundo VPV, foi o «feriado restaurado por Salazar».
4. A concluir, citamos um trecho de artigo recente de Luís Reis Torgal, um historiador à altura dos seus pergaminhos, com vasta obra publicada nesta matéria dos feriados: «O 1.º de Dezembro é o feriado civil mais antigo: sobreviveu à I República austera em festividades, ao Estado Novo que só recuperou os 'dias santos' em 1952 e à chegada da democracia, que nunca aboliu feriados mas acrescentou vários ao calendário.» O mesmo que criticou há poucos meses: «Terminaram com o feriado da Restauração, um dos mais simbólicos da nossa independência e afirmação. É como se estivesse em causa o nosso sentido de independência, dificilmente conseguido.»
O 1.º de Dezembro não é da República, nem da Monarquia, não é da direita, nem da esquerda. É o dia de Portugal inteiro, o mais nacional de todos os feriados nacionais. É o dia que celebra aquele valor sem o qual não existiríamos sequer: a independência nacional. Fá-lo na circunstância da Restauração, porque foi o momento em que, da última vez que a perdemos, a reconquistámos.
O 1.º de Dezembro celebra o valor fundamental da independência de Portugal, desde sempre e para sempre, como o dia nacional mais importante, à semelhança da generalidade dos países europeus e de muitos outros no mundo. Foi a data que a sociedade portuguesa livremente escolheu para esse efeito e que, mesmo fora das comemorações oficiais, continua a ser festejada em espontâneas evocações populares anuais, não só na raia alentejana e beirã (que mais sofreu a Guerra da Restauração), mas também um pouco por todo o país, em inúmeras localidades. Só não sabe quem não quer saber.
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
Teresa Leal Coelho e a maçonaria
perspectivas
Teresa Leal Coelho faz parte do sistema político que a maçonaria coordena. O problema é que ela é feminista (no sentido de «feminazista»), e enquanto tal não pode tolerar o «sexismo da maçonaria».
O que incomoda Teresa Leal Coelho, no que diz respeito à maçonaria, é a forma e não o conteúdo da associação secreta. Se as lojas maçónicas masculinas aceitassem mulheres e fizessem lá uns bacanais semi-públicos com elas, teríamos a Teresa Leal Coelho a defender a maçonaria no «parlamento».
O secretismo, na maçonaria, é uma norma — em relação à qual se pode emitir um juízo de valor. Mas não é o secretismo da maçonaria, entendido em si mesmo, que incomoda a Teresa Leal Coelho: é o secretismo masculino que a incomoda.
Uma vez que o conceito de «secretismo feminino» é uma abstracção, Teresa Leal Coelho (na sua condição de «feminazista») sente a necessidade de destruir qualquer tipo de secretismo.
domingo, 21 de dezembro de 2014
As falácias do «inocente» Sócrates
e dos seus amigos
As últimas horas de Sócrates em liberdade
José António Saraiva, Sol, 18 de Dezembro de 2014
Sócrates partiu para Paris na manhã de
quarta-feira, dia 19 de Novembro. Tudo indica que, nessa altura, já soubesse
que a sua detenção estava iminente.
Na véspera tinha almoçado com o ex-procurador-geral
da República, Pinto Monteiro. O almoço fora marcado com urgência, de um dia
para o outro. Pinto Monteiro tinha um exame médico nessa manhã e avisou que
poderia chegar atrasado. Sócrates não se importou, e disse que esperaria o
tempo que fosse preciso. Acabou por esperar uma hora no restaurante.
Basta isto para perceber que não se tratava de um
almoço de circunstância, como tentou fazer crer o ex-PGR. O pretexto
alegadamente apresentado por Sócrates era oferecer a Pinto Monteiro um exemplar
autografado do seu livro. Mas este fora publicado um ano antes e Pinto Monteiro
até já o tinha, pois estivera presente no lançamento. Parece, pois, totalmente
inverosímil Sócrates marcar um almoço de urgência para esse fim.
Pinto Monteiro disse que nesse almoço falaram de
livros e de viagens. É bem possível. Sócrates deve ter-lhe oferecido o livro
e também lhe disse com certeza que iria viajar para Paris no dia
seguinte. Ora, sendo quase certo que esperava ser detido a qualquer momento,
quereria possivelmente saber se Pinto Monteiro estava a par de alguma coisa e
saberia pormenores do processo. Isto explicaria a urgência do almoço.
Como previsto, Sócrates partiu para Paris na
quarta-feira e deveria regressar na quinta. Também é difícil acreditar que esta
viagem não tivesse qualquer relação com o processo em curso. O que poderia
determinar uma viagem-relâmpago de pouco mais de 24 horas? O que iria Sócrates
fazer de tão urgente a Paris?
Na capital francesa, o ex-primeiro-ministro
encontrou-se com os seus alegados cúmplices Carlos Santos Silva e Gonçalo
Trindade Ferreira, que entretanto tinham ido à pressa a Londres. Um e outro
eram apresentados como seus testas-de-ferro em vários negócios.
Ainda em Paris, Sócrates conversou com o
responsável da Octapharma em Portugal, Joaquim Lalanda de Castro, com o qual
tinha um alegado esquema de entregas mensais de dinheiro. Lalanda receberia 12
mil euros por portas travessas que juntaria aos outros 12 mil que a Octapharma
pagava a Sócrates. Este receberia assim 24 mil euros mensais, quantia
indispensável para fazer face às suas despesas.
Ao contrário do previsto, José Sócrates não viajou
para Lisboa na quinta-feira, pois adiou o voo para sexta. E na sexta voltou a
adiar, já com o check-in feito, sendo obrigado a trocar o bilhete de classe
executiva por turística, pois a outra estava completa.
Este segundo adiamento teve obviamente que ver com
os acontecimentos da noite anterior, em que os seus amigos Santos Silva e
Trindade Ferreira haviam sido presos à chegada ao aeroporto de Lisboa.
A partir daí, Sócrates sabia que iria ser o próximo
detido. Por isso, o seu advogado João Araújo viajou de urgência de Lisboa para
Paris e teve com ele uma demorada conversa em que discutiram o que fazer.
Mesmo sabendo que seria detido na Portela, Sócrates
não podia deixar de regressar ao país. O mandado de detenção estava passado, e
se ele não viesse haveria um mandado de detenção europeu e o
ex-primeiro-ministro seria localizado num qualquer país da Europa e extraditado
para Portugal. Além disso, a tentativa de fuga seria um reconhecimento de culpa.
José Sócrates tinha, pois, de regressar a Lisboa,
inteirar-se dos crimes de que era suspeito e preparar a defesa.
Se saísse em liberdade, só com termo de identidade
e residência, poderia viajar para o Brasil, como estava previsto, e aí as
coisas seriam diferentes. No Brasil não existiria o perigo de extradição, como
na Europa. Sócrates poderia ficar lá por tempo indeterminado, a pretexto de
estar a tratar de assuntos da Octapharma, adiando sucessivamente o regresso a
Lisboa. Estes eventuais planos seriam, contudo, gorados pela prisão preventiva
decretada pelo juiz Carlos Alexandre.
De qualquer modo, antes de ser detido, Sócrates
rodeou-se de cuidados. Na noite de 20 para 21 de Novembro (de quinta para
sexta-feira), deu instruções à empregada de limpeza no Edifício Heron Castilho
para retirar o computador de sua casa e mudá-lo para outro apartamento.
À chegada a Lisboa, Sócrates seria efectivamente
preso. Mas antes de embarcar fizera outra coisa insólita: avisara um jornalista
no qual depositava confiança da sua vinda e previsível detenção. Deste modo,
pretenderia que a sua prisão fosse rodeada de grande aparato mediático –
fazendo recordar o episódio Strauss-Kahn –, causando um escândalo de enormes
dimensões.
Mas os agentes esperaram-no discretamente à saída
da manga, conduziram-no discretamente através de uma zona reservada do aeroporto,
e as únicas imagens que existem são de um carro onde não se sabe quem vai,
filmado por um telemóvel ou uma câmara de vídeo do sistema de segurança.
Aqui ficam as últimas 80 horas de José Sócrates em
liberdade. Deixo ao cuidado do leitor julgar se o seu comportamento foi o de um
homem que não tem nada a esconder - ou se, pelo contrário, Sócrates agiu como
um suspeito.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
Evolucionismo:
A farsa de Charles Darwin
Mauro Corrêa
Descobertas científicas desmentem a teoria
evolucionista, oposta ao criacionismo.
As nossas escolas insistem em ensinar o
Evolucionismo como um facto indiscutível.
Desde as primeiras séries dos nossos estudos
vimos sendo familiarizados com uma explicação – no mínimo estranha – sobre a
origem da vida: a teoria da evolução de Charles Darwin, soberana nos manuais do
colégio.
No entanto, um grande número de escolas norte-americanas
está excluindo dos seus currículos o ensino do darwinismo. O motivo? Um facto
certamente de pouca importância – e talvez por isso nunca seja mencionado no
Brasil – : a evolução das espécies jamais foi provada cientificamente.
Paleontologia: faltam
evidências
São extraordinárias as falhas e incongruências
da teoria darwiniana. Há muito, ela deixou de ser unânime entre os
pesquisadores, pois carece de métodos científicos e vem sendo desmentida por
vários ramos da ciência. A paleontologia é actualmente o principal argumento
contra tal teoria.
Observando o documento fóssil, fica claro a
existência de uma sucessão hierárquica das formas de vida ao longo do tempo.
Quanto mais antigos os estratos fósseis, mais inferiores são as espécies da
escala biológica.
Esse aumento da complexidade das formas de vida
no decorrer da história é bastante utilizado pelos evolucionistas como um
argumento a favor das suas hipóteses. Coloca-se esses animais em seqüência e
tem-se a impressão de que uns descendem dos outros, como se constituíssem um
filão genealógico, desde as formas de vida mais simples, até às actuais.
Mas há um problema que não pode ser ignorado: se
a evolução de uma ameba, ao longo da história, deu-se de modo a resultar em
seres mais complexos até chegarmos à vastidão infindável de organismos que
temos hoje, então seria imprescindível que tenham existido milhares de formas
de transição dos seres, passando de uma espécie até se tornarem outra,
sucessivamente.
No que dependesse de Darwin seria assim. Entretanto,
nunca foram encontrados esses animais de transição ¾ os elos perdidos ¾ entre
as espécies.
Essa descontinuidade no registo fóssil é tão
contundente para o evolucionismo, que o próprio Darwin afirmou que «talvez
fosse a objecção mais óbvia e mais séria» à sua teoria. A confirmação
da hipótese evolucionista ficou condicionada ao encontro dos elos perdidos. Mas
passaram-se dois séculos e ainda continuam perdidos.
Quando vemos o aparecimento de novidades
evolutivas, ou seja, o aparecimento de novos grupos de plantas e animais, isso
ocorre como um estrondo, isto é abruptamente. Não há evidências de que haja
ligações entre esses novos grupos e os seus antecessores. Até porque, em alguns
casos, esses animais estão separados por grandes intervalos de mais de 100
milhões de anos.
O Dr. G. Sermont, especialista em genética dos
micro-organismos, director da Escola Internacional de Genética Geral e
professor da Universidade de Peruggia e R. Fondi, professor de paleontologia da
Universidade de Siena, no livro Dopo Darwin. Critica all’evoluzionismo, afirmam
nesse sentido que: «é constrangido-se a reconhecer que os fósseis não
dão mostras de fenómeno evolutivo nenhum… Cada vez que se estuda uma categoria
qualquer de organismos e se acompanha a sua história paleontológica… acaba-se
sempre, mais cedo ou mais tarde, por encontrar uma repentina interrupção exactamente
no ponto onde ¾ segundo a hipótese evolucionista ¾ deveríamos ter a
conexão genealógica com uma raíz progenitora mais primitiva. A partir do
momento em que isso acontece, sempre e sistematicamente, este facto não pode
ser interpretado como algo secundário, antes deve ser considerado como um fenómeno
primordial da natureza.»
O exemplo mais gritante de descontinuidade no
registo fóssil é o que encontramos na passagem do Pré-Cambriano (primeira era
geológica), para o Cambriano. No primeiro encontramos uma certa variedade de
micro-organismos: bactérias, algas azuis etc. Já no Cambriano, repentinamente,
o que surge é uma infinidade de invertebrados, muito complexos: ouriços-do-mar,
crustáceos, medusas, moluscos… Esse fenómeno é tão extraordinário que ficou
conhecido como «explosão cambriana».
Ora, se a evolução fosse uma realidade, o
surgimento dessa vasta gama de espécies do Cambriano deveria
imprescindivelmente estar precedida de uma série de formas de transição entre
os seres unicelulares do Pré-Cambriano e os invertebrados do Cambriano. Nunca
foi encontrado nada no registo fóssil. Esse é, aliás, um ponto que nenhum
evolucionista ignora.
Outro facto é que os organismos permanecem sempre
os mesmos, desde quando surgem, até à sua extinção e quando muito, apresentam
variações dentro da própria espécie.
Ainda mesmo que um animal apresentasse
características de dois grupos diferentes, não poderia ser tratado como um elo
real enquanto os demais estágios intermediários não fossem descobertos.
A riqueza das informações fósseis vem servindo
contra os postulados evolucionistas. Várias hipóteses de sequências evolutivas
foram descartadas ou modificadas, por se tratarem de alterações no registo
fóssil (tal como a evolução do cavalo na América do Norte).
O próprio pai da paleontologia, o Barão de
Couvier, vislumbrou, nessa sucessão hierárquica dos seres vivos, ao invés de
uma evolução, uma confirmação da ideia bíblica da criação sucessiva. As grandes
durações da história geológica, que à primeira vista parecem favorecer as
especulações dos evolucionistas, fornecem, muito pelo contrário, objecções.
Cabe lembrar que Santo Agostinho, analisando a
criação em seis dias no Génesis, tem o cuidado de não interpretar dia como
intervalo de 24 horas. O Santo Doutor interpreta dia como
sendo luz, e luz dos anjos testemunhando a criação
de Deus. Os seis dias falam de uma ordem na criação, e não propriamente de uma
medida de tempo.
O mistério dos fósseis
vivos.
Outra objecção à filogénese (evolução
genealógica) é apresentada pelos fósseis vivos. Qual a razão que levou várias
espécies, géneros e famílias a atravessarem muitos «milhões de anos» (nas
contas dos evolucionistas, é claro), sem sofrer o processo evolutivo que os
evolucionistas gostariam de encontrar?
O celacanto é um peixe que aparece em estratos
de há 300 milhões de anos. Conhecem-se fósseis desse peixe até em estratos do
começo da era cenozóica, isto é, até há 60 milhões de anos. Pensava-se que o
celacanto tivesse existido durante esse intervalo de tempo de 240 milhões de
anos. Acontece que de 1938 para cá, vários espécimes, vivos e saudáveis, foram
pescados no Oceano Índico.
Quer dizer: esse peixe atravessou 300 milhões de
anos até aos nossos dias, enquanto que, de acordo com os evolucionistas, ao
longo dessa duração houve evoluções de peixes em anfíbios, anfíbios em répteis,
e répteis em mamíferos. (Obs: para o presente estudo, utilizámos a contagem de
tempo hipotética dos evolucionistas. Sem que isso signifique uma adesão a esses
números que buscam justificar a evolução).
Os foraminíferos e radiolários são seres
unicelulares, cujas carapaças são responsáveis por grandes espessuras nas
rochas sedimentárias. Os foraminíferos constituem uma das ordens biológicas que
aparecem no Pré-Cambriano e que existe até hoje. Vários organismos extinguiram-se
ao longo do tempo que vai da era paleozóica superior aos nossos dias.
Também facto científico estranho à Teoria.
Porque esta faz remontar a origem dos animais pluricelulares aos animais
unicelulares. Como explicar, então, que os foraminíferos e radiolários não se
transformaram em animais pluricelulares, ao longo de tão dilatada história
biológica? Grande mistério…
Selecção natural:
mecanismo anti-evolução
Alguém poderia perguntar: e a selecção natural,
ocorre? Sim, ocorre. Mas não como Darwin a concebeu. Vejamos o famoso exemplo
das mariposas da Inglaterra. Inicialmente elas tinham coloração clara. Acontece
que a Revolução Industrial trouxe grande emissão de poluentes e os troncos das
árvores ficaram mais escuros. Decorrido algum tempo, as mariposas teriam «evoluído»,
tornando-se escuras.
Durante muito tempo, insistia-se que esse fosse
um nítido caso de evolução. Mas o advento da genética mendeliana encarregou-se
de negá-lo. Sabe-se hoje que, qualquer mudança nas características de uma
espécie só ocorre por estar «contida» no seu material genético e a variação
dar-se-á nos limites da carga genética dessa espécie, não passando disso. É o
que aconteceu com as mariposas inglesas.
Elas eram claras e tornaram-se escuras porque no
seu conjunto genético havia uma variação genética para a cor escura. As
mariposas continuavam e continuam sendo mariposas. Assim como continuam a
nascer mariposas claras.
Não houve, portanto, evolução. Na verdade, a
selecção natural ocorre para que os seres permaneçam vivos num meio ambiente variante.
E à medida que possibilita a predominância das características mais vantajosas
ou superiores num determinado meio, torna os indivíduos mais parecidos e não
mais diferentes. Portanto, não opera, uma diversificação. Ela trabalha como uma
força conservadora.
Além disso, se a evolução existisse realmente, a
selecção natural encarregar-se-ia de barrar o seu processo, pois os seus
mecanismos de actuação são antagónicos. Um ser vivo que desenvolvesse uma
característica nova (patas, asas, olhos…) não se beneficiaria enquanto ela não
estivesse absolutamente desenvolvida. Ao contrário, seria prejudicial. Porquê a
selecção natural iria favorecer um animal com um órgão em formação? Essa
característica nova, além de não cumprir as funções da estrutura que lhe deu
origem, ainda não desempenha a sua própria função porque ainda está em
desenvolvimento.
Assim, pela teoria da evolução houve evoluções
de peixes em anfíbios, anfíbios em répteis, e répteis em mamíferos e aves. Ora,
um peixe que estivesse desenvolvendo características de anfíbios, patas por
exemplo, nem nadaria e nem se locomoveria com destreza porque as suas
nadadeiras estariam a converter-se em patas. Pois bem, a selecção natural encarregar-se-ia
de eliminá-las, por a sua debilidade.
O golpe derradeiro: a
genética
Quando ficou patente que a selecção natural por
si só era incapaz de explicar o processo evolutivo as mutações foram escolhidas
como uma tentativa de salvar a teoria evolucionista.
As mutações constituem a única hipótese
potencialmente capaz de gerar uma característica nova. Entretanto, elas não
ocorrem para adaptar o organismo ao ambiente e nem há condições de se saber o
gene a sofrer mutações. É um processo absolutamente fortuito.
Erros de leitura do DNA – o que é realmente
raríssimo – causam as mutações. A mutação só acontece se a alteração no DNA
modificar o organismo. Em geral, esses erros não provocam nenhum resultado
porque o código genético está engendrado de modo tão formidável, que torna
neutras as mutações nocivas. Mas quando geram efeitos, eles são sempre
negativos.
Com efeito, não há registo de mutações benéficas
e a possibilidade delas existirem é tão reduzida que pode ser descartada. Nos
seres humanos, existem mais de 6 mil doenças genéticas catalogadas, por
exemplo, melanoma maligno, hemofilia, alzheimer, anemia falciforme. Essas
doenças – e grande parte das catalogadas – foram localizadas nos genes
correspondentes. Assim se todas as mutações que as causaram fossem corrigidas,
teríamos uma espécie de homem perfeito. Esse é, aliás, um indício de que esse
homem perfeito tenha existido, como é ensinado no Génesis.
A genética, ao invés de corroborar a hipótese
evolucionista, desacreditou-a ainda mais. Atestou a impossibilidade de que um
organismo deixe de ser ele mesmo. As famosas experiências do biólogo T. Morgan
com a mosca da fruta (geralmente citadas em manuais escolares) elucidam muito
bem essa questão: As mutações, em geral, mostram deterioração, desgaste ou
desaparecimento geral de certos órgãos; nunca desenvolvem um órgão ou função
nova; a maioria provoca alterações em caracteres secundários tais como cor dos
olhos e pêlos, sendo que, quando provocavam maiores modificações, eram sempre
letais; os mutantes que se equiparam à mosca normal, no que diz respeito ao
vigor, são uma minoria e, mutantes que tenham sofrido um desenvolvimento
realmente valioso na organização normal, em ambientes normais, são
desconhecidos.
Darwin fraudou
E se a realidade não colabora, pior para ela,
diria Darwin. Os escândalos sobre falsificações foram uma constante na história
do evolucionismo. O próprio pai da teoria fraudou. No seu livro «As expressões
das emoções no homem e nos animais» foi utilizada uma série de fotografias
forjadas a fim de comprovar as suas hipóteses.
E ainda recentemente foi descoberto mais um
embuste: o archeoraptor. Com uma imaginação bem apurada, muitos aclamavam esse
achado como sendo a ligação entre as actuais aves e os dinossauros. Não passava
de uma mistura mal-ajambrada de peças de diversos fósseis.
O evolucionismo não é
científico!
Estamos diante de um facto insólito na história
da ciência. A teoria da evolução, de Darwin aos nossos dias, não só não se
confirmou, mas tornou-se cada vez mais insustentável. Entretanto, ela continua
sendo defendida e propalada como um verdadeiro dogma. É uma vaca sagrada contra
a qual ninguém tem o direito de discordar, apesar do seu inteiro despropósito.
Porquê tanta insistência? Haverá por detrás
disso uma segunda intenção dos seus propugnadores (ou pelo menos de uma parte
deles)? Engels dá-nos uma pista numa das suas cartas a Marx: «o Darwin que
estou lendo agora é magnífico. A teologia não estava destruída em algumas das
suas partes, e agora isso acaba de acontecer».
Reside nisso toda a questão. Aceita-se o
evolucionismo para não se aceitar Deus. Desde a sua origem, essa teoria esteve
impulsionada mais pelo desejo de dotar o ateísmo de fundamento científico, do
que em encontrar a origem das espécies.
Atribuir ao acaso toda a ordem perfeita e harmónica
do universo é um inteiro disparate. O cientista que toma essa atitude joga para
trás todos os parâmetros científicos (em nome dos quais ele fala) e lança mão
de argumentos filosóficos que a própria ciência já desmentiu.
É impossível admitir o acaso como resposta para
um fenómeno tão manifestamente racional como é o finalismo presente na
organização do mundo. Mesmo Darwin sabia o quanto eram absurdas as suas
formulações, e admitiu a que fins elas serviam: «estou consciente de
que me encontro num atoleiro sem a menor esperança de saída. Não posso crer que
o mundo, tal como o vemos, seja resultado do acaso, e, no entanto, não posso
considerar cada coisa separada como desígnio divino.»
Por tudo isso é que a teoria da evolução não
pode reclamar para si a denominação de científica. A obstinação e a atitude dos
seus adeptos demonstram que o evolucionismo consiste num movimento filosófico e
religioso.
É uma concepção do universo para a qual nada
mais é estável, tudo está sujeito a um eterno fluir. E mais ainda, tudo quanto
há na vida social, desde o direito até à religião, foi fruto da evolução,
inclusive a ideia de Deus.
Essa teoria espalhou-se para todos os campos do
conhecimento, sobretudo nas ciências humanas. E os seus resultados foram
funestos, não só para a pesquisa, mas também no campo prático, basta lembrar
que ela serviu de fundamento para as mais mortais concepções de Estado que já
existiram: o comunismo e o nazismo.
O evolucionismo funciona como fundamento do
relativismo contemporâneo. Facto esse, aliás, o único capaz de explicar o porquê
de se defendê-lo com tanta contumácia, pois, uma vez derrubado este bastião,
não há nada que justifique a ideologia relativista, nem na ciência e nem no
senso comum das pessoas.
Enfim, encerramos mencionando a Quinta
Via de Santo Tomás de Aquino, em que o Doutor Angélico lembra
que a teleologia (fim inteligente) presente em todo o universo reclama a
necessidade de Deus. «Vemos que algumas coisas, como os corpos naturais,
carentes de conhecimento, operam em vista de um fim; o que se conclui de
operarem sempre ou frequentemente do mesmo modo, para conseguirem o que é óptimo;
donde resulta que chegam ao fim, não pelo acaso, mas pela intenção. Mas, assim
como a seta é dirigida pelo arqueiro, os seres sem conhecimento não tendem ao
fim sem serem dirigidos por um ente conhecedor e inteligente. Logo, há um ser
inteligente, pelo qual todas a coisas naturais se ordenam ao fim, e a que
chamamos Deus.»
— Veja mais em: http://www.lepanto.com.br/catolicismo/ciencia-e-fe/evolucionismo-a-farsa-de-charles-darwin/#sthash.GjR6UC7c.dpuf
domingo, 14 de dezembro de 2014
Prémio Pessoa:
Henrique Leitão reconhecido pelo sistema abrilista
L. Lemos
A maçonaria, os totós úteis que a servem e a intelligentia do regime abrilista decidiram atribuir o Prémio Pessoa ao intelectual Henrique Leitão, prémio antes atribuído, com uma ou outra excepção, ao que por cá de pior se fabrica em pensamento.
Terá sido por acaso ou por engano?
Não! O tipo está, intelectualmente falando, no papo! Dantes, eu pensava que ele era um simples católico confuso a falar de ciência mas percebi que o tipo estava no papo do regime ao ouvir os seus disparates no dia 10 de Junho de 2014, frente ao monumento aos combatentes do Ultramar, num desastrado discurso de intelectualóide cinzentão do sistema abrilista.
Acrescente-se que o Leitão é um disfarçado mas realmente fervoroso endeusador da ciência e adepto da fábula do «bom» evolucionismo.
Parafrasendo Salazar a propósito da Maria de Lurdes Pintassilgo*, o Leitão é um peixinho cinzento a nadar em água benta.
O meu comentário a propósito do discurso do Leitão no 10 de Junho.
Boa leitura!
http://responderachamada.blogspot.pt/2014/06/ainda-o-10-de-junho-comentarios-breves.html
* Salazar disse que ela era «um peixinho vermelho a nadar em água benta».
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
As presidentas ardentas
Da net
A jornalista Pilar del Rio costuma explicar, com um
ar de catedrática no assunto, que dantes não havia mulheres presidentes e por
isso é que não existia a palavra presidenta... Daí que ela diga insistentemente
que é Presidenta da Fundação José Saramago e se refira a Assunção Esteves como
Presidenta da Assembleia da República.
Ainda nesta semana, escutei Helena Roseta dizer:
«Presidenta!», retorquindo ao comentário de um jornalista da SIC Notícias,
muito segura da sua afirmação...
A propósito desta questão recebi o texto que se
segue e que reencaminho:
Uma belíssima aula de português.
Foi elaborada para acabar de uma vez por todas com
toda e qualquer dúvida se temos presidente ou presidenta.
A presidenta foi estudanta?
Existe a palavra: PRESIDENTA?
Que tal colocarmos um «BASTA» no assunto?!
No português existem os particípios activos como
derivativos verbais. Por exemplo: o particípio activo do verbo atacar é
atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente,
o de mendicar é mendicante... Qual é o particípio activo do verbo ser? O
particípio activo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem
entidade...
Assim, quando queremos designar alguém com
capacidade para exercer a acção que expressa um verbo, há que se adicionar à
raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte.
Portanto, em Português correcto, a pessoa que
preside é PRESIDENTE, e não «presidenta», independentemente do sexo que tenha.
Diz-se capela ardente, e não capela «ardenta»; diz-se estudante, e não
«estudanta»; diz-se adolescente, e não «adolescenta»; diz-se paciente, e não
«pacienta».
Um bom exemplo do erro grosseiro seria:
«A candidata a presidenta comporta-se como uma
adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser
nomeada representanta.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
A Imaculada Conceição
e a História de Portugal
P. Francisco Couto
P. Senra Coelho
As Nações sobrevivem à erosão do tempo e permanecem
vivas na história dos povos se prosseguirem na fecundidade que lhes vem da sua
espiritualidade e da sua cultura. A diluição espiritual e cultural de um povo
significará inevitavelmente a perca da sua identidade e a sua fusão num hoje
sem futuro.
A História de Portugal regista dois momentos altos
na recuperação da sua independência: a Revolução 1383-1385 e a Restauração de
1640.
Na Revolução de 1383-1385 salienta-se o cerco de
Lisboa, que durou cerca de cinco meses e terminou em princípios de Setembro de
1384, acentuando-se durante o assédio, o significado da vitória alcançada por
D. Nuno Álvares Pereira em Atoleiros a 6 de Abril de 1384 e a eleição do Mestre
de Aviz para Rei de Portugal, curiosamente a 6 de Abril de 1385. Em 15 de
Agosto travou-se a Batalha de Aljubarrota, sob a chefia de D. Nuno Álvares
Pereira, símbolo da vitória e da consolidação do processo revolucionário de
1383-1385.
No movimento da restauração destaca-se a coroação
de D. João IV como Rei de Portugal, a 15 de Dezembro de 1640, no Terreiro do
Paço em Lisboa.
A Solenidade da Imaculada Conceição liga estes dois
acontecimentos decisivos na História da independência de Portugal e no contexto
das Nações Europeias. Segundo secular tradição foi o condestável D. Nuno
Álvares Pereira quem fundou a Igreja de Nossa Senhora do Castelo em Vila Viçosa
e quem ofereceu a imagem da Virgem Padroeira, adquirida na Inglaterra. Este
gesto do Condestável reconhece que a mística que levou Portugal à vitória veio
da devoção de um povo a Nossa Senhora da Conceição.
Aliás, já desde o berço, já aquando da conquista de
Lisboa por D. Afonso Henriques, havia sido celebrado um pontifical de acção de
graças, em Lisboa, em honra da Imaculada Conceição.
A espiritualidade que brotava da devoção a Nossa
Senhora da Conceição foi novamente sublinhada no gesto que D. João IV assumiu
ao coroar a Imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Rainha de
Portugal nas cortes de 1646.
Esta espiritualidade imaculista foi igualmente
assumida por todos os intelectuais, que na prestigiada Universidade de Coimbra
defenderam o dogma da Imaculada Conceição sob a forma de um juramento solene.
De tal modo a Imaculada Conceição caracteriza a
espiritualidade dos portugueses, que durante séculos o dia 8 de Dezembro foi
celebrado como «Dia da Mãe» e João Paulo II incluiu no seu inesquecível roteiro
da Visita Pastoral de 1982 dois Santuários que unem o Norte e o Sul de
Portugal: Vila Viçosa no Alentejo e o Sameiro no Minho.
O dia 8 de Dezembro transcende o «Dia Santo» dos
Católicos e engloba indubitavelmente a comemoração da Independência de
Portugal, que o dia 1 de Dezembro retoma. O feriado do dia 8 de Dezembro é
religioso, mas é também celebrativo da cultura, da tradição e da
espiritualidade da alma e da identidade do povo português.
Não menos importante, e em âmbito religioso e
litúrgico, o tema da Imaculada Conceição da Virgem Maria é já abundantemente
abordado pelos Padres da Igreja. Será o Oriente cristão o primeiro a
celebrá-la. Festividade que chega à Europa Ocidental e ao continente europeu
pelas mãos das cruzadas Inglesas nos séc. XI e XII. Vivamente celebrada pelos
franciscanos a partir de 1263, será o também franciscano Sixto IV, Papa, que a
inscreverá no calendário litúrgico romano em 1477.
De facto, o debate e a celebração desta festividade
em toda a Europa é acompanhada pela História do próprio Portugal. Coimbra, como
já vimos, tem um importante papel em todo este processo.
Em 8 de Dezembro de 1854, viverá a Igreja o auge de
toda esta riqueza teológica e celebrativa. Através da bula «Ineffabilis Deus»,
Pio IX, após consultar os bispos do mundo, definirá solenemente o dogma da
Imaculada Conceição da Virgem Maria.
Não estamos diante de uma simples festa cristã ou
de capricho religioso. O dogma resulta de tudo quanto a Igreja viveu até aqui e
vive hoje em toda a sua plenitude. Faz parte da identidade da Igreja. Isso
mesmo o prova o texto proclamado por Pio IX que apoia a sua argumentação nos
Padres e Doutores da Igreja e na sua forma de interpretar a Sagrada Escritura.
Ele, de facto, reconhece que este dogma faz parte, depois de muitos séculos, do
ensinamento ordinário da Igreja.
Portugal, segundo Nuno Álvares Pereira, ou melhor,
São Nuno de Santa Maria, e D. João IV isso mesmo o demonstram, não só como
resultado da sua própria fé mas como expressão de um povo deveras agradecido
pela sua Independência e Liberdade.
A Conceição Imaculada da Virgem é um dogma de fé
segundo o qual Maria é considerada a primeira redimida pela Páscoa de Cristo.
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O P. Francisco Couto é Reitor do Santuário de
Vila Viçosa e professor do Instituto Superior de Teologia de Évora.
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