BLOGUE DA ALA DOS ANTIGOS COMBATENTES DA MILÍCIA DE SÃO MIGUEL
domingo, 30 de novembro de 2014
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Acreditem no Vasco Lourenço.
Por vezes fala verdade. (I)
L. Lemos
Entre os mamões do regime que já vieram a terreiro defender aquela peça que é o Sócrates, destaca-se o arqui-abrilista Vasco Lourenço. E este, tal como o «politólogo» canhoto André Freire, até aproveitou a ocasião para, tentando desacreditar os magistrados justos, lavar os pedófilos da Casa Pia.
Com aquele seu estilo muito intelectual, inteligente e bem educado que o caracteriza, costuma ele dizer que não foi para «isto» que fez o 25 de Abril.
O que será «isto»?
«Isto» é a corrupta III República, recheada de políticos corruptos, organizados em bandos de interesses diversos, incluindo a maçonaria, à qual, na pior versão, o Lourenço pertence. Mas, apesar da lamentável situação a que os abrilistas conduziram Portugal, ainda há pessoas sérias no sistema, nomeadamente entre a também afectada magistratura.
Pois bem, pelas referidas declarações do Lourenço, conclui-se que o que ele pretendia com o 25 de Abril era que a bandalheira fosse total. O que ele pretendia era que a justiça fosse totalmente inexistente e os corruptos e pedófilos ficassem impunes. Tudo em nome da «liberdade»...
Acreditem mesmo! Não foi para uma III República com algumas pessoas decentes na magistratura que o Lourenço fez o 25 de Abril! Se o seu Conselho da Revolução ainda existisse, essas pessoas eram imediatamente «saneadas»!
Colecção de vídeos sobre os casos Sócrates
(Assim podes doutorar-te em socratismo)
https://www.youtube.com/watch?
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quarta-feira, 26 de novembro de 2014
Líder dos invertidos que angariava fundos
para as campanhas de Obama
é preso nos EUA acusado de abusos sexuais
O pederasta
Terrence «Terry» Patrick Bean, conhecido líder do grupo LGTB (lésbicas, gays,
transexuais, bissexuais) e um dos principais financiadores de Barack Obama, foi
preso na manhã de 19 de Novembro, acusado de ter violado um menor de 15 anos.
Bean, de 66 anos, fundou, entre outros importantes grupos
de pressão para promover a agenda gay, a Human Rights Campaign e o Gay and
Lesbian Victory Fund. Ele financiou, além de Barack Obama, outros políticos do
Partido Democrata dos Estados Unidos, como o ex-presidente Bill Clinton,
Hillary Clinton e Al Gore.
A Polícia de Portland (Estados Unidos) assinalou que os
detectives da Unidade de Crimes Sexuais prendeu Bean em sua casa, depois de
acusado por actos relacionados com um homem jovem.
Bean, indicou a polícia, será processado por sodomia em
terceiro grau (duas acusações) e estupro em terceiro grau.
Em 20 de Novembro, a polícia prendeu também Kiah Loy
Lawson, de 25 anos, ex-companheiro de Bean, acusado de sodomia em terceiro grau
e de estupro em terceiro grau.
De acordo com as leis do estado de Oregon, uma pessoa
comete o crime de sodomia em terceiro grau se tiver relações sexuais desviadas
com outra pessoa menor de 16 anos de idade.
Estupro em terceiro grau, assinalam as leis do Estado,
implica que a vítima não dá consentimento ao contacto sexual ou que a vítima é
incapaz de consentir por razão de ter menos de 18 anos de idade.
A conta do Flickr do líder dos invertidos mostra-o
falando com Obama em muitos eventos, posando com a primeira dama Michelle Obama
e outras numerosas figuras políticas do Partido Democrata, incluindo o
ex-presidente Bill Clinton.
Agora, a conta no Flickr de Terrence Bean aparece sem
fotos...
No jornal norte-americano USA Today, o analista
Brett Decker criticou o silêncio da imprensa sobre o caso de Bean e assinalou
que se um dos financiadores de Bush tivesse sido acusado de violar um menino, a
imprensa teria sido incontrolável: o que seria legítimo dado a severidade da
acusação.
«O silêncio que rodeia o caso de Terrence Bean mostra em
detalhe obsceno o duplo padrão partidário da imprensa nacional», assinalou.
Decker destacou que Bean não é um simples velho acusado
de ter sexo com um menor de 15 anos mas que ele é um doador de muito dinheiro
para o Partido Democrata e um activista político liberal com conexões dentro da
Casa Branca de Obama.
Bean tinha conseguido mais de meio milhão de dólares para
a campanha de reeleição de Obama em 2012. Obama
agradece — vejam os (links).
Artigos relacionados:
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Um católico como deve ser
Heduíno Gomes
Em contraste com os católicos de salão, leigos ou
padres (alguns até graduados...), sempre na televisão a bater com a mão no
peito mas a esquecer os valores do cristianismo, temos católicos
coerentes e discretos, que apenas aparecem na ribalta por força das
circunstâncias (como também temos pessoas coerentes e discretas que
não são católicas). É o caso do magistrado católico Carlos
Alexandre.
Reproduzimos aqui um interessante artigo sobre a
acção do magistrado Carlos Alexandre.
Carlos Alexandre: o juiz que enfrenta o sistema
INÊS DAVID BASTOS, Diário Económico 2 Ago 2014
Temido por muitos, admirado por tantos, o juiz do
«ticão», que tem os principais processos de corrupção não cede a pressões.
Não gosta das «forças ocultas» e vê o combate ao
crime como uma missão. Recebe ameaças mas insiste nas buscas a poderosos.
O seu refúgio é Mação, a terra que o viu nascer há
52 anos.
Há quem pense que o juiz «não tem medo», há quem
diga que o controla.
Quando na passada quinta-feira, pouco depois das
9h00, os noticiários começaram a avançar que Ricardo Salgado, ex-presidente do
BES, estava a ser detido, as conversas nos cafés e nas ruas de Mação voltaram a
focar-se em Carlos Alexandre.
O filho da terra que tinha partido há 35 anos para
Lisboa em busca de um papel central na luta contra o crime ia interrogar o
todo-poderoso da banca portuguesa e os seus conterrâneos voltaram a gabar-lhe a
coragem.
Vasco Estrela é há dez meses presidente da Câmara
de Mação, vila ribatejana que viu nascer a 24 de Março de 1962 Carlos Manuel
Lopes Alexandre, filho mais novo de José Alexandre, carteiro de profissão, e de
Narcisa, reformada da indústria de lanifícios.
O autarca não pertence à geração do juiz que fez
buscas a Isaltino Morais e que levou Armado Vara a julgamento mas conhece-o
bem. Até porque «toda a gente em Mação se conhece», diz ao Diário Económico, e
o juiz nunca deixou de visitar a sua terra-natal aos fins de semana. É aí,
aliás, que consegue descomprimir das complexas investigações aos crimes de
colarinho branco que acompanha e desligar-se das pressões que, aqui e ali, vai
sofrendo.
Mas quem é Carlos Alexandre? Para uns, é quase um
«justiceiro», um Baltazar Garzon português.
É assim que é visto pela maioria dos seus
conterrâneos, por amigos e por aqueles que com ele trabalham. Para outros, é um
juiz com sede de protagonismo e intuitos persecutórios.
Uma crítica que usualmente é feita nos jornais mas
sempre atribuída a fonte não identificada. Poucos arriscam dar a cara para
criticar o juiz que nos últimos anos tem abanado o poder e o sistema e as
declarações em «on» que existem são normalmente de amigos e aliados, que lhe
elogiam a obstinação e reforçam essa imagem de «justiceiro». Tanto é amado,
como odiado. Mas todos lhe têm respeito, nem que seja por temerem os segredos
que possa conhecer depois de ouvir milhares e milhares de escutas que são
feitas a individualidades portuguesas.
Juiz titular do Tribunal Central de Instrução
Criminal, conhecido na gíria judiciária por «ticão», Carlos Alexandre teve e
tem em mãos há oito anos os processos mais complexos e mediáticos no combate ao
branqueamento de capitais, tráfico de influências, fuga ao fisco e associação
criminosa.
Quem já não ouviu falar do caso Portucale, do BPN,
da Operação Furacão, do Apito Dourado, do Face Oculta ou do Monte Branco? Tudo
nomes de mega-investigações da PJ e do Ministério Público que passaram pela
secretária do chamado «super-juiz». Todos processos que envolvem parte da elite
política, empresarial e financeira nacional.
Sobre a sua vida privada e métodos de actuação
pouco se sabe.
Carlos Alexandre não se expõe.
Estudou pela telescola, cursou Direito na Faculdade
de Lisboa e começou desde logo a lutar por um lugar no «ticão», onde entrou
como auxiliar em 2004. Dois anos depois era titular. Percebe-se que é firme na
forma como actua. Diz quem o conhece que imprime um «cunho pessoal» ao que faz,
que gosta de «participar em tudo», que tem preferência por fazer inquirições e
despachos de pronúncia e faz questão de fazer buscas de surpresa, pela manhã.
Foi o que fez a Isaltino Morais, que lhe abriu a
porta de casa ainda de roupão.
Este «voluntarismo» é o que mais irrita os
suspeitos, os advogados e até muitos colegas magistrados. Na anterior direcção
do sindicato, muitos não apreciavam os seus métodos.
Um juiz discreto que enfrenta as ameaças Carlos
Alexandre não dá entrevistas, raramente fala à comunicação social e evita
participar em seminários.
Mantendo esta linha não respondeu às questões do
Diário Económico. As poucas vezes que falou foi para se insurgir contra o que
pensava serem interferências no seu trabalho e para deixar o aviso de que não
cede a pressões. Foi o que aconteceu em Fevereiro de 2011, quando o Governo de
Sócrates lhe baixou o «plafond» do telemóvel para 15 euros e o juiz retaliou,
entregando o aparelho ao tribunal. Ou quando – estava a pronúncia no Face
Oculta prestes a sair – o PS veio dizer que ele não estava a conseguir dar
conta de todos os processos e era preciso indicar um segundo juiz para o
«ticão».
O magistrado não gostou, fez saber através de gente
próxima que as estatísticas eram falsas e insinuou, numa carta dirigida ao
Conselho Superior da Magistratura, que a intenção do governo podia «ter outros
fundamentos». Afastá-lo, leia-se.
Mais tarde diria à revista Ânimo que, com ele, «a
verdade fala sempre mais alto», como quem diz: não vale a pena ameaçarem. E as
ameaças existiram, algumas veladas.
Ainda hoje, Carlos Alexandre se lembra do dia em
que a sua casa em Linda-a-Velha, Oeiras, foi assaltada e deixaram um revólver
desactivado em cima da foto de um dos filhos (tem dois).
Ainda hoje se comenta em Mação o estranho
atropelamento de que foi vítima a sua mulher, Floribela, natural do Alandroal.
São recentes as ameaças veladas que recebeu de Angola
– fotocópias de notícias publicadas no jornal do regime que chegaram ao seu
correio – por causa da investigação a Álvaro Sobrinho, ex-presidente do BES
Angola.
Os amigos perguntam-lhe como consegue.
Responde que não pode ter medo, que a lei e a justiça
estão acima.
«Não sei se tem receio ou não mas o que o move é o
cumprimento da lei e se os dados entregues justificam uma busca ele avança»,
diz ao Diário Económico um procurador que trabalhou com o «super-juiz».
Um magistrado judicial que o conhece dos tempos de
estágio, em Cascais, acredita mesmo que Carlos Alexandre «não tem medo» e actua
como actua, afrontando poderosos, porque «tem um sentido de justiça arreigado»
e uma aversão profunda «às forças ocultas».
Pronuncia mesmo perante «dúvida razoável».
Não gosta do sistema instalado, assumiu a luta
contra a corrupção como missão e vive a insatisfação de saber que há muito
crime que não é investigado, diz quem com ele priva.
O magistrado que defende o fim dos paraísos fiscais
tem tendência para levar arguidos a julgamento mesmo que a investigação mostre
apenas «dúvida razoável».
Mas a lei permite que o faça.
Acaba por ver arguidos serem absolvidos em
julgamento e essa é uma crítica que os inimigos lhe fazem. O juiz responde com
rigor no trabalho.
Sabe que é escrutinado à lupa e não deixa pontas
soltas nos despachos, nem erros processuais.
Não tem queixas, nem processos disciplinares no
CSM, apenas uma lista numerosa de pedidos de escusa de juiz.
Os advogados tentam afastá-lo. Temem-no.
Para reforçar a sua confiança pediu uma inspecção.
Teve «Muito Bom».
É nesta tensão, neste limbo, que vive o
«super-juiz».
Um fio da navalha que não o travou na hora de
pronunciar ex-ministros do PSD, de investigar quadros do PS e da vida
empresarial no Face Oculta e de aparecer de surpresa no BPN com Rosário
Teixeira, o procurador com quem faz equipa em muitas operações.
Sabe que tem muitos inimigos.
Em 2006, quando comprou casa em Linda-a-Velha e
quis fazer remodelações, a Câmara de Oeiras, então liderada por Isaltino,
embargou a obra e encharcou o juiz – já a mexer na investigação ao autarca por
fuga ao fisco – de burocracia.
No fim, conseguiu resolver a situação mas não se
livrou de multas.
É entre amigos de longa data que o «super-juiz»
tenta fugir à pressão diária. Muitos destes amigos nasceram em Mação. E
voltamos à terra.
Não se pode falar de Carlos Alexandre sem falar de
Mação.
É aqui que despe a capa do «super-juiz» e tenta ser
um normal cidadão. Se é que isso é possível. Sim ou não, Carlos Alexandre
tenta. Na terra, dispensa a segurança pessoal que se viu obrigado a ter quando
começou a receber ameaças.
Passeia pelas ruas e participa em actividades.
Gosta de ler mas os processos complexos tiram-lhe
tempo, gosta de estar em família, aprecia tradições e um bom convívio com
amigos.
Mas de trabalho só fala mesmo (e pouco) com os
amigos de profunda confiança. «Em Mação, veste outra pele, até costuma assumir
o sotaque maçanico», conta o deputado Duarte Marques, seu conterrâneo.
domingo, 23 de novembro de 2014
Angola:
É tudo por competência!
![]() |
cleptomaniacamente |
1. Ministro
das Finanças: Carlos Lopes, marido da irmã da primeira-dama, Ana Paula dos
Santos.
2. Ministro do Ensino Superior, Adão Do Nascimento, sobrinho do presidente, José Eduardo dos Santos.
3. Vice-presidente da Republica, Manuel Vicente, enteado da falecida irmã do presidente, José Eduardo dos Santos.
4. Secretário de Estado para Habitação, Joaquim Silvestre, irmão da primeira-dama, Ana Paula dos Santos.
5. Secretária do Presidente para Assuntos Particulares, Avelina dos Santos, sobrinha do Presidente, José Eduardo dos Santos, filha do seu irmão Avelino dos Santos.
6. Administrador do Fundo Soberano, Zenu dos Santos, filho do Presidente, José Eduardo dos Santos.
7. Secretário-Geral da casa militar, Catarino dos Santos, sobrinho de José Eduardo dos Santos, filho do seu irmão Avelino dos Santos.
8. PCA da EPAL, Leonildo Ceita, primo da primeira-dama.
9. PCA da ENANA, Manuel Ceita, primo da primeira-dama Ana Paula dos Santos.
10. PCA do Banco de Comércio e Indústria (BCI), Filomeno Ceita primo da primeira-dama.
11. Director do Instituto Nacional de Estatística, Camilo Ceita, primo da primeira- dama, Ana Paula dos Santos.
12. PCA da MECANAGRO, da GESTERRA e presidente da Federação Angolana de Hóquei em Patins, Carlos Alberto Jaime Calabeto, sobrinho e primo do presidente, José Eduardo dos Santos.
13. Governador do BNA, José Massano, amigo pessoal e ex-colega de Isabel Dos Santos, filha do presidente, José Eduardo dos Santos.
14. Vice-governador do BNA, Ricardo de Abreu, compadre e amigo pessoal de Isabel dos Santos, filha do presidente, José Eduardo dos Santos.
15. Ministra de Comércio, Rosa Pacavira, sobrinha da esposa de Avelino dos Santos, irmão do presidente, José Eduardo dos Santos.
16. Administrador da TAAG, Luís dos Santos, irmão do presidente, José Eduardo dos Santos.
17. PCA da ANIP, Maria Emília Abrantes Milucha, mãe da Tchize e Zé Dú dos Santos (Korean Dú), filhos do presidente, José Eduardo dos Santos.
18. TPA 2, empresa de comunicações entregue a Tchize e Corean Dú, filhos de José Eduardo dos Santos.
19 PCA da Sonangol, José Francisco de Lemos, primo da primeira-dama, Ana Paula dos Santos.
Chééé.......mininoooooo........!!!, isso é muiiiiita confusão nus cabéça di vélho ..
sábado, 22 de novembro de 2014
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
sábado, 15 de novembro de 2014
Cordão Humano pela defesa do Instituto de Odivelas
Ex.mo S.r Presidente da Republica, S.r D.r Aníbal Cavaco Silva,
Ex.mo S.r Primeiro Ministro, D.r Pedro Passos Coelho,
Ex.mas S.ras e S.res Deputados,
Ex.mas Amigas e Amigos do Instituto de Odivelas,
Ex.mas Meninas de Odivelas,
Vai realizar-se o Cordão Humano pela defesa da manutenção do Instituto de Odivelas.
O Cordão Humano terá terá início no Largo D. Dinis, no próximo dia 15 de Novembro a partir das 15.00h.
O Instituto de Odivelas, fundado em 1900, faz parte integrante da história, da cultura e da identidade da Cidade de Odivelas, proporcionando uma educação de excelência e contribuindo, ainda, para a coesão social e desenvolvimento económico local.
O Instituto de Odivelas, enquanto estabelecimento de ensino público, adquiriu uma dimensão e reconhecimento a nível nacional pela excelência do ensino e da formação que tem prestado ao longo dos seus 114 anos de vida.
Evitar a extinção do Instituto de Odivelas é mais do que uma questão local, é uma causa nacional, pelo que, apelamos à participação de todos.
Faça parte do Cordão Humano.
Junte-se a esta causa.
Um acto de cidadania.
Cumprimentos.
Maria Teresa Magalhães
https://www.facebook.com/events/865042763520552/?ref=22&source=1
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
O dependentismo
Helena Matos
O legislador, na senda iluminista de levar ao povo
a revolução que não escolheu, criou o dependentismo, com programa em 3 pontos:
Para mim, deveres poucos ou nenhuns. Direitos todos. Amanhã logo se vê.
Nem liberalismo, nem socialismo. A ideologia mais
popular na Europa actualmente é o dependentismo. O que é o dependentismo?
Antes de explicar o que é o dependentismo
deixem-me que lhes conte a história de Sandra. Ou de Sabrina. Ou de Sofia.
Nomes falsos por que a história verdadeira de uma jovem espanhola chegou
recentemente aos jornais: de cima dos seus quase trinta aninhos, a nossa jovem
acabou de conseguir que um tribunal obrigue o seu pai a pagar-lhe uma bem
simpática mesada durante mais dois anos. Com a possibilidade de esse período
ser alargado caso a dita jovem não consiga terminar até lá a licenciatura em
psicologia que iniciou há largo tempo. A nossa jovem, ou melhor dizendo a nossa
adulta que se recusa a deixar de ter vida de adolescente, é saudável, nasceu na
classe média e nada a não ser a sua vontade ou falta dela a impediu de terminar
o curso em seu devido tempo. Mas o tribunal que julgou a sua acção contra
o pai considera que hoje em dia é penosa a integração dos jovens no mercado de
trabalho.
Qual Podemos de Pablo Iglesias ou Frente Nacional
de Marine Le Pen, o nosso verdadeiro terramoto político está nas mãos destes
cidadãos nascidos nos anos 80 e 90 do século passado. Ao contrário das gerações
anteriores que queriam ser independentes, estes jovens que há alguns anos
seriam adultos lutam para ser materialmente dependentes. Por agora exigem aos
pais que os sustentem. Amanhã exigirão a mesada a quem? Não são doentes e a
avaliar pelas mesadas que reivindicam em tribunal não provêm de meios pobres.
São oficialmente estudantes embora da maior parte não se possa dizer que estuda
de forma regular. Alegam que não conseguem encontrar trabalho compatível com as
habilitações de que se acham munidos e enquanto não cair do céu o lugar para
que se acham dotados consideram que os pais têm de os sustentar nessa condição
de estudantes mesmo que ocasionais.
A isto junta-se que a lei é omissa no que respeita
ao limite de idade para se viver de uma mesada paterna pelo que não é de
estranhar que dentro de alguns anos tenhamos quarentões neste grupo de
indignados.
Quase sem darmos por isso, o legislador imaginou-se
«grande educador» e instalou-se na relação que pais e filhos mantêm. E agora os
tribunais sentem-se competentes para dizer a um pai que tem de sustentar um
filho que é maior para tudo menos para trabalhar. Criámos leis e direitos
contraditórios entre si e sem qualquer adesão à realidade: os mesmos pais a
quem os tribunais, sobretudo em Espanha, criam a responsabilidade de continuar
a sustentar filhos de 30 anos, apesar de estes serem saudáveis, são os mesmos
pais a quem esses filhos já não ajudaram nas mais prosaicas tarefas domésticas
porque havia o risco de tal ser considerado trabalho infantil.
A desautorização das famílias criou monstros legais
como a britânica Cinderella Law que visa criminalizar a falta de manifestações
de afecto dos pais para com os filhos, o que permite todo o tipo de arbítrios e
subjectividades. Ou as chamadas «leis da palmada» que, visando combater os maus
tratos às crianças, optam não por prevenir esses maus tratos, nomeadamente
através de um acompanhamento mais eficaz das crianças que se suspeita poderem
ser vítimas deles, mas sim por transformar a mais simples repreensão num caso
de polícia.
Toda esta parafernália legislativa dos últimos
anos, em que o Estado se assume como um bom educador por oposição às famílias,
sempre vistas como ignorantes, não protegeu mais as crianças que precisavam de
ser protegidas daqueles pais que excepcionalmente as maltratam. Mas acabou
claramente a desautorizar a generalidade dos pais, ou seja, aqueles que se
esforçam por tratar o melhor possível os seus filhos.
Há algo de disfuncional na relação que se criou com
esta geração que em vários países europeus vai ao médico pediatra até aos 18
anos, mas que pode abortar a partir dos 16 sem que os seus pais sejam sequer
informados. Mas se isto é válido para a perspectiva dos pais, ou se quisermos
das gerações mais velhas, do ponto de vista dos filhos o resultado é bem mais
complexo: criados numa concepção de direito a isto e àquilo, foram imbuídos de
que o simples acto de nascer os revestia de vários direitos materiais.
Quanto a deveres, a simples enunciação desta
palavra podia causar-lhes traumas vários. Enfim, desde que não se drogassem e
fossem cumprindo as etapas da vida escolar já reuniam os requisitos básicos
para serem considerados exemplares. Agora muitos já nem esse mínimo se sentem
obrigados a cumprir e, quando se esperaria que, pelo menos uma vez adultos,
trabalhassem, antes pelo contrário seguem para tribunal reivindicando que os
pais os continuem a sustentar. E o legislador, sempre na senda iluminista de
levar por força de lei o povo a viver a revolução que não escolheu, vai
avalizando os argumentos do dependentismo.
O dependentismo, ou seja a convicção de que os
nossos direitos materiais têm de ser garantidos independentemente da
possibilidade de serem custeados ou de representarem um abuso sobre aqueles que
têm de os custear, é hoje a ideologia mais popular na Europa.
Visto assim sob a perspectiva de uns meninos quase
trintões que querem continuar no seu viver de estudante – se fosse agora, as
tias do Vasquinho acabavam condenadas em tribunal e ele nunca dissertaria sobre
o mastoideu no exame de Anatomia – é fácil caricaturizar o dependentismo. Mas
pensemos na recente greve dos pilotos da Air France, na resistência às reformas
empreendidas pelos governos italiano e belga, na língua de pau do Tribunal
Constitucional em Portugal e confrontamo-nos com versões institucionais do
dependentismo, essa ideologia cujo programa se resume a três pontos: «Para mim,
deveres poucos ou nenhuns. Direitos todos. Amanhã logo se vê.»
Parece uma coisa de crianças e em parte é. Afinal o
dependentismo infantilizou os europeus. Estes, sempre tão disponíveis para se
deixarem enlevar por tudo aquilo que lhe parecesse uma vaga alternativa às suas
democracias, não ficaram mais realistas após a queda do Muro de Berlim. Antes
pelo contrário, os vendedores de utopias que por aí andam agora nem têm de se
confrontar com o falhanço dos modelos alternativos.Valha a verdade eles também
não defendem propriamente modelos alternativos de sociedade ou quando os
defendem escondem-nos o suficiente porque sabem que ninguém quereria viver em
tal inferno.
terça-feira, 11 de novembro de 2014
80% dos catalães quer a independência
Hino da Catalunha
Els Segadors — Hino de Catalunha
http://www.youtube.com/watch?v=ZgoRyTjSW7o&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=7ELn_OmyEvE&feature=related
Catalunya, triomfant,
tornarà a ser rica i plena!
Endarrera aquesta gent
tan ufana i tan superba!
Bon cop de falç!
Bon cop de falç, defensors de
la terra!
Bon cop de falç!
Ara és hora, segadors!
Ara és hora d'estar alerta!
Per quan
vingui un altre juny
esmolem ben bé les
eines!
Bon cop de falç!
Bon cop de falç, defensors de
la terra!
Bon cop de falç!
Que tremoli l'enemic
en veient la nostra ensenya:
com fem caure espigues d'or,
quan convé seguem cadenes!
Bon cop de falç!
Bon cop de falç, defensors de
la terra!
Bon cop de falç!
(Tradução)
Catalunha, triunfante,
tornará a ser rica e plena!
Por detrás desta gente
tão ufana e tão soberba!
Bom golpe de foice!
Bom golpe de foice,
defensores da terra!
Bom golpe de foice!
Agora é hora, segadores!
Agora é hora de estar alerta!
Para quando chegar o outro
Junho
amolem bem as ferramentas!
Que trema o inimigo
mostraremos a nossa bandeira:
como fazemos cair as espigas
de ouro,
quando convém ceifamos correntes!segunda-feira, 3 de novembro de 2014
«Disse à minha mulher:
não te preocupes que qualquer dia eu volto»
Morreu o comandante Alpoim Calvão. Soube da
sua morte através do António Lobato, o piloto que passou mais de sete anos
preso na Guiné Conakry e que foi libertado na Operação Mar Verde. Facto que,
durante anos, não pôde contar a ninguém. Parece-me uma boa altura para recordar
a história do António Lobato, o primeiro piloto português a despenhar-se na
Guiné, e a sua aventura até à libertação. O testemunho dele faz parte do
livro Dias de Coragem
e Amizade. A
fotografia é do Rafael G. Antunes.
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«Disse à minha mulher: não te preocupes que qualquer dia eu volto» |
Meia hora depois de chegarmos lá apareceu
um rapaz, radiotelegrafista, que só lá estava porque de vez em quando passavam
por ali os P2V5 que saiam do Sal. Ele sabia que íamos chegar e foi buscar-nos
num jipe. Apresentou-se e levou-nos para Bissau. Só havia um hotel na cidade –
que estava cheio, tal como todas das pensões porque o pessoal tinha saído todo
do mato e queria ir embora. Acabámos por dormir num colchão no chão do quarto
dele. No outro dia corremos a cidade à procura de outro sítio e não conseguimos
nada.
À hora de almoço
sentámo-nos no café Portugal a beber uma cerveja. Foi a primeira vez que vi uma
de litro e meio. Estávamos a conversar quando um senhor que estava na mesa do
lado nos interrompeu e perguntou se éramos da Força Aérea. «Ouvi a vossa
conversa, estão aflitos? Quando acabarem de beber têm disponibilidade para vir
comigo?» Dissemos que sim, e seguimo-lo em direcção a uma vivenda ao cimo da
avenida principal, onde ele nos explicou: «Sou reitor do liceu, mas vou-me embora
para a semana. Já mandei a família para Portugal.» Deu-nos uma chave a cada um
e foi assim que arranjámos alojamento. Ficámos ali uns dois ou três meses.
Depois fomos apresentar-nos ao palácio do
governo. Como todas as semanas havia um avião para transportar as pessoas que
queriam vir embora e não havia controlo ele pediu-nos para tomar conta dos
embarques. E assim foi. Havia quem nos oferecesse dinheiro para passar à frente
das listas. Recusávamos sempre e no final dos embarques íamos levar um saco cheio
de notas ao palácio. Aquilo funcionou assim.
Passados três ou quatro meses lá apareceram
dois aviões empacotados no porto de Bissau. Como, entretanto, tinham chegado
dois mecânicos, combinámos ir buscar um para o montar só com as ferramentas que
eles tinham na mala. No final, faltava uma chave grande para colocar a hélice.
Fomos às oficinas navais e o mecânico fez-lhes o desenho do que precisava e
eles fizeram uma. Foi assim que começámos a voar para conhecer o território
porque as cartas que tínhamos não tinham cores. Fomos nós que as colorimos com
lápis.
Na época não tinha a noção
de que aquela seria uma guerra prolongada. Começou suavemente e foi aumentando.
A 22 de Maio de 1963 saí para uma operação na ilha de Como. Supostamente, nem
devia ter ido. Tinha chegado de Cabo Verde na tarde do dia anterior e entrei na
sala de operações quando estava a haver um briefing.
Como faltava um piloto, ofereci-me para ir no lugar dele. Estava a um mês de
acabar a minha comissão.
Ao chegar ao objectivo
senti qualquer coisa no avião. Devo ter sido atingido por uma bala. Disse ao
meu asa que ia sair dali e pedi-lhe que se pusesse debaixo de mim para ver se
havia algum dano na zona do trem de aterragem. Foi o que ele fez. Mas quando
temos outro avião por cima é preciso cuidado para não sermos sugados. Não sei
se foi por falta de experiência, distracção ou apenas por estar a olhar para
cima, mas, quando dei por isso, ele estava a passar-me à frente, encostado ao
motor. O avião começou a tremer e tive de o desligar. Ainda lhe dei dois ou
três gritos para que endireitasse o avião mas ele foi a pique e lá ficou.
Vi uma clareira e não me
ejectei. Achei que era capaz de lá meter o avião. Aquilo era um campo de arroz
e ao aterrar as saliências das metralhadoras e dos rockets encaixaram nos
sulcos e as duas asas saltaram como se fossem arrancadas à mão. A fuselagem deu
duas ou três cambalhotas e saí de lá ileso. Só tinha o relógio esmagado. Olhei
à volta e vi um grupo de indígenas a uns 50 metros a olhar para mim,
espantados. Fui direito a eles. Estavam todos de catanas na mão. Sabia que
Catió era numa determinada direcção e perguntei se algum me podia indicar o
caminho que, quando lá chegasse, até lhes pagava.
No topo da clareira havia
uma aldeia escondida. Caminhámos para lá, a conversar. Mas antes de chegarmos,
levei uma catanada que me abriu a cabeça ao meio. Sem dizerem mais nada caíram
todos em cima de mim. Arranjei forças não sei onde e consegui fugir para o
mato. Ainda estive uns 10 minutos escondido. Atei um lenço à cabeça para tirar
o sangue dos olhos e fiquei à espera. Houve um que apareceu. Ficámos a olhar um
para o outro. Eu peguei na minha faca de mato e levantei-a. Ele disse: «Dá a
faca». Nestas alturas há alguma coisa que nos diz como devemos decidir. Sei que
a virei e atirei-a. Ele deu um grito e lá veio a outra rapaziada toda. Saímos
do meio das lianas e voltaram a dar-me uma série de catanadas, uma delas nas
costas. Ainda estão marcadas. Depois levaram-me para aldeia. Pelo caminho
foram-me tirando a roupa, anéis, o fio que trazia ao pescoço. Estavam a
preparar-se para me linchar quando chegaram dois guerrilheiros. Foi a minha
sorte.
Mandaram-me sentar e
perguntaram-me o que se tinha passado. Depois disseram-me para descansar porque
íamos partir à noite. Antes quiseram saber se tinha fome. Depois mandaram os
aldeões subir a uma mangueira e eles começaram a atirá-las cá para baixo. Nunca
comi tantas mangas na vida. Foram dezenas. Tinha perdido imenso sangue. Logo
depois, adormeci. Só acordei à noite, quando me chamaram. Andámos a pé uma
semana até chegarmos à zona onde estava o Nino Vieira, que era o comandante da
zona sul. Ele disse-me que tinha tido sorte: a ordem do Amilcar Cabral para
fazer prisioneiros só tinha chegado há 15 dias. De qualquer forma tinha poder
para me fazer o que quisesse. Perguntou-me:
— Tens família?
— Tenho.
— Queres escrever-lhe
uma carta?
— Para quê? Isto nunca
mais lá chega.
— Como quiseres.
Depois tirou um bocado de
papel e uma caneta e deu-mas. A minha mulher tinha vindo para a Guiné em 1962 e
resolvi escrever umas oito linhas a dizer: «Não te preocupes que qualquer dia
eu volto.» E um mês depois ela recebeu-a. Por volta das 22h, um guerrilheiro
entrou-lhe em casa, em Bissau, cansadíssimo. Perguntou-lhe se tinha leite,
bebeu uns dois litros e entregou-lhe a carta.
Nessa altura já devia estar
na Guiné Conakry. Fui num barco que eles apanharam à Casa do Comércio, o
Bandim, para Vitória. Estava lá um curandeiro que decidiu tratar-me. Tirou-me o
lenço e lavou-me a cabeça com álcool ou qualquer coisa parecida porque isto
nunca mais sangrou. Nas costas ainda tinha um golpe aberto por uma catanada.
Disse-me: «Vamos coser isto». Deitou-me numa marquesa e deu-me uma garrafa de
vinho para custar menos. Bebi. Era bom, português. Ele lá me coseu com uma
agulha de coser sacos. Chega-se a um ponto na dor em que já não se sente nada,
passa-se para o outro lado. O certo é que aquilo resultou. Nem sequer infectou.
Levaram-me para Conakry,
onde chegámos a um domingo. Estava tudo fechado. Passei a noite numa cela imunda
do comissariado da polícia e só no dia seguinte foram buscar-me para responder
a umas perguntas. Queriam que fosse à Rádio Argel dizer que aquela era uma
guerra injusta e não sei que mais. Prometeram-me que ia para um país de Leste e
tudo. Disse que não. Identifiquei-me e pronto. Fiquei ali mais 15 dias até me
meterem num carro e arrancarmos para a prisão de Kindia, 150 km para o
interior, onde fiquei os seis anos seguintes.
Estava numa cela de três
metros por dois. Sozinho. Comecei logo a planear uma fuga. Anos depois, graças
a um guinês cheguei a ter três ferros da grade cortados. Ele era funcionário do
tesouro antes da independência e depois continuou nas mesmas funções. Só que em
vez de enviar o dinheiro para contas da Guiné em França, mandava para a dele.
Ele tinha estado no Brasil e falava português. Odiava aquela gente toda.
Através da mulher, que ia visitá-lo de 15 em 15 dias, ofereceu-se para enviar
notícias para cá. Conseguiu passar-me papel e lápis por baixo da porta e eu
escrevi. As cartas iam para uma irmã dele na Guiana Francesa e daí para
Portugal. Acabei por receber um livro que pedi à minha mulher, fiz um código
com base nele – uma página era uma letra – e continuei a mandar informações. A
mulher trouxe-me uma serra de cortar ferro e estive meses a cortar as barras, à
noite, até ser apanhado.
Aquilo tinha 400
prisioneiros de delito comum, que faziam trabalhos forçados todos os dias.
Nunca lá entrou um médico. Eu era o único branco. Ao fim de dois anos comecei a
ir ao recreio por uma hora, mas sozinho. Nunca me bateram, nem quando me
apanharam a tentar fugir. Insultaram-me e mais nada. Até quando as nossas
tropas entraram na Guiné Conakry foi lá um ministro que mandou abrir a porta,
mas só para me insultar. A certa altura chegou lá um soldado português que, ao
fim de um ano e meio e foi libertado através da Cruz Vermelha. Quando cá chegou
disse à minha mulher que eu nunca mais de lá saía porque dizia que, quando isso
acontecesse, os bombardeava. Não era nada, mas ele disse isso.
Depois chegaram mais dois,
que ficaram comigo um ano. Nos primeiros tempos não podíamos falar. Eles
estavam numa cela, eu na outra. Fazíamos sinais. Quando passaram a deixar-nos
ir juntos ao recreio começámos a planear uma fuga. Isto ao fim de seis anos.
Começámos a ver que havia certas rotinas. Os guardas deixavam a cela aberta
para um pátio e à noite havia um grupo que ao dar-nos o prato de arroz nem
olhavam lá para dentro. Um dia, não voltámos à cela. Entrámos para dentro de um
depósito de água e ficámos à espera da hora da prece – quando também começava a
anoitecer. Nessa altura saltámos dali para fora e andámos oito dias pelo mato a
alimentar-nos de tudo o que aparecia.
Uma noite, tivemos que
andar um bocado pela estrada porque não tínhamos outra hipótese. Meia dúzia de
quilómetros depois apareceram uns 10 tipos enormes, sem armas, todos vestidos
de branco, de saia até aos pés. Eram Fulas.
— Portuguesi?
— Não.
— Ahhh portuguesi.
Vamos embora.
— Não, não.
— Ahhh portuguesi,
está tudo bem.
Chegámos a uma aldeia e nem
se preocuparam connosco. Foram rezar e as mulheres encheram umas cabaças de
arroz e carne. Chamaram-nos para comer e nós lá fomos. Depois levaram-nos para
uma cidade onde havia polícia. O militar perguntou-nos: «Vocês fugiram, tudo
bem, é esse o dever de um prisioneiro. Não há problema. Mas vão ter de me dizer
como conseguiram.» Respondi-lhe que era «mezinha de branco». Até hoje não sabem
como escapámos.
Quando chegámos à prisão,
tinha o director na minha cela. Estava ali porque se eu não aparecesse ele
tomava o meu lugar. Era assim. Passados uns dias os homens do PAIGC levaram-nos
para Conakry, onde estavam mais de 20 prisioneiros nossos. Se não tivéssemos
tentado escapar se calhar não tínhamos ido para lá e acabávamos por não ser
libertados: a operação Mar Verde foi nesse ano.
A altas horas da noite
começámos a ouvir tiroteio que se afastava e aproximava. A dada altura caiu uma
bujarda em cima da prisão. Deitei-me encostado à parede até alguém abrir um
rombo na parede e gritar «Lobato». Era o tenente fuzileiro Cunha e Silva. O
instinto fica tão apurado que parece que vemos e adivinhamos tudo. Perguntou-me
pelos outros que estavam na outra ponta da prisão. Foram buscá-los e
continuámos direito aos barcos.
Quando cheguei a Portugal
só pude ver a família ao fim de oito dias. Fui levado para Caxias e fiquei
guardado por dois pides. Não se podia divulgar que tínhamos estado em
território da Guiné Conakry. Antes de ir à televisão tive de assinar um papel a
comprometer-me em dizer que tínhamos fugido. Os ministros foram ver a gravação
e depois de confirmarem que estava tudo bem é que me deixaram ver a minha
mulher. «Tinham passado mais de sete anos.»
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