BLOGUE DA ALA DOS ANTIGOS COMBATENTES DA MILÍCIA DE SÃO MIGUEL

quarta-feira, 29 de março de 2017

Quem está louco, o Erdogan ou os europeus?


João José Brandão Ferreira, Oficial Piloto Aviador

«Muito honrado capitão Paxá, bem vi as palavras da tua carta. Se em Rhodes tivessem estado os cavaleiros que estão aqui neste curral podes crer que não a terias tomado. Fica a saber que aqui estão portugueses acostumados a matar muitos mouros e têm por capitão António da Silveira, que tem um par de tomates mais fortes que as balas dos teus canhões e que todos os portugueses aqui têm tomates e não temem quem não os tenha!»

Resposta que deu António da Silveira, capitão de Diu, à carta que Suleimão Paxá, comandante turco (que era eunuco), que com 70 galés e 23 000 homens cercava a cidade, defendida por 600 portugueses.

Nessa carta, Suleimão prometia livre saída de pessoas e bens, desde que entregassem a fortaleza e as armas. E prometia esfolar vivos, todos os que não o fizessem, gabando-se de ter com ele muitos guerreiros que ajudaram na conquista de Belgrado, a Hungria e a Ilha de Rhodes. Perguntava no fim a Silveira, como se iria defender num «curral com tão pouco gado!»

Gaspar Correia, «Crónica dos Feitos da Índia», Vol. IV, pág. 34-36.

Recep Tayyip Erdogan, 63 anos, é o Chefe de Estado de um país chamado Turquia, membro da NATO, aspirante frustrado a membro da UE e herdeiro de um dos mais temíveis impérios existentes à face da terra, no segundo milénio da era de Nosso Senhor Jesus Cristo. Império que ganhou projecção mundial após conquistar Constantinopla em 1453, data que marca o fim do Império Romano do Oriente e tida como marco inicial para o que se convencionou chamar «Idade Moderna».

O Império Otomano (1299-1923), que tinha o seu núcleo original no Planalto da Anatólia, quis expandir-se em todas as direcções, nomeadamente para oeste, tendo progredido perigosamente no Norte de África, nos Balcãs e no Mediterrâneo Oriental.

Este império foi finalmente sustido no Norte de África, quando já estava em Argel (porventura a maior motivação para D. Sebastião ter querido ir a Larache, principal objectivo a preservar e que não incluía a surtida que acabou tragicamente em Alcácer Quibir); no Mediterrâneo Oriental foram derrotados na batalha naval de Lepanto, em 1571, mas nunca se conformaram – note-se que foi graças à esquadra portuguesa que foram batidos novamente em Matapão, em 19 de Julho de 1717, faz este ano 300 anos.

Finalmente progrediram nos Balcãs, em direcção à Europa Central, até efectuarem dois terríveis cercos a Viena, coração do Império Austro-Húngaro, dos Habsburgo, em 1529 e 1683, data em que foram inexoravelmente derrotados.

O «croissant», massa folhada em forma de «crescente vermelho», que se passou a comer ao pequeno-almoço e ao lanche, aí está a ilustrar a vitória. Ou seja, cada vez que se come um croissant, quer dizer que se «come» um turco ao pequeno-almoço…

É possível que os turcos, desde então, não achem graça à coisa.

No fim da I Guerra Mundial a dinastia Otomana desapareceu e o seu império desagregou-se, tendo grande parte dos seus territórios ficado debaixo do controlo de potências ocidentais vencedoras da guerra, sob mandato da então Sociedade das Nações, nomeadamente a França e a Inglaterra.

Mais tarde a maioria destes territórios veio a adquirir, sucessivamente, a independência.

A criação do Estado de Israel, em 1948, veio baralhar e complicar ainda mais a complexa geopolítica da região.

Em 1923, o general Mustafá Kemal Atatürk assumiu o cargo de primeiro Presidente da República da Turquia, até à sua morte em 10/11/1938, e transformou o país num estado laico, onde os militares tinham um peso desproporcionado.

A necessidade de conter a URSS no início da Guerra-Fria, no fim da Segunda Guerra Mundial e arranjar um estado tampão no Cáucaso e Médio Oriente, fez com que a Turquia fosse convidada a aderir à NATO, o que aconteceu em 1952.

A Turquia apesar de tudo, dos problemas internos – onde se destaca a questão curda – e dos ódios figadais e seculares (por vezes milenares) entre todos os povos daquela região, teve um papel mais estabilizador do que o contrário.

Seria ocioso explicitar tudo o que se passou.

A Turquia tirou partido da sua participação na NATO, onde a quezília secular com a Grécia, agravada pelo conflito cipriota, constituiu sempre uma dor de cabeça para a Aliança (e agora é também para a UE), recebeu armamento moderno, acesso a tácticas, doutrinas e logística, e permitiu trocas comerciais com os países do Ocidente, facilitando a emigração de largas massas de turcos e curdos para a Europa.

O ovo da serpente começou a crescer desmesuradamente…

E pertencer à NATO ajudava a conter um dos seus ancestrais inimigos, o Império Russo!

Quando Erdogan chega a chefe do Governo (2003-2014) e a presidente, logo de seguida, tudo muda: cada vez há maior oposição na UE, nomeadamente em França (melhor dizendo, no Grande Oriente Francês…) relativamente à entrada da Turquia na UE. Chegaram inclusive, ao ponto de assumirem como «dogma de fé» que na Arménia tinha havido um genocídio de cristãos, feito pelos Otomanos, entre 1915 e 1923 (o que por acaso até é verdade).[1]

Ankara, obviamente estrebuchou.

Erdogan – que em 1994, proferiu uma frase algo premonitória, «a democracia é um comboio: quando se chega ao nosso destino, saímos» – começou paulatinamente a por de lado a herança de Atatürk e a retirar poderes aos militares.

A seguir entrou numa deriva islamita, torpedeando o laicismo e aproximando-se de tudo o que preconiza o Corão.

Finalmente envolveu-se no conflito Sírio e ficou submerso de refugiados.

Em 15/7/2016 deu-se um estranhíssimo caso de tentativa de golpe de Estado.

O que se passou parece um decalque do «11 de Março de 75», português.

Erdogan não perde tempo e parte à perseguição dos seus opositores.

Prendeu-os e saneou-os, às dezenas de milhar e insiste para que os EUA extraditem um conterrâneo seu (de que ninguém ouvira falar até então), como suposto cabecilha do frustrado golpe de Estado.

O homem – Fethullah Gülen – ainda vive nos EUA, mas as principais potências ficaram quedas e mudas, a olharem para ontem, sem saberem o que fazer ou dizer.

Erdogan tarda, mas arrecada.

Com estes trunfos na mão, embala para mudar a Constituição a fim de reforçar o seu poder. Pelos vistos a eternizar-se nele.

Estamos pois em vista de um potencial «Califa», que a seu tempo ocupará o palácio de Topkapi. Só falta organizar o Serralho e o Regimento de Janízaros.

Porém, para obter estes poderes necessita de votos para um referendo que quer fazer, prestes. Os turcos existentes nos seus domínios não lhe chegam e pretende catequizar a diáspora.

E não se fez rogado: país onde houvesse comunidade que valesse a pena influenciar, seria «invadida» por comparsas seus, a começar por membros do seu próprio governo!

Não sabemos exactamente o modo como informou os governos dos países visados ou sequer se deu ao trabalho de o fazer; queria ir e pronto!

Quando os governos e as opiniões públicas de alguns dos países europeus visados souberam da trama, dispuseram-se a contestar tais desejos/ordens.

O que espoletou a ira do putativo otomano e foi um ver se te avias de guerra de palavras, ameaças e despautérios.

O que encontra amplos antecedentes nos devaneios democráticos e cobardia dos países europeus e da UE, a que têm o despautério de apelidar de «superioridade moral da democracia»!

Chamam-lhe um figo…

Os países europeus reagiram individualmente de um modo frouxo, cobardolas e apaziguador, o que denota o estado de degenerescência política, social e anímica, em que a Europa se encontra (para já não falar na incapacidade militar, que é consequência daquelas…).

A UE como tal, não reagiu e por cá ouviram-se umas frases de circunstância circunspecta. Ou seja os europeus viraram uns verdadeiros eunucos…

Entretanto o grão-turco profere ameaças e manda, filantropicamente – só pode – as famílias turcas emigradas, terem cinco filhos.

Compreende-se: enquanto não têm balas, disparam rebentos.

Como fazem cá falta os tomates do capitão António da Silveira e dos cavaleiros que estavam com ele, em Diu.


[1] Onde se estimam tenham perecido entre 800 000 a 1 800 000 pessoas.





sexta-feira, 24 de março de 2017

França: Desradicalização de jihadistas é um «Total Fiasco»


Soeren Kern, Gatestoneinstitute, 22 de Março de 2017

  • O relatório conclui que a desradicalização, seja em centros especializados ou em prisões, não funciona pelo facto da maioria dos radicais islâmicos não aceitarem a desradicalização. 
  • Estima-se que haja em França cerca de 8 250 radicais islâmicos extremamente violentos, apenas 17 apresentaram a papelada e apenas nove de facto foram até lá. Nenhum dos residentes permaneceu para completar o currículo de dez meses.
  • Ao alojá-los em pavilhões prisionais separados, os islamistas na realidade  tornaram-se ainda mais violentos por se sentirem encorajados pelo que eles chamavam de «efeito grupal», segundo o ministro da Justiça Jean-Jacques Urvoas.
  • «Desradicalizar uma pessoa não é um trabalho de seis meses. Estas pessoas, às quais não foram dadas um ideal e que ainda não abraçaram a ideologia do Estado islâmico, não se irão livrar dela facilmente. Não há um abre-te sésamo» — senadora Esther Benbassa.
  • «O programa de desradicalização é um total fiasco. Tudo tem que ser repensado, tudo deve ser redesenhado a partir do zero». — senador Philippe Bas, presidente da comissão do Senado que encomendou o relatório. 

O principal programa do governo francês para desradicalizar jihadistas é um «fracasso total» e deve ser «completamente reconceituado» segundo as conclusões iniciais de uma comissão parlamentar de inquérito sobre a desradicalização.

O relatório preliminar revela que o governo não tem nada de positivo para mostrar no tocante às dezenas de milhões de euros dos contribuintes gastos ao longo dos últimos anos para combater a radicalização islâmica em França, onde 238 pessoas foram mortas em ataques jihadistas desde Janeiro de 2015. O relatório conclui que a desradicalização, seja em centros especializados ou em prisões, não funciona pelo facto da maioria dos radicais islâmicos não aceitarem a desradicalização.

O relatório chamado de «Desdoutrinação, Desrecrutamento e Reintegração de Jihadistas em França e na Europa» (Désendoctrinement, désembrigadement et réinsertion des djihadistes en France et en Europe) — o título evita usar a palavra «desradicalização» por ser considerada por alguns como sendo politicamente incorreta — foi apresentado em 22 de Fevereiro ao comité do Senado para assuntos constitucionais e jurídicos.

O relatório é a versão preliminar de um estudo abrangente que está a ser conduzido por uma task force multipartidária encarregada de avaliar a eficácia dos programas de desradicalização do Governo. O relatório final deverá ser entregue em Julho.

Grande parte das críticas concentra-se num programa de US$42 bilhões para construir 13 centros de desradicalização — conhecidos como Centros de Prevenção, Integração e Cidadania (Centre de prévention, d'insertion et de citoyenneté, CPIC) — um em cada uma das regiões metropolitanas de França, que visa desradicalizar futuros jihadistas.

O plano original apresentado com grande alarde em Maio de 2016, conclamou que cada centro devesse acolher no máximo 25 pessoas com idades entre os 18 e 30 anos, por períodos de dez meses. O Governo comunicou que 3 600 indivíduos radicalizados seriam acolhidos nestes centros de desradicalização nos próximos dois anos.

O primeiro e único centro de desradicalização do Governo existente até agora instalado no Château de Pontourny, uma mansão isolada do século XVIII na região central de França, foi inaugurado em Setembro de 2016.

Quando as senadoras Esther Benbassa e Catherine Troendle, ambas líderes da task force visitaram Pontourny em 3 de Fevereiro, encontraram apenas um residente naquele abrigo. Desde então o referido residente encontra-se preso por ter cometido «actos de violência doméstica».

Depois de apenas cinco meses de trabalho, Pontourny encontra-se vazia, muito embora empregue (27 funcionários, incluindo 5 psicólogos, 1 psiquiatra e 9 educadores, a um custo anual US$2,6 milhões).

«Centro de Prevenção, Integração e Cidadania» Château de Pontourny, em França.
(Imagem: captura de tela de vídeo ARTE − 28 minutos)

Estima-se que haja em França cerca de 8 250 radicais islâmicos extremamente violentos, apenas 59 pessoas indagaram sobre a possibilidade de irem para Pontourny desde a sua inauguração. Destas, apenas 17 apresentaram a papelada e apenas nove de facto foram até lá. Nenhum dos residentes permaneceu para completar o currículo de dez meses.

Um dos residentes era um jihadista de 24 anos de idade chamado Mustafa S., que foi preso durante uma operação antiterrorista perto de Estrasburgo em 20 de Janeiro de 2017. A polícia disse que ele tinha ligações com um dos autores do ataque jihadista de Novembro 2015 na casa de espectáculos Bataclan em Paris. Mustafa S. foi preso quando estava de licença de Pontourny: ao que tudo indica, ele estava a caminho para se juntar ao Estado islâmico na Síria.

Outro residente de Pontourny era uma mulher de 24 anos de idade, grávida, chamada Sabrina C., que morou no alojamento de 19 de Setembro a 15 de Dezembro. Ela revelou a um jornal local que nunca foi radicalizada, mas aproveitou a oportunidade oferecida por Pontourny para escapar do seu «casulo familiar» e respirar um pouco de «ar fresco»:

«Eu jamais me interessei por qualquer religião. A minha família é católica, não praticante, nós vamos à Igreja de vez em quando, mas não mais do que isso. Meu namorado queria que eu usasse o véu islâmico, mas sempre me recusei a usá-lo».

A mãe de Sabrina disse que o centro de desradicalização «foi a oportunidade para a nossa filha participar na formação profissional, aprender a cozinhar, estar perto dos animais». Por outro lado Sabrina acrescentou que a permanência naquele lugar foi um pesadelo, salientando que: «chorava todas as noites, e não me sentia à vontade. Em Pontourny tratavam-me como uma criminosa». Acredita que a única razão dela ter sido autorizada a ficar no centro foi porque o governo precisava de «mostrar serviço».

O governo também fracassou nos seus programas para erradicar a radicalização islâmica nas prisões francesas. Em Outubro de 2016 o governo voltou atrás sobre a política de alojar presidiários radicalizados em unidades separadas após o aumento de ataques a guardas prisionais.

A ideia original era isolar os islamistas a fim de evitar que eles radicalizassem os outros detidos, mas o ministro da Justiça Jean-Jacques Urvoas reconheceu que ao alojá-los em pavilhões prisionais separados, os islamistas na realidade tornaram-se ainda mais violentos por se sentirem encorajados pelo que eles chamavam de «efeito grupal».

O relatório também denunciou o surgimento de uma «indústria da desradicalização», na qual associações e organizações não governamentais, sem nenhuma experiência em desradicalização, obtiveram contractos lucrativos do Governo. «Várias associações, procurando o financiamento público em períodos de vacas magras, viraram-se para o sector de desradicalização, sem nenhuma experiência», de acordo com a senadora Benbassa.

Benbassa salientou que o programa de desradicalização do Governo foi mal concebido, implantado apressadamente por razões políticas mediante a crescente ameaça jihadista. «O governo estava em pânico em consequência dos ataques jihadistas» assinalou. «Foi o pânico que guiou as acções do Governo. O timing político era curto, era necessário tranquilizar o público em geral.»

O sociólogo franco-iraniano Farhad Khosrokhavar, especialista em radicalização, realçou à France 24 que a única opção do Governo para lidar com os jihadistas violentos é encarcerá-los:

«Há aqueles passíveis de serem desradicalizados, mas nem todos. Isso é impossível com os jihadistas violentos, e totalmente convictos. Os jihadistas com estes perfis são extremamente perigosos, representam cerca de 10% a 15% dos radicalizados. A prisão provavelmente é uma das únicas maneiras de lidar com esses obstinados fiéis».

Em entrevista concedida ao L'Obs, Benbassa indicou que o governo também não teve sucesso quanto à prevenção:

«Jovens candidatos ao jihadismo devem ser socializados.Temos que profissionalizá-los, dar-lhes um acompanhamento individualizado. Isto envolve a ajuda da família, imãs, policiais locais, educadores, psicólogos e líderes empresariais, que também podem colaborar...»

«Eu também acho que os nossos líderes políticos deveriam adoptar um pouco mais de sobriedade e humildade ao abordarem este complexo fenómeno. A tarefa é extremamente complicada. 'Desradicalizar' uma pessoa não é um trabalho de seis meses. Estas pessoas, às quais não foram dadas um ideal e que ainda não abraçaram a ideologia do Estado islâmico, não se irão livrar dela facilmente. Não há um abre-te sésamo».

O senador Philippe Bas, presidente da comissão do Senado que encomendou o relatório descreveu o programa de desradicalização do Governo da seguinte maneira: «é um total fiasco. Tudo tem que ser repensado, tudo deve ser redesenhado a partir do zero».


Tradução: Joseph Skilnik





sexta-feira, 10 de março de 2017

Segundo um relatório oficial, os «Irmãos Muçulmanos» pretendem construir uma sociedade paralela na Suécia




Anne Dolhein, Reinformação.TV, 8 de Março de 2017

Un rapport commandé par une agence du ministère de la Défense de la Suède, publié vendredi, met en garde contre l’objectif des Frères musulmans de construire une société «parallèle» dans le pays, grâce à la culture de «tolérance» qui a cours en Suède. Le rapport officiel, remis à l’agence de protection civile MSB, est étonnant de franchise. Il accuse les Frères musulmans d’infiltrer les organisations et des partis politiques pour parvenir à leurs fins.

Le rapporteur principal, Magnus Norell, et ses coauteurs n’hésitent même pas à dénoncer les «élites politiques» coupables selon eux d’avoir imposé une doctrine du multiculturalisme et du silence qui offre un boulevard aux organisations «antidémocratiques» comme les Frères musulmans.

Le rapport a été accueilli avec colère en Suède où les musulmans, notamment, dénoncent une présentation délétère de leur religion, et de manière générale on parle d’une analyse «complotiste».

Un rapport officiel dénonce la culture de la tolérance en Suède

Pour les auteurs du rapport, il est au contraire évident que les Frères musulmans travaillent à faire augmenter le nombre de musulmans pratiquants en Suède, en essayant de faire reculer la laïcité et de noyauter des partis politiques, des ONG et même des institutions universitaires. Tout cela à la faveur de la valeur accordée à «l’acceptation» des citoyens qui sont «en un sens ou dans un autre différents de la majorité».

Le rapport analyse également le type d’islam promu par les Frères musulmans: il est décrit comme une idéologie politique totalitaire née de l’islam, dans lequel le rapport reconnaît une religion. Autant dire que les auteurs ne vont pas jusqu’au bout de leur étude: l’islam a certes une dimension religieuse mais prône une théocratie sans distinction du spirituel et du temporel, c’est sa nature.

Mais là où le rapport voit juste, c’est quand il dénonce la «difficulté à s’opposer à ce qui a la surface, apparaît comme les droits religieux» d’une minorité vulnérable. Critiquer l’islam, de ce fait, expose l’imprudent à se faire traiter de «raciste» ou d’«islamophobe», avec des risques non négligeables pour sa carrière… Les auteurs pensaient-ils à leur propre cas?

Les Frères musulmans de Suède veulent fabriquer des musulmans pratiquants

Toujours est-il que de nombreuses voix se sont levées pour dénoncer la publication du résultat de leur enquête, 22 universitaires et «experts en religion» ont ainsi publié un message sur un blog mettant en cause la méthodologie de leur travail.

Magnus Novell ne s’est pas démonté: «Avaient-ils fumé quelque chose avant de lire le rapport? Il suffit de le lire. Si quelqu’un ne l’accepte pas, je n’y peux pas grand-chose. C’est démontré».

Le rapport accuse notamment les activistes des Frères musulmans de menacer la cohésion sociale de la Suède en construisant des structures sociales parallèles qui vont notamment dans les années à venir attirer les migrants d’Afrique et du Proche-Orient «qui vont probablement continuer de venir dans les prochaines années, à la fois en tant que membres des familles et comme réfugiés…».

L’islam est un tout, c’est pourquoi les Frères musulmans créent une société parallèle

Le rapport a tout faux, rétorquent les 22 universitaires qui se sont mobilisés pour le discréditer, en ce qu’il «semble conclure que l’islam de Suède est un phénomène homogène et que les musulmans suédois sont conduits par les Frères musulmans». «C’est une conclusion qui contredit la recherche dans son ensemble, qui indique plutôt que la communauté musulmane est diverse et qu’il y a de la concurrence entre les groupes musulmans», affirme-t-il.

Mais les Frères musulmans n’en sont pas moins influents, particulièrement actifs en Europe et fermement attachés à la création d’un califat sunnite. Les gouvernements de Bahreïn, d’Égypte, de Russie, d’Arabie saoudite et des Emirats arabes unis les considèrent comme un groupe terroriste. C’est sans doute une manifestation de cette rivalité musulmane dont parlent les universitaires. Mais la liberté de manœuvre des «Frères» dans le pays d’Occident n’en est pas moins inquiétante.