João José Brandão Ferreira, Oficial Piloto Aviador, 3 de Setembro de 2017
«Dai-nos Senhor, o que Vos sobra, aquilo que ninguém quer, nem sequer
Vos pedem mas dai-nos, ao mesmo tempo, o valor, a vontade, a força e a fé que
temperam a alma do soldado na grandeza da sua servidão»
Trecho retirado da «prece»
do militar das Operações Especiais
O Exército – que há
muitos anos está nas lonas – encontra-se agora à deriva desde o assunto mal
resolvido da escolha do novo CEME (uma espécie de pecado original); do
incidente nos Comandos – não tanto pela morte dos dois recrutas, mas mais pelo
processo que se lhe seguiu; dos anteriores eventos no Colégio Militar, a que se
deve ainda juntar a ultrapassagem na promoção do Major General Moura – assunto
ainda não resolvido – as cabeçadas com a GNR, o seu Comandante e a MAI, mais a
saída do anterior Presidente da Protecção Civil e a nomeação do actual – tudo
peças do mais fino recorte! – para culminar no incrível «roubo» (?) dos paióis
de Tancos e toda a sucessão de eventos que se lhe seguiram, dignos da mais
apurada série do «Tom and Jerry»!.
Agora até é acusado (o Exército!)
– vice-presidente da Câmara «dixit» – de ser o culpado da má comida servida aos
bombeiros nos fogos de Oleiros (ao menos podiam ter enviado as rações de
combate importadas de… Espanha).
Já é azar!
Falámos atrás do pecado
original (enfim, tem havido tantos...), que situamos na substituição do
anterior CEME general Jerónimo, que se demitiu, e que melhor teria servido a
Nação se tivesse agarrado os colarinhos do ministro e, com ele a um palmo do
solo, ter-lhe dito umas quantas à boa maneira paraquedista…
Ora após a sua saída,
consta (repito, consta – quem pode e quiser que o confirme) que os restantes
generais combinaram que ninguém iria aceitar o lugar – uma atitude que há muito
devia ter já sido tomada – estou a lembrar-me, até, do tempo em que o general
Loureiro dos Santos houve por bem abandonar a mesma função…
Ora à última hora (por
um processo alquímico que também se conhece mas que não vou expôr) o actual comandante
do Exército, terá roído a corda, acabando por ser nomeado.
Tudo isto deu origem a
um mal-estar terrível e a um ambiente de cortar à faca na cúpula da hoste que é
suposto defender o País quando este estiver em perigo.
E, de facto, o País tem
sobre ele vulnerabilidades e ameaças grandes que os políticos escamoteiam (ou
nem se apercebem) e a população nem suspeita. E a perspectiva é a de piorar não
de melhorar…
O mal-estar continua e o
Exército está há meses com um vice-chefe à espera de arrumar as botas, o que
acontecerá por dias, e sem comandante Operacional e comandante de Pessoal, há
meses.
Tudo somado representa a
situação mais vergonhosa por que passa o Exército, desde a lamentável história
do «batalhão» em cuecas, em Nova Lisboa e a ocupação indecorosa de Omar, no Norte
de Moçambique, nos idos de 1974/5, a que não fica atrás a cerimónia de juramento
de bandeira do Ralis, de punho fechado, com a presença do então CEME, um tal de
Fabião, de triste memória!
Enfim estes últimos
eventos ainda têm a «desculpa» (?!) de se terem passado no tempo da javardice
do PREC e do episódio mais vergonhoso de toda a História de Portugal que ficou
conhecido como descolonização…
Olha-se para tudo isto
com a maior irresponsabilidade e insensatez, fruto da vereda estreita, pedregosa
e mal cheirosa, que leva ao precipício, em que este Regime da III República nos
conduziu e colocou.
A qual, para além dos
defeitos e erros políticos, ideológicos e conceptuais que a enformam, nem
sequer tem o menor cuidado com as pessoas que escolhe para a «servir» e
continuar.
Parafraseando o Almada,
Abaixo isto.
PIM!
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