BLOGUE DA ALA DOS ANTIGOS COMBATENTES DA MILÍCIA DE SÃO MIGUEL

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Para ti, que és um amante da língua portuguesa!

Sabe o que é tautologia? É o termo usado para definir um dos vícios, e erros, mais comuns de linguagem. Consiste na repetição de uma ideia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.O exemplo clássico é o famoso ' subir para cima ' ou o ' descer para baixo ' . Mas há outros, como pode ver na lista a seguir:


há anos atrás  --  professores catedráticos a falar assim!

elo de ligação

acabamento final

em duas metades iguais

sintomas indicativos

detalhes minuciosos

a razão é porque

anexo junto à carta

superávit positivo

todos foram unânimes

conviver junto

facto real

encarar de frente

multidão de pessoas

amanhecer o dia

retornar de novo

empréstimo temporário

surpresa inesperada

escolha opcional

abertura inaugural

continua a permanecer

comparecer em pessoa

demasiadamente excessivo

exceder em muito .

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O "Instituto Militar do Colégio de Odivelas", ou fazer história?

João J. Brandão Ferreira
Com o título “Fazer história” escreveu a Secretária de Estado da Defesa (SED), Dr.ª Berta Cabral (BC), um patético artigo no DN do pretérito dia 2. Parto do princípio que foi ela a autora.

Nele congratulava-se com o facto de, supostamente ter-se extinto a “última limitação de género da república portuguesa (em minúsculas, como no original), por se permitir que as raparigas possam frequentar o Colégio Militar (CM) (faltam ainda os conventos, seminários e colégios privados, mas não vamos hoje por aí).

Tal deriva da grosseira idiotice governamental que, através de um despacho do MDN, encerra o Instituto de Odivelas (IO)[1] – essa sim, uma realização histórica notável – fazendo passar as suas alunas para um internato/externato a constituir no CM, descaracterizando por completo esta outra, mais do que bicentenária instituição educacional e revolucionária (no sentido do Bem) para a época. E que se mantém actual!

Será que lhe irão chamar o nome que faz parte do título?

A ignorância e desfaçatez destes políticos, não tem fundo.

Que diz a senhora?

Começa por enumerar a primeira vez que uma mulher foi médica em Portugal e quando puderam exercer advocacia; algumas mudanças no código civil; as primeiras moças militares, para acabar mencionando a dama que pela primeiramente foi nomeada SED (ela), ocorrida há quatro meses.

Convenhamos que confunde coisas: a lenta evolução da sociedade no que diz respeito ao acesso a profissões e à cidadania plena das mulheres – o que acarreta, em simultâneo, vantagens, inconvenientes e consequências – com a obrigatoriedade do ensino misto no CM, que não é mais do que uma regressão civilizacional!

E qualificar a sua nomeação para SED como um facto histórico é de elementar mau gosto, a começar por ser “juiz em causa própria”.

Histórico porquê? O que o País ganha com isso? Era alguma causa importante? Bateu-se pelo lugar? Superou alguma oposição, questões legais, preconceitos, como arrostaram as protagonistas de alguns dos exemplos que referiu?

Ou foi simplesmente nomeada fruto de uma conveniência partidária, quiçá num processo de compensação por ter perdido as eleições nos Açores?

Antes de entrarmos na “regressão civilizacional” queremos lembrar à simpática SED que o facto de as mulheres terem tido acesso à profissão militar, sobretudo às especialidades directamente ligadas ao combate – o que além de escusado é algo anti - natura – não devia contribuir para qualquer entusiasmo da sua parte.

Então não se condenam as guerras e já não haverá homens suficientes a lutarem, que ainda se quer dar esse “privilégio” às mulheres?!

Refere as “extraordinárias enfermeiras paraquedistas, em 1961, que foram as primeiras a servir no Exército” (por acaso foi na Força Aérea – está a ver como serviu de pouco ter uma mulher como SED…).

Desconheço o seu grau de “feminista” (não confundir com “feminina”), mas presumo que não vai gostar do que vou dizer: é que no caso das “Marias” – como carinhosamente foram conhecidas – a sua principal razão de existência foi uma discriminação positiva (hoje chamar-lhe-iam sexista); isto porque fazia muito bem ao Moral de um ferido (e também aos que não estavam feridos) ter a seu lado o carinho e o jeito especial (maternal?) de uma mulher para o tratar. Era uma espécie de bálsamo.

Senão que diferença faria dos enfermeiros do género masculino?

E sabe porque correu tudo muito bem?

Porque era pontual e específico, foi tudo muito bem organizado e as enfermeiras foram formadas e mantidas no seio de uma das unidades mais capazes e disciplinadas que possuíamos.

Tudo ao contrário da precipitação, perfídia e mau instinto como toda a actual situação foi cozinhada!

Por acaso BC já terá ouvido falar de um “grandioso” projecto imobiliário/turístico, em estudo na Camara de Odivelas, faz tempo, em que as instalações do IO são parte?

Vamos então analisar porque a afirmação que faz de que “ as mulheres têm juridicamente os mesmos direitos do que os homens, mas não podiam, até agora, estudar no CM”, é uma regressão civilizacional.

A falácia descortina-se a léguas e começa por representar uma diminuição de opções. Qual será o problema de haver separação de sexos, mutila? Ou o que se quer mutilar é a própria Instituição Militar?

As raparigas (menores) não poderem frequentar o CM em nada lhes tolhia os direitos. São opções distintas. Além disso as moças têm mil e um locais onde podem ter ensino misto e outras (poucas) onde podem optar por ensino só feminino.

Mesmo a educação militar que há no CM, também já há muito, foi extensiva ao IO.

Falácia também, porque era recíproco, isto é, os rapazes também não podiam frequentar o IO!

Mas, com o encerramento do IO – o que Deus não permita – o problema põe-se ao contrário: os rapazes já não podem matricular-se naquele colégio. Ficam discriminados…

Já agora, porque não defende, outrossim, que as camaratas sejam mistas? Ou até, que haja vagas obrigatórias para transexuais, bi, ou qualquer outro género “hermafrodita”? Será por serem menores?

Mas nesse caso porque é que o mesmo critério não se aplica ao género feminino e masculino?

Poupe-nos BC, se há o direito de haver escolas mistas porque não pode haver o mesmo direito para outras, que o não sejam?

Pelos vistos e à falta de mais argumentos (a não ser a falácia das contas, já por outros desmontada) o MDN – com a aparente demissão e, ou, conivência silenciosa e lamentável, das chefias militares – reduz tudo a uma questão de género!

Que indigência mental é esta que visa acabar com um colégio – do qual não se conhece passivo de qualquer espécie – cuja existência só é ultrapassada por 15 países que, para além de Portugal, têm a sua fundação ou independência anteriores ao CM?[2]

Com que direito, em nome de uma suposta modernidade, modas passageiras ou de igualdades espúrias [3], se quer destruir o património material, moral e espiritual da Nação Portuguesa, com um simples despacho, baseado em estudos de opereta?

Já repararam que estes políticos além de serem incapazes de resolver um, que seja, dos graves problemas que afectam o nosso país, ainda passam a vida a inventar problemas onde não os há?

Fazer História?

Doutora Berta Cabral faça um favor a si mesma: vá para casa, reflita um pouco e dedique-se a algo para que tenha jeito.



[1] Escola de excelência, de características únicas, fundada em 1900.

[2] Um na América, os EUA; quatro na Ásia, Japão, Irão, Nepal, e Tailândia e 10 na Europa, incluindo Andorra, mónaco e São Marino. Dados fornecidos pelo ex-aluno nº 134/1945, que não conheço, mas a quem tiro o chapéu.

[3] O Homem e a Mulher serão sempre diferentes em termos fisiológicos quer em sentimentos, e não há poder na Terra para mudar isto!

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Voltar ao Mar?

João J. Brandão Ferreira

“Se Deus fala português não sei. Estes canhões falam.”

                                        D. Francisco de Almeida
                                        1.º Vice - Rei da Índia



    De há cerca de uma dezena de anos a esta parte – é verdade já passou este tempo todo – que se voltou a defender, primeiro por um conjunto de entidades, organismos e, sobretudo, pela Armada seguido, mais tarde, pelo próprio PR e Governo, de que Portugal tinha que voltar ao mar.

    Nem mais nem menos. “Brado”, aliás, com o qual não podíamos estar mais de acordo.

    Fizeram-se, entretanto, um conjunto apreciável de estudos sobre a estratégia a seguir, os sectores onde apostar, os investimentos necessários, a viabilidade económica, etc. Enfim, tudo.

    Até que, na talvez única acção estratégica bem conduzida, nas últimas quatro décadas, o país se candidatou, na ONU, à extensão da Plataforma Continental o que, a ser conseguido, representará o ganho geopolítico mais considerável desde 1530.[1]

    Multiplicaram-se os “Fora”, os simpósios, as conferências e os colóquios sobre tudo isto.

    O actual PR – um dos principais responsáveis, enquanto PM, das maiores atrocidades relativamente a este âmbito crucial, da vida nacional – anda entusiasmadíssimo com a ideia sem, todavia, ter assumido que alguma vez se enganara. Enfim, pormenores.

    Este entusiasmo só é equivalente, porém, à displicência com que os órgãos de soberania nacionais assumiram o Tratado de Lisboa – caramba “de Lisboa!” – que, na prática nos rouba a Zona Económica Exclusiva (entre outras coisas), que é apenas a maior dos países da UE, esbulho selado por um “porreiro, pá” de um actual comentador, para o qual o “princípio de Peter” aplicado à vergonha, nunca é atingido.

   E assim estamos. O “brado”, afinal, não passou de uma declaração de (boas) intenções…

    O que não se tem ouvido discutir é o porquê de não se passar das intenções.

    Aflora-se – crise a quanto obrigas – que não há dinheiro nem investidores.

    Será, mas a razão principal não é, quanto a nós, essa. A questão centra-se na ideologia e, em sequência, numa opção geopolítica muito mal ponderada, para não dizer errada, seguramente muito mal gerida.

    Nestes dois âmbitos foi feita uma verdadeira “lavagem ao cérebro” a toda a população.

    Enquanto estes aspectos não forem resolvidos não voltaremos ao mar, mesmo que chovam notas de 500 euros…

    Vamos tentar objectivar o que queremos dizer.

    As forças políticas que passaram a influenciar o desenrolar dos acontecimentos em Portugal, e que tomaram de assalto os órgãos de comunicação social, o ensino, as artes, (até) a justiça e mais um número considerável de sectores da sociedade, decretaram “urbi et orbi” que, politicamente os últimos 50 anos tinham sido “uma longa noite fascista”, pelo que estava tudo errado donde decorria, naturalmente, que se teria que fazer tudo ao contrário.

    Ora como o regime anterior se acirrou na defesa dos territórios ultramarinos, por extensão, passou a considerar-se que tudo o que estivesse relacionado com o Ultramar era repelente o que, bem vistas as coisas nos faria recuar a Ceuta, em 1415, quiçá às Canárias e a 1340…

    Acontece que só nos fixámos no Ultramar – o que está para além do mar – justamente porque fomos descobrir e desbravar o mar!

   Ora juntando o “fascista” com o Ultramar, decorria que também tínhamos sido uns perigosos e horripilantes “colonialistas”, “imperialistas” e outros “istas”, de muitíssimo má catadura e lembrança!

    Lembro-me, ainda, de ver o Infante D. Henrique vilipendiado como um putativo pederasta em tempos, note-se, em que a denominação de “gay” não tinha ainda feito o seu glorioso percurso…

    Espero que já dê para se fazer a ligação.

    Seguidamente devemos a considerar a Constituição de 1976 (CR).

    Esta constituição, de raiz marxista, estava e está razoavelmente “armadilhada”.

    Dois aspectos merecem realce, na medida em que afectam negativamente a nossa relação com o Mar.

    O primeiro tem a ver com a preponderância que deu aos sindicatos e à permissividade em que permite que os mesmos possam ser correias de transmissão de partidos políticos – o que deveria ser proibido.

    Resultou daqui que as reivindicações, muitas delas selvagens, ajudaram a destruir as empresas ligadas ao mar e a não tornar atrativo qualquer investimento nesta área.

     Por outro lado, existe um “liberalíssimo” capítulo na CR, relativamente a “Direitos, Liberdades e Garantias” que, além de demagógico e inexequível, não tem qualquer contrapeso no que respeita a “Deveres, Responsabilidades e Obrigações”, de que a CR é, praticamente omissa.

    Ou seja, o português tem direito a tudo e dever a nada (excepto a pagar impostos)!

    Ora trabalhar no mar não é propriamente uma “pêra doce”, é duro e é preciso saber.

    Pois até o saber se tem ido, pois estas coisas não se dão bem com soluções de continuidade…

    Resumindo e concluindo, quem tem direito a tudo acaba a não querer fazer nada!

    Finalmente, numa confrangedora atitude suicida e de erro geopolítico crasso, abandonámo-nos nos “braços” da CEE, onde cometemos asneiras sucessivas, uma dos quais foi o de nos agacharmos junto do eixo franco-alemão (agora quase só alemão), o mais continentalista possível!

    Ou seja nem sequer nos aliámos a países da orla marítima como nós, essencialmente, somos.

    Eu juro que não sei por – que - raio de livros é que os nossos políticos estudaram (se é que algum), ou que mestres tiveram, mas o facto de serem recorrentes nas asneiras já passou a ser uma evidência. E insistem.

    Com tudo o que acabo de descrever (e fiquei pela rama) verifica-se que o País fez 180º de volta na sua estratégia seis vezes centenária, ficando de costas para o mar.

    Tal até se verificou no desporto e no turismo: sendo o turismo a nossa maior indústria, só há poucos anos se construíram marinas e os navios de cruzeiro passaram a frequentar os nossos portos; e os desportos náuticos, “congelados” em duas décadas, passaram a sair do “gueto” quando a juventude descobriu e aderiu ao surf…

    Por tudo isto, caros leitores, poderei estar enganado, mas enquanto não ultrapassarmos as questões ideológicas apontadas e não fizermos uma saponária doutrinária a tudo o resto, a Nação dos Portugueses não volta ao Mar.

    Mesmo que venha a haver muitos milhões para investir.

    E quando e se, um dia o fizermos – e Portugal está preso por pontas – vamos voltar a ter vontade de defender o que nos pertence.

    Desde que fomos às Canárias que nos contestam e tentam roubar o Mar. O que está em causa, agora, é a nossa ZEE e a extensão da Plataforma Continental (Açores e Madeira estão no meio).

    São os próximos “ventos da História”…

    O nosso D. Francisco de Almeida nunca deixou de estar actual.


[1] Proposta submetida à ONU em 11 de Maio de 2009.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Nada restará da Tropa a não ser uma vaga lembrança…

22/8/13

“Nenhuma coisa desta vida humana é tão
 aproveitável aos viventes que a lembrança
e memória dos bens e males passados para
do mal nos guardarmos, regendo a vida para
nele não cairmos segundo os bons fizeram”.

Gaspar Correia, in “Lendas da Índia”


Fui, recentemente, acompanhar um camarada à sua derradeira morada terrena.

É um acontecimento que sempre acompanhou a minha vida militar (mesmo sem nunca ter entrado em combate), mas que a roda da vida tende a tornar mais frequente relativamente àqueles que nos são mais próximos.

Uma das características e prerrogativas que acompanham a “condição militar” é a do direito a que cada um tem de lhe serem prestadas honras militares fúnebres, em função do seu posto – e, até, de algumas condecorações que ostentem – segundo fórmula regulamentar (hoje já muito simplificada em função dos cada vez menos efectivos e meios existentes).

Este direito é sustentado no dever dos que ficam, tanto individual como institucionalmente, em as prestar, condignamente, constituindo uma tradição centenária, que nada nem ninguém deve interromper.

Os cemitérios/talhões de militares são, também, uma homenagem póstuma e perene, a todos aqueles que pereceram ao serviço da Pátria, incluindo os que, mortos em batalha, não puderam usufruir das honras completas.

Mesmo aqueles cuja identidade se perdeu, têm direito a um túmulo a eles dedicado, que entre nós se encontra no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha, alumiado por azeite votivo e guardado por sentinelas entre o nascer e o pôr - do - sol: o túmulo do soldado desconhecido.

O féretro do coronel, meu muito caro camarada de armas e de curso, passou o portal do cemitério sem que vislumbrasse peugada da guarda – de – honra, como determinado e previsto.

Enquanto o corpo aguardava a decisão de prosseguir para a tumba, coberto com a bandeira das quinas – a que se devia seguir um militar transportando, numa almofada, o boné, as condecorações e a espada (símbolo da autoridade), do defunto – chegou uma viatura militar de onde saíu, atrasada, a dita guarda.

Uma rápida conferência entre alguns dos presentes, decidiu pelo “mal menor” que foi o de reenviar à procedência o pelotão (menos), com a admoestação – apesar de tudo, simpática – de que o que aconteceu não podia ter acontecido, à qual o oficial comandante da força retorquiu com desculpas contristadas.

Veio a saber-se, mais tarde, as razões do sucedido, que são bem o espelho da triste realidade a que chegámos e que se continua a querer tapar do mesmo modo que se tenta tapar o sol com uma peneira.

Dada a extrema penúria de praças resultado do fim do serviço militar obrigatório, e dos cada vez maiores cortes (catastróficos) efectuados em tudo o que mexe nas FA, é muito difícil que o efectivo das honras fúnebres esteja concentrado numa única unidade militar.

Tal implica que existam militares escalados/de alerta em vários quarteis que é preciso convocar (por SMS, telefone, mail?) – deve aqui referir-se que o funeral se realizou em Lisboa, em que a distância entre a Igreja, o cemitério e as unidades militares era mínima.

Acresce a isto que as unidades encontram-se hoje despidas de militares depois do toque de ordem (se é que ainda existe), excepção feita para o modestíssimo número de pessoal de serviço, pois fora do período de recruta, uma qualquer instrução ou treino, ou alteração do grau de alerta, todo o mundo tem direito a ir para casa.

Tal deve-se (para além do já referido), à quase “regionalização” do serviço militar (a rapaziada parece que não pode estar longe das famílias, tão pouco das escolas – um dos grandes atractivos do voluntariado é a possibilidade de tirar cursos) e ao facto de, aos comandos, não lhes desagradar a ideia de verem os militares fora dos quartéis, dado que se evitam problemas disciplinares e, desde que as mulheres passaram a invadir a vida militar, sempre se minimiza a hipótese de cópula intramuros (Já quando havia SMO abreviava-se sempre que possível a sua presença nas unidades para poupar nas refeições...).

A abundância de transportes ajuda.

Bom, convocar pessoal nestas condições, para a cerimónia em causa aumenta enormemente o risco de atrasos e de faltas.

Com o efectivo finalmente concentrado, o oficial encarregado desta missão teve a presciência de indagar se todos os presentes estavam familiarizados com a “ordem unida” que teriam que efectuar e rapidamente se apercebeu que uma parte das praças não estava, pelo que numa tentativa de resolver o problema, decidiu, ali mesmo, proceder a uma instrução sumária.

Eis pois levantado o véu da causa do atraso. Caberá a quem de direito, tirar as ilações adequadas.

As cerimónias fúnebres e as honras militares são realizadas em memória dos mortos, mas ainda mais a pensar nos vivos. Ou seja o exemplo é para quem fica.

Para além de uma homenagem é uma manifestação de solidariedade de toda a família militar; um sentimento de pertença, coesão, camaradagem, espirito de corpo, etc., de quem serviu segundo os mesmos princípios no cumprimento de uma mesma missão.

Passa por ser um elo que a todos liga – do passado para o presente com vista ao futuro – e que mantém a instituição, que se pretende perene, focada nos seus valores.

Sem sombra de dúvida as FA são a instituição nacional por excelência, em que os seus servidores são acompanhados e cuidados desde que “assentam praça” até que dão baixa para a sepultura.

Só nessa data são desmobilizados…

Assim devia continuar a acontecer de modo a que o profissional das armas possa continuar a “SER” em vez de apenas “ESTAR”.

Posicionamento e filosofia que faz confusão a muito boa gente e que, não poucos pretendem mudar radicalmente.

A velha questão da “instituição” em contraponto ao “emprego”!

Por isso temo bem, que quando se olhar para o fundo da questão abordada, a decisão seja a de não resolver as causas, mas a de iludir os efeitos. Ou seja acabam rapidamente com as honras fúnebres…

Aconselho vivamente os oficiais e sargentos do quadro permanente a tornarem-se historiadores. Só aí, terão futuro.

Pois a continuar a actual senda, da Instituição Militar Portuguesa, irá restar apenas uma (vaga) lembrança.


                                                           João J. Brandão Ferreira
                                                              Oficial Piloto Aviador