BLOGUE DA ALA DOS ANTIGOS COMBATENTES DA MILÍCIA DE SÃO MIGUEL

segunda-feira, 27 de outubro de 2014


Zeinal Bava



(Chegou-nos anónima)

Atribuir o grau de doutor honoris causa ao Zeinal Bava nesta altura lembrou-me que pela mesma ordem de razões a Teresa Guilherme podia ser beatificada, por exemplo, ou a Manuela Moura Guedes podia ser coroada misse Portugal, ou o Paulo Portas podia ser graduado em almirante, ou o Miguel Relvas podia ser solista do Grândola, Vila Morena, ou o Mexia da EDP poderia ser o Thomas Edison da China e o ministro Crato poderia mesmo reencarnar num segundo Jesus Cristo depois de multiplicar, em vez de peixes e pães, o mesmo professor 95 vezes colocado com 104 horários.

Está a Universidade da Beira Interior de parabéns por esta justa e merecida distinção.

No chapelinho pode o novo doutor levar de recordação as belas cerejas da Cova da Beira, ou um queijinho da Serra.

Falta agora doutorar Henrique Granadeiro, talvez como clarim honoris causa... telegrafista por fios... emissor de mensagens por sinais de fumo... smoke mensages... O Granadeiro também merece um barretinho daqueles...





sexta-feira, 17 de outubro de 2014


Reparem bem nesta camisa…



Este modelo de camisa é produzido em grandes quantidades e vendido nas ruas de numerosos países muçulmanos, do Médio Oriente, na Indonésia, Paquistão e Índia. E estão na moda.

Celebram-se assim os atentados do 11 de Setembro sem se preocuparem com os milhares de mortos.

O racismo e as acusações de ofensas a outras raças e às suas convicções não se aplicam...

E depois pedem ajuda humanitária à mínima ocasião!





quinta-feira, 16 de outubro de 2014


No 10.º aniversário

do fim do serviço militar obrigatório (SMO)


João José Brandão Ferreira Oficial Piloto Aviador


Assinalou-se (!) no passado mês de Setembro o aniversário em título, aprovado em 1999, mas apenas efectivo em 2004, devido a um período de transição de quatro anos.

Na sequência de tão nefasta quanto lamentável decisão – que configurou um verdadeiro crime de lesa-Pátria – alguns órgãos de comunicação social abriram mão de uns minutos (poucos) das catadupas de tempo, imagem e som que dedicam às mais importantes novelas do burgo, a saber, o futebol, a chicana política e as aberrações sexo/sociais das estrelas mundanas em moda, para se dedicarem à efeméride.

Do que foi dito e entrevistado, realço as declarações do actual CEMGFA, general Pina Monteiro; do presidente do grupo parlamentar de Defesa, o deputado (PSD) Matos Correia; o general Valença Pinto, ex-CEME e CEMGFA e do general Loureiro dos Santos, ex-MDN, ex-CEMGFA e ex-CEME.

É muito curioso, ilustrativo e sintomático, analisar o que disseram. Mas antes de o fazermos vamos tentar situar a questão e as suas envolventes.

Basicamente existem três tipos de serviço militar: voluntariado, conscrição e misto. Todos eles têm vantagens, inconvenientes e consequências, que não vamos escavar em detalhe.

Estas situações aplicam-se, por norma, em tempo de paz, crise ou conflitos localizados, pois para uma situação de guerra a sério, toda a população é imediatamente mobilizada, quer queira ou não...

Nada disto tem a ver, também, com a formação dos quadros permanentes.

Como o próprio nome indica, no sistema voluntário, alistam-se nas Forças Armadas (FA) apenas os cidadãos que o desejem e sejam aceites no processo de recrutamento e selecção.

É uma situação idêntica às de outros empregos no mercado de trabalho.
Os campeões deste modelo são os ingleses.

São-no, porém, não só pelo seu pragmatismo mas, sobretudo, por o seu país estar encerrado numa ilha protegida das invasões pela Royal Navy e, desde 1918, também pela Royal Air Force.

O SMO como o conhecemos hoje, passou a estar em uso desde a Revolução Francesa e à medida que o nacionalismo se desenvolveu durante todo o século XIX, e a guerra passou cada vez mais a afectar a totalidade da geografia e dos recursos das nações ou impérios, envolvidos.

Até que, já no século XX se chegou à «guerra total».

Este modelo foi sendo progressivamente adoptado pela grande maioria dos países existentes e dos que foram surgindo.

Normalmente, por condicionalismos vários, nem sempre se justificava, ou era possível, fazer passar pelas fileiras a totalidade dos jovens, pelo que se optava por mobilizar apenas parte do contingente e, ou, por razões de evolução tecnológica e necessidades da táctica e da técnica, passou a optar-se por contractos mais longos a pessoal que se voluntariava para isso. Prática, essa, mais espalhada nas forças aéreas e navais.

Surgia assim o serviço militar «misto».

De entre este último, ainda se pode individualizar a organização suíça, única no mundo, a par com Israel – que vive em situação de «estado guarnição», por viver em guerra permanente desde a sua fundação, em 1948 – que combina uma judiciosa organização do terreno com uma organização do território e dos recursos, o que combinado com um sistema de treino e mobilização aturado, de toda a população até uma determinada idade, permite uma optimização de meios e um avançado grau de dissuasão.

Não escondo ser este último sistema, aquele que penso ser o que melhor serviria os interesses da Nação e do Estado português.

Ora em Portugal existe ampla experiência e tradição sobre todo este assunto embora, por falta de doutrina, exiguidade de meios, ignorância militante e da maioria da população ser relapsa à disciplina e à organização, nunca ter sido pacífica a maneira de montarmos um sistema que funcionasse bem e evoluísse com o tempo.

Desde a fundação da nacionalidade que se reconheceu a necessidade e a importância da defesa do Reino e foi ganhando foros de matriz nacional a organização das milícias dos concelhos, que se podem considerar os verdadeiros antepassados, entre nós, do SMO.

A falta de riqueza, de armas, de cavalos, a exiguidade populacional, a falta de gente de guerra treinada e a necessidade de braços para a agricultura e, depois, para a Marinha e Ultramar, obrigou a que, na maioria das épocas, toda a organização militar do Reino vivesse de solavancos, descaso e pobreza.

Quando o país corria perigo lá se ia, à pressa, de qualquer maneira, tentar remediar as inexistências com os graves prejuízos daí resultantes.1

Já estamos, novamente, em condições de passar por mais um período destes...

O SMO, contudo, só verdadeiramente foi implantado entre nós após a reforma do Exército de 1911, mas só passou a funcionar devidamente após a reforma de 1937, devido aos períodos conturbadíssimos da I República e a agitação que se seguiu ao 28 de Maio, crise financeira, etc..

O SMO atingiu o seu pico de excelência durante as últimas campanhas ultramarinas, entre 1954 e 1974.

O «PREC, a diabolização estúpida do passado recente e até do passado remoto», não ajudaram nada a credibilizar a instituição militar e a manutenção do SMO.

Muitas vezes indo contratar oficiais, mercenários e chefes estrangeiros...

Seguiu-se uma furiosa campanha antimilitar (que não antimilitarista) promovida por grande parte dos partidos políticos, OCS e intelectualidade vária, que piorou a situação.

Finalmente o muro de Berlim caíu e o Ocidente (e não só) começou a enviar os soldados para casa e uma onda de parvoíce ilusória varreu parte da humanidade, julgando que as guerras eram coisa do passado.

Um escritor de olhos em bico chegou, inclusive, a decretar o «Fim da História»!

Salvou-se a NATO com a crise nos Balcãs e, a pouco e pouco, continuaram a rebentar conflitos e guerras localizadas, por todo o globo.

Os principais países e alianças organizaram-se de outro modo para poderem intervir onde «fosse necessário»; inventaram-se as novas missões de Paz, humanitárias e de imposição de paz; tenta-se colocar tudo debaixo do manto diáfano da ONU (o que nem sempre acontece), mas para isso necessitava-se de uma disponibilidade de tropas que nem todos dispunham ou pretendiam participar e cuja actuação estava longe de ser consensual nas opiniões públicas.

Tentou resolver-se o problema com voluntários e ... pagando.

Mesmo assim, hoje em dia, já não chegam e, por isso, já se contratam empresas de segurança para fazerem determinadas operações.

Estamos a voltar ao mercenarismo.

Tudo isto resulta das profundadas alterações sociológicas operadas, no Ocidente, a partir dos movimentos pacifistas; hippy; libertação da mulher; feminismo; rock da pesada; drogas; homossexualismo; destruição dos valores tradicionais; relativismo moral, etc., que tiveram no «Maio de 1968», em França o «epicentro da revolução».

A lista é longa e não é grande coisa.

O cúmulo aconteceu quando se quis inventar guerras onde não morresse ninguém – do nosso lado, obviamente...

Em Portugal a Constituição de 1976 impôs a ditadura dos «direitos» face aos «deveres», e a luta política/partidária afundava-se na demagogia das promessas – que ninguém cumpria, e também nunca teve consequências – e a sociedade mergulhou no facilitismo e no consumismo.

Ora a vida castrense, com os seus rituais, as suas tradições, as suas regras, as suas exigências, os seus valores, etc., estava ao arrepio de tudo isto.

Passou a ser tida como um anacronismo; uma relíquia do passado (já com teias de aranha); uma maçada.

Em cima disto, custava dinheiro, esse novo e luminoso Deus colocado pelos novos sacerdotes nos altares da urbe.

As juventudes partidárias (com excepção da Juventude Comunista) pegaram no assunto e martelaram-no.

Lembro o comportamento da JSD e da JS, e mesmo a JC, como as mais aguerridas em acometer a cidadela, onde pontuavam os futuros ilustres primeiros-ministros Sócrates e Passos Coelho.

Eu penava, nessa época, pelo MDN.

E foi justamente um ministro da defesa, que ficou para a História, como o «nosso cabo» que, aproveitando-se de um estudo académico, feito no então IAEM, entregue por um dos seus colaboradores (na altura major) – com muitas responsabilidades em tudo o que se passou – assucatou-o, originando essa pérola da civilização «tuga» que resultou na redução do SMO para 4 (quatro!) meses...2

Ora o que se decidiu (que ninguém me tira da cabeça que foi feito de propósito, pois foi demasiado estúpido para ser só burrice), representou um aborto induzido, cujo passo seguinte seria, fatalmente, o fim do SMO, por ser «insustentável» manter os quatro meses...

Consta que quando soube que já não tinha que ir à tropa, o jovem Cavaco filho, agarrou-se ao pescoço do já entrado Cavaco pai, e estremeceu-o de agradecimentos.

Assim se faz a História.

*****

Regressemos aos depoimentos.

Comecemos pelo primeiro, do general CEMGFA, cuja frase mais importante é a de que «o regime voluntário se revelou muito adequado, para responder aos actuais tipos de conflitos e necessidades».

É uma opinião respeitável.

A única coisa que registamos é termos há muito constatado que as suas opiniões, certamente por coincidência, batem sempre certas com o politicamente correcto e com as de quem está no Poder.

O que também não é destituído de lógica!

Pergunto, no entanto, porque é que defende a adequação. Será que é para não haver problemas nas unidades? Será que é porque uma grande parte do contingente, poder não concordar com as missões no exterior por estas nem sempre estarem em consonância com o estudo entregue tinha de facto cabeça, tronco e membros e tinha até, pernas para andar. Em síntese: todos os jovens vinham à tropa e faziam quatro meses de recruta; quem quisesse ficaria como contratado e iria preencher o principal do sistema de forças. Os restantes passavam para a reserva territorial e manteriam um treino anual, salvo erro, até aos 35 anos. Era uma espécie de sistema à suíça, incipiente. Ora o «nosso cabo» pegou nisto e aproveitou apenas o que dizia respeito aos quatro meses...

Estávamos em 1991.

O interesse nacional? Se assim for isso significa que não haverá sintonia entre o Estado e a Nação?

Diga-me o «duplo voluntariado» é adequado?

Isto é, os mancebos vêm voluntários para a tropa mas depois, quando é preciso enviá-los para qualquer lado, é preciso perguntar-lhes novamente? E podem desistir quando querem durante o processo, como eu já vi acontecer quando era suposto transportar 190 homens de avião, para algures nos Balcãs e só levei 189?

E porque não há o 3.º voluntariado? Ou seja, quando é preciso enviar uma patrulha para uma missão qualquer, porque não se pedem voluntários?

É adequado? Já pensou o Senhor general como vai conseguir recompletar uma subunidade que tenha umas dezenas de baixas, com tudo na retaguarda preso por arames?

E se nessa altura já ninguém se voluntariar? Manda (se conseguir passar guia de marcha a alguém, no estado em que as coisas estão...) um pelotão só de sargentos do QP, pois esses podem ser obrigados a ir, mesmo que não se voluntariem?

E já reparou que o actual sistema causou uma brecha insanável na coesão das tropas porque os estatutos entre o QP e os contratados e voluntários são diferentes?

Finalmente fará o favor de me explicar, o que distingue um Exército a funcionar nestes moldes, de uma qualquer empresa de segurança privada?

*****

Segue-se as declarações do deputado Matos Correia, que são no mínimo surpreendentes.

Mostra-se preocupado com «o afastamento cívico dos jovens em relação às FA», e quer «debater» o assunto, mas não defende o regresso ao SMO.

É preciso ter lata.

Então estava à espera que acontecesse o quê, depois de todas as barbaridades que os partidos políticos – com o PSD à frente – disseram e fizeram para com a instituição militar, faz décadas?

Lembro que o seu partido até se absteve na votação final, na AR, aquando da votação do diploma que acabava com o SMO, em 1/7/99, e digo-lhe porquê: por não concordarem que a versão final do documento previsse um período de transição de quatro anos, queriam que acabasse no próprio dia!3

O então deputado Pedro Passos Coelho classificou como «um logro» tal medida, certamente por ter sido proposta pelo PS...

Está o senhor deputado preocupado que as pessoas questionem sobre a existência das FA?

E, ainda, que o dia da Defesa Nacional «é pouco». V. Exa só pode estar a mangar com o povo!4

Então já não vamos em mais de 30 anos em que a política com («p» minúsculo) e seus agentes principais, tudo têm feito – sem nada assumirem – para destruir e reduzir a cinzas a mais importante instituição do País e o senhor vem agora com lágrimas de crocodilo chorar sobre o leite derramado?

E chega a dizer que «um estado soberano não pode abdicar desse instrumento de soberania»? Soberania?

O Senhor fala em soberania? Qual? Aquela que passaram para Bruxelas? A que é exercida em Berlim? A que «delegaram na Troika»? À que se curvam diariamente perante os «mercados»?

Ou, até, e para cúmulo aquela representada pela tristíssima cena zoológica protagonizada pelo inenarrável MDN (e também o MNE e Tribunal), relativamente aos quatro espanhóis que «invadiram» as Ilhas Selvagens o que depois obrigou a Marinha portuguesa a passeá-los até ao Funchal, alimentá-los, aboletá-los, etc., saindo condenados a pagar uma multa de quatro euros, pelo que fizeram?

Se isto não é um Estado das bananas, da República dos sem vergonha, é o quê?

E não vale a pena estar a perder mais tempo com o resto da conversa redonda (de chacha) em que se enredou.

*****

O general Valença Pinto foi mais lacónico: «foi uma revolução bem-sucedida, resolveu o problema da impreparação do contingente, devido ao serviço de 4 meses».

Que revolução? Qual era o problema?

A FA e a Marinha já praticavam o processo do voluntariado em larga escala; o Exército apenas tinha que copiar o modelo e tinha quatro anos para o fazer...

Já expliquei, a montante, a questão dos 4 meses. Foi uma demagogia execrável que as chefias militares engoliram, como têm engolido quase tudo, refugiando-se atrás de uma postura institucional.

Se revolução houve, ela operou-se nas cabecinhas, pois tiveram que se adaptar a uma exiguidade de meios humanos e à falta de «mão-de-obra barata»; tiveram que passar a pedir mais recursos para colmatar aqueles que o SMO fazia e que ia desde servir nos bares das unidades até pintar paredes.

Até deixou de ser obrigatório fazer o recenseamento aos 18 anos... Em 2013 o MDN suspendeu o Dia da Defesa Nacional, para «reformular o modelo e reduzir custos». Mas a verdadeira razão esteve na morte de uma moça num infeliz acidente.

Revolução seria organizar as coisas de modo a ter os militares permanentemente ocupados, seja em cursos, seja em treino, seja em exercícios e perder o péssimo hábito de enviar os mancebos para casa à 5.ª feira (e outras semelhantes) para pouparem nas finanças.

A «revolução» foi ter que arcar com o ónus – que pertencia aos políticos – de andar a fazer propaganda como se tivessem a vender sabonetes, para se conseguir voluntários. Ou seja a decisão de acabar com o SMO foi política, mas a missão de angariar quem quisesse servir (ou será trabalhar?) nas FA, passou para a IM.

E até já se teve que ouvir remoques de incompetência nesse âmbito!

E também não se pode dizer que tenha havido qualquer «revolução» com sucesso neste particular. Basta atentar na qualidade média dos mancebos (mesmo para as forças especiais) que se apresentaram a querer frequentar uma recruta.

O número de jovens autorizados a serem incorporados foi sempre pequeno e não deixou de diminuir com o passar do tempo; o contingente abrangido foi alargado às mulheres – outro erro escusado, que ninguém quer admitir – finalmente, por terem «apaisanado» a vida nas unidades e pelas condições estabelecidas (algumas mudadas a meio do jogo) em que os mancebos vêm mais para a tropa para tirar cursos e estudar por conta; ficar ao pé de casa, etc. do que para serem militares.

Para já não falar nos números do desemprego...

Por tudo isto se pode avaliar melhor a frase do actual CEMGFA ao dizer – com ar sério – «não ter havido dificuldades no recrutamento»...

O que aconteceu não foi nenhuma revolução, foi sim uma outra palavra que também acaba em «ão», mas nada tem a ver com a primeira. Enfim, foi-se fazendo o possível...

E o Senhor general sabe isso muito bem.

*****

Finalmente o general Loureiro dos Santos, habitual e conhecido comentador destas matérias.

Não podíamos estar mais de acordo com ele, ao afirmar que foi um erro, ter-se acabado com o SMO.

Mas a questão que tem que se colocar é saber o que o senhor general fez – depois de ter ocupado todos os elevados cargos que já exerceu – em se opor e contrariar tal erro.

Como V. Exa bem sabe, as atitudes devem ser tomadas quando as pessoas estão no activo em posição de influenciar o devir.

Agora é tarde e Inês está morta...

E permitirá ainda que lhe diga não entender afirmações suas como «não percebi nesta situação de crise que estamos a viver, com a possibilidade de as ameaças aumentarem, porque é que os governantes ainda não decidiram repor o SMO».

Toda a gente sabe, com o senhor à cabeça, porque é que isso acontece.

Explicitá-las seria bem melhor do que as camuflar com retórica...

De facto acabar com o SMO foi um erro, repito, que configura um crime de lesa-Pátria, mas é preciso afirmá-lo com vigor e sem papas na língua.

A questão cívica vem à cabeça: a defesa do território e das suas gentes, a unidade do estado, a dissuasão, a afirmação de soberania e do querer coletivo, numa palavra, a defesa da continuidade da nossa individualidade e identidade, não pode nem deve, ser apenas dever de alguns, é um imperativo para todos.

Ao contrário do que a Constituição prescreve, os direitos não devem estar garantidos à partida, deviam sim, derivar dos deveres cumpridos.

Por último, Portugal é hoje um país pequeno (se exceptuarmos o mar, que está ao «Deus dará»), com pouca população e poucos recursos. O factor humano é o nosso recurso mais importante, e fundamental na equação geral do Poder Nacional.

Nós não podemos desperdiçar recursos, temos que os potenciar. Essa era outra mais-valia importante do SMO.

E já chega por hoje.






Uma tal Teresa Leal


Luís Lemos



A gaja pensará que é boa?

Para conhecer a competência dos que comandam o PSD, queira ler o link que se segue.

E antes fique a saber que esta sujeita, na AR, foi uma das maiores promotoras do aborto, do chamado «casamento» dos maricas e das fufas, e ainda da adopção de crianças por esses anormais. Leia mais...


http://contraprovas.wordpress.com/2012/02/09/teresa-leal-coelho-a-despedida-do-ccb-e-do-slb/





terça-feira, 14 de outubro de 2014


Ciganos com turma própria em Tomar

provoca ataques nas boas consciências


Luís Lemos

As boas consciências que por aí andam, quer católicas, quer ateias, multiculturais de gema, ficaram muito indignadas com a formação de uma turma para ciganos na Escola Primária dos Templários, em Tomar. E então essa famosa «Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial» já pediu explicações...

Sim, de facto não está certo. Numa turma só de ciganos, como é que se pode gamar material escolar, mochilas, casacos, relógios, telemóveis, euritos, etc., aos colegas?

E mais injusto ainda. Fartam-se os ciganos de pagar impostos com os seus pouco rentáveis e legítimos negócios (que nem dão para pagar a renda das casas em que foram alojados por nossa obrigação) e depois os seus filhos não têm direito a uma integração escolar decente, ao lado dos senhores!

Cá por mim, para acabar com esta discriminação, deveria haver uma contabilidade fiscal separada para que toda a colecta oriunda da etnia fosse efectivamente aplicada em benefício das suas crianças, da sua saúde e da sua habitação! E, dado que sobra ainda muito dinheiro, até se poderiam pagar os ordenados dos funcionários da tal Comissão de protecção e mesmo aumentar os seus escassos efectivos, que andam assoberbados de trabalho com tanta discriminação dos contribuintes senhores! A tal Comissão de protecção deveria exigir que assim fosse! A justiça social e o multiculturalismo assim o exigem!

A tal Comissão de protecção está a dormir ou quê? Ou estará feita com os discriminadores, racistas, xenófobos, reaccionários e nazis?! É de desconfiar! Cuidado! Se assim é, é muito grave! Além de imoral, é ilegal! Atenção, DIAP!

Aliás, para que não haja suspeitas de jogo duplo por parte dessa Comissão, os seus membros deveriam depositar no Tribunal Constitucional as suas declarações de interesses, indicando nomeadamente quantos ciganos existem nas turmas dos seus filhinhos ou netinhos, quantos ciganos conhecem na produção, quantos ciganos empregam, quantos ciganos moram nos seus prédios e a quantos hectómetros ou quilómetros das suas residências é que moram ciganos. Não seria preciso – nem convém – declararem se já assistiram alguma vez a ciganos (educadores das crianças ciganas) passarem à frente das pessoas numa bicha, a fazerem arruaças nos bancos dos hospitais, com ameaças a médicos, para passarem à frente de toda a gente, ou se estavam do lado da repressora GNR ou do bondoso Pedro Bacelar de Vasconcelos no caso João Garcia (ver em http://moldaraterra.blogspot.pt/2010/08/pedro-bacelar-de-vasconcelos-ex.html).

E assim, com essa declaração de interesses, certamente repleta de caridade, afastariam todas as suspeitas e demonstrariam que estão de alma e coração com a nobre causa...





domingo, 12 de outubro de 2014


Alpoim Calvão:

Homem de guerra e português do Império


Jaime Nogueira Pinto

Conheci Guilherme Alpoim Calvão no início dos anos 70, quando ele, no rescaldo do raid sobre Conacri, a chamada operação Mar Verde, estava numa semiclandestinidade burocrática no Porto de Lisboa, na Polícia Marítima, ou coisa que o valha.

Quem mo apresentou foi o meu sogro, Luís d’Avillez. Almoçámos numa tasquinha do Parque Mayer, e Calvão desfiou-me a história da expedição a Conacri, da preparação, das confusões, traições e imprevistos dessa madrugada de Novembro de 1970; mas também do sucesso – dos militares portugueses ali presos, que conseguira libertar.

Era uma história em que viviam a imaginação e o atrevimento operacionais e outras coisas importantes e apaixonantes para um miúdo como eu, aficionado de romantismos imperiais e de aventuras de «cães de guerra» que aqui se combinavam com the fog of the war e as suas voltas e azares.

Nascido em Chaves em Janeiro de 1937 e logo a seguir levado para Moçambique, Calvão fizera o Curso da Escola Naval e frequentara especialidades de Mergulho e Combate na Grã-Bretanha. Oficial Fuzileiro, fizera várias comissões de serviço na Guiné, nas quais se distinguira como combatente e comandante e que lhe valeriam as mais altas condecorações nacionais, entre elas a Torre e Espada.

Alpoim Calvão era, como Jaime Neves e Heitor Almendra, um militar – homem de guerra, com uma mistura rara de inteligência operacional, coragem física, iniciativa e sobretudo um carisma único de levar os homens – os seus homens, o seu pessoal – para onde quisesse, até às portas e labirintos do Inferno, se preciso fosse.

Depois da revolução do 25 de Abril tentou, na medida do possível – medida que hoje sabemos que era curta – salvar o que podia ser salvo do Império e do País. Calvão conhecia a maioria dos revolucionários do MFA, as suas folhas de serviços e capacidades e por isso tinha-os na devida (não muito elevada) consideração. Mas não desistiu.

Foi por isso que conspirou e participou no 11 de Março, afinal uma maquinação e provocação esquerdista, para antecipar e sabotar a reacção conservadora nas Forças Armadas. Depois do fracasso anunciado, escapou para Espanha.

Voltei a encontra-lo aí, ele no MDLP, eu mais ligado a outro dos movimentos clandestinos anticomunistas que então se organizavam.

Esses movimentos tiveram um papel importante na articulação da resistência popular que, respondendo à violência com a violência, equilibrou o balanço de forças em Portugal e permitiu o 25 de Novembro e o Thermidor que se lhe seguiu.

Alpoim Calvão serviu-me de inspiração para uma das personagens de Novembro, em que, ficcionando e imaginando, procurei contar uma parte e uma percepção – a do outro lado, do «nosso» – desse tempo de exílios, lutas e melancólicos balanços da História.

Regressado a Portugal, Calvão reintegrou-se na vida civil e normal do país pós-imperial. Como era um homem de acção e com grande força de viver, não se remeteu, como muitos outros, a uma nostálgica e passiva contemplação mórbida de passados gloriosos, amaldiçoando sistematicamente o presente.

É difícil para as gerações que vieram depois da Guerra e do Império compreender o ethos, a vida e o sentido da vida de homens como Alpoim Calvão. São, somos, de «outro país», o que não quer dizer que não entendamos e que até possamos gostar deste.

Calvão não era um «prisioneiro do passado». Aí há 10 anos, em 2004, decidiu arrancar para a Guiné-Bissau com uma empresa destinada a empregar os seus antigos fuzileiros ou os seus descendentes. Fê-lo com outro combatente de África, o Francisco Van Uden, naquele espírito – também ás vezes  incompreensível para estranhos –  de que os que gostávamos de África, não éramos necessariamente colonialistas opressores: gostávamos daquelas pessoas e daquelas terras. E continuámos ou voltámos a gostar quando de «nossas» passaram a ser «deles».

Voltando a esta história.

Quando soube dessa decisão, telefonei-lhe e convidei-o para almoçar no Alecrim às Flores. E não resisti a dizer-lhe:

«Comandante, eu tenho muito respeito e admiração por si; mas mesmo assim, conhecendo-o há muitos anos, sabendo quem o Senhor é e o que vale, acho extraordinário que na sua idade e com os seus problemas de saúde (ele tinha uma insuficiência renal), volte agora para a Guiné, para Bolama!».

A resposta veio pronta:

«Sabe, Jaime, quando ando por aí e vejo alguns dos meus amigos e camaradas Almirantes na reforma e lhes pergunto o que estão a fazer, eles respondem-me:

«Olha, estou a fazer horas para ir buscar a minha mulher ao cabeleireiro», ou «para trazer os netos da ginástica»… E eu digo cá para mim: ninguém me apanha nessa!».

Não apanharam.





sábado, 11 de outubro de 2014


Que defesa da Civilização cristã do senhor cardeal?

Parece estar na moda não julgar...


Luís Lemos

Segundo a esforçada repórter Aura Miguel da (in)coerente Rádio Renascença, o cardeal Francesco Coccopalmerio falou sobre matrimónio no Sínodo da Família, que decorre no Vaticano. E, muito tolerantemente, declarou:

«Temos de ser honestos e dizer: para nós – e não é só para a Igreja Católica, penso que é para a cultura humana em geral – o casamento é entre um homem e uma mulher.»

Até aqui, tudo bem.

E depois acrescenta este senhor, que é, nada mais, nada menos, o Presidente do Conselho Pontifício para os Textos Legislativos:

«... em relação aos casais homossexuais, não os julgamos, mas nunca, em absoluto, podemos equipará-los a um matrimónio, por motivos lógicos e de identidade. E também não os abençoamos, porque não podemos dizer que seja uma coisa boa».

Eis a lógica do senhor cardeal: não os julga; mas depois não pode dizer que seja uma coisa boa. Afinal, julga ou não julga? Ser neutra neste caso não implicará já um julgamento?!

O verbo julgar tornou-se um tabu. Ou, melhor, recusar julgar tornou-se uma arma do relativismo.

Em resumo, segundo o perspicaz cardeal, a Igreja deve ser neutra em relação ao assunto dos chamados «casamentos» entre os invertidos. O distanciamento da Igreja apenas se deve limitar a colocar aspas na palavra. Por enquanto.


A estas incoerências segue-se nas suas declarações uma suposta e genérica defesa dos valores da Civilização cristã. Ora bem. Isto, no seu conjunto e concretamente, será realmente a defesa da Civilização cristã ou a capitulação perante as forças que pretendem destruí-la?

Claro que dizemos capitulação partindo do princípio de que esta desastrosa estratégia seria fruto apenas de insanidade mental ou cobardia. A alternativa é maquinação.

«Temos de ser honestos» na análise – diz o cinzentão cardeal... Força, cardeal! Honestidade para a frente!

E a que a manobradora e actriz Aura Miguel rejubila de alegria com esta doutrina... das libertações.





sexta-feira, 10 de outubro de 2014


Onde já vai no Brasil o «Aborto Hortográfico»

Jabuticaba no Senado



Ana Maria Machado

Não faz muito tempo, você comprou uma torradeira e, em casa, não conseguiu ligá-la. A legislação agora exige três pitocos nos plugues dos novos aparelhos, que não servem mais nos dois buracos da tomada de sempre. Foi preciso comprar um adaptador. Uma chatice, mas mais seguro. Progresso tecnológico. É para o bem de todos, o governo sabe o que faz. Mesmo quando o novo padrão é tão original quanto jabuticaba, que só tem no Brasil. Não serve para qualquer aparelho importado que por acaso você tivesse. E tome adaptador. Você acabou chamando um eletricista e trocando todas as tomadas da parede. Ufa!

Pois aí vem nova surpresa. Você nem imagina o que o Senado anda debatendo a sério, considerando a hipótese de mudar geral. Sem ao menos reparar no ridículo da esquisitice. Se for aprovado, vira lei. Só que, desta vez, não vai haver eletricista que dê jeito. Discute-se uma reforma ortográfica brasileira. Brasileiríssima, que nem jabuticaba. Ainda que sem as delícias da fruta.

«Mas não fizeram uma reforma ainda outro dia? Para que outra?», talvez você pergunte. Vamos esclarecer. O que se fez há pouco tempo (aliás, num processo que ainda não se encerrou) foi um acordo ortográfico entre países de língua portuguesa. Não uma reforma. O objetivo foi que se escreva da mesma maneira o português falado em qualquer parte do mundo. Assim, passa-se a ter um padrão unificado em documentos internacionais que se queira redigir no idioma. E os leitores de todos os países lusófonos passam a se acostumar com a grafia única, que nos permitirá ler livros uns dos outros com menos estranheza (já bastam as do próprio vocabulário, por vezes tão diferente).

Precedido por outros acordos e protocolos em busca desse entendimento, o processo foi amplamente discutido durante 18 anos, em negociações entre filólogos e instituições responsáveis. Venceu impasses e divergências de todo tipo. Foi aprovado pelo legislativo dos países interessados. Foi assinado e promulgado pelos presidentes do Brasil e de Portugal em 2008. Entrou em vigor em janeiro de 2009, com prazo de adaptação estendido no Brasil até dezembro de 2012. Em Portugal, até 2016.

Sabe-se lá por que (ou por quem), na semana antes de terminar nosso prazo oficial, entre o Natal e o Ano Novo de 2012, a presidente Dilma resolveu prorrogá-lo. Não chegou a fazer nenhuma diferença prática. No Brasil, como já estávamos fazendo, continuamos todos usando a ortografia que segue o acordo — é como se escreve neste jornal e nos livros publicados no país e como se ensina nas escolas. Todo mundo entende. A experiência poderá, eventualmente, revelar a necessidade de pequenos ajustes. Mas não é disso que se trata agora.

A jabuticaba que está na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado é outra. É uma proposta de reforma ortográfica, para que se passe a escrever como se fala, «para simplificar e aperfeiçoar a ortografia», de modo a facilitar a alfabetização. Sem letras que não se pronunciam e sem duplicidade de grafia para o mesmo som. A justificativa populista é ajudar as crianças, ensinando-as a escrever, por exemplo, «O omen xora porqe qer caza para abitar» (sic).

Nem vale discutir os detalhes dessa ideia estapafúrdia. Questiona-se é a premissa, em nome de uma pretensa inclusão social.

Nada disso é necessário. O linguista Marcos Bagno lembra que as línguas mais faladas e escritas internacionalmente (como o inglês e o francês) têm ortografias complicadas e nem por isso deixaram de se difundir. Não precisaram de jabuticabas simplificadoras. Será que as crianças deles são mais capazes que as nossas?

O filólogo e acadêmico Evanildo Bechara insta a CE do Senado a não levar adiante a proposta de «simplificação», um equívoco talvez baseado em «amnésia ou ignorância». A professora Marília Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Linguística, encaminhou aos senadores documento em que sublinha que o que dificulta o processo de alfabetização de crianças oriundas de segmentos sociais de pouca familiaridade e contato com a língua escrita não é a ortografia. É a falta de uma experiência letradora significativa anterior e paralela ao processo escolar.

Há casos em que essa vivência falta também a muitos professores, lembro eu. Sinal de melhora: gente vinda de um ambiente iletrado está chegando à alfabetização nas últimas décadas. Algo a se celebrar. Mas também sinal de alerta: a formação de nossos professores precisa ser de melhor nível, capaz de incorporar alternativas pedagógicas mais eficientes, de corrigir eventual falta de intimidade com a cultura escrita e de compensar desigualdades de origem. Precisa capacitá-los a alfabetizar.

Tomara que o Senado consiga perceber isso. Mais clareza nas prioridades, gente. O remédio é qualidade na educação. Não é jabuticaba.


Ana Maria Machado é escritora.
Originalmente publicado no Globo em 20 de Setembro de 2014.





quinta-feira, 9 de outubro de 2014


Centenas de milhar de manifestantes

que os media censuram...


No dia 5 de Outubro, tiveram lugar por toda a França manifestações, reunindo centenas de milhar de pessoas, a favor da família natural e contra o aborto, o chamado «casamento» entre indivíduos do mesmo sexo e os outros pontos da agenda das feministas e dos invertidos.

Alguém viu notícias nos nossos meios de comunicação, controlados pela esquerda e pelas estirpes visadas?

Eis algumas fotos.