Gonçalo Portocarrero de Almada
Do alto da coluna que lhe serve de pedestal, temo
que Afonso de Albuquerque esteja preocupado. Não pelo calor estival, que o não
incomoda, nem pelo seu vizinho, o inquilino oficial do palácio de Belém, a quem
dá as costas, não por desrespeito com o dito, mas para poder estar de frente
para o Cristo-Rei que, da outra margem do Tejo, saúda e benze a capital. Outra
é a eventual preocupação do «terríbil»: a sua sobrevivência está em causa com a
retirada, da Praça do Império, dos símbolos heráldicos dos mundos que Portugal
deu ao mundo.
A supressão dos brasões das antigas possessões
ultramarinas, mais do que a razões económicas, obedece a motivações políticas.
Entendem alguns que estão fora de moda. Mas não o estão menos o mosteiro dos
Jerónimos, a torre de Belém ou o padrão dos Descobrimentos. Pela mesma razão, o
próprio Afonso de Albuquerque, tão politicamente incorrecto, deveria ser apeado
e saneado, à moda do PREC.
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Uma parelha de vândalos. |
Poucos são os países europeus que têm uma história tão antiga como a portuguesa, ou que se podem orgulhar de uma gesta comparável aos nossos descobrimentos. Contudo, há quem, em Portugal, esteja empenhado em destruir o que resta dessa gloriosa memória, esquecendo que esses marcos históricos definem, com a nossa língua e o restante património artístico nacional, a nossa identidade como nação.
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