BLOGUE DA ALA DOS ANTIGOS COMBATENTES DA MILÍCIA DE SÃO MIGUEL

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015


Coisas do Diabo

O deputado que quis boicotar o 10 de Junho!


A primeira manifestação do 10 de Junho depois do golpe de Abril foi alvo de uma tentativa de boicote violento por parte da extrema-esquerda. A PSP foi obrigada a abrir fogo para defender os cidadãos que pretendiam celebrar o Dia de Portugal e homenagear Camões. Um contra-manifestante morreu e outro ficou paraplégico: o agora deputado Falcato Simões, eleito pelo Bloco de Esquerda.

Um dos novos deputados mais falados pela comunicação social tem sido Jorge Falcato Simões, eleito pelo círculo de Lisboa nas listas do Bloco de Esquerda. O arquitecto de 61 anos, paraplégico desde 1978, apresentou a sua candidatura «independente» como uma forma de dar voz às pessoas com deficiência.

O facto de se deslocar em cadeira de rodas vai obrigar a construir rampas no hemiciclo e fazer várias obras em S. Bento para permitir a criação das necessárias acessibilidades à circulação do novo membro do Parlamento, conforme foi contado nos jornais e nos canais de TV. Até aqui tudo bem.

O que as televisões não contaram foi como é que Falcato Simões ficou paraplégico.

Liberdade só para alguns

Em meados de 1978, apesar da derrota militar imposta às forças totalitárias – comunistas e extrema-esquerda – quase três anos antes, a 25 de Novembro de 1975, e das sucessivas derrotas políticas infligidas às mesmas forças em todas as eleições (legislativas, presidenciais e autárquicas), a rua, em Portugal, continuava a ser considerada monopólio das esquerdas.

Apesar das vicissitudes do período revolucionário, o 10 de Junho nunca deixara de ser reconhecido, pelo povo e pelas autoridades constituídas, como o Dia de Portugal e de Camões (a que se acrescentou, precisamente a partir de 1978, das Comunidades Portuguesas). Quando, pela primeira vez desde o golpe de 25/4/1974, alguém se lembrou de comemorar o 10 de Junho com uma manifestação de rua em Lisboa… caíram o Carmo e a Trindade.

Mas a convocatória da manifestação cumpriu todos os requisitos legais. E, naquele feriado patriótico, acabou mesmo por realizar-se no lugar marcado: o Largo de Camões, em homenagem ao Poeta.

Esquerdistas, totalitários e violentos

O problema é que, para os totalitários – em particular, os comunistas marxistas-leninistas, então organizados no PCP (R), Partido Comunista (Reconstruído), apoiado pela respectiva «frente de massas», a UDP, que está na génese do actual Bloco de Esquerda –, à boa maneira stalinista, a liberdade, a democracia e o direito de manifestação só se aplicam a eles próprios e às suas causas…

Perante uma manifestação que se atrevia a descer à rua com o objectivo de celebrar Portugal e homenagear Camões, erguendo bandeiras nacionais e ousando declarar-se patriótica, os esquerdistas não tiveram a mais pequena dúvida. Havia que boicotar os «fascistas» e «nazis» (sic). E vai de convocarem uma contra-manifestação destinada a impedir, pela violência, o exercício da liberdade dos manifestantes pró-10 de Junho.

Quem mandou disparar

Para evitar confrontos, as autoridades – convém lembrar, hoje mais do que nunca, que estava em funções o II Governo Constitucional, sendo primeiro-ministro Mário Soares e ministro da Administração Interna Jaime Gama, ambos socialistas e ambos fundadores do PS – mandaram a PSP avançar.

E assim foi. Quando os agressores esquerdistas atacaram, a polícia foi obrigada a responder, para se proteger e para proteger os cidadãos que se manifestavam de forma ordeira, a coberto da lei.

Houve tiros. Um dos contra-manifestantes, um estudante de medicina de 18 anos, morreu. Outro participante na contra-manifestação violenta foi ferido com gravidade, acabando por ficar paraplégico. Era professor e, segundo um comunicado dos seus correligionários, «membro da UDP». Chamava-se Jorge Falcato Simões.

37 anos depois

Passados 37 anos, Falcato Simões foi, com toda a legalidade, eleito deputado.

A UDP deixou de existir como partido, mantendo-se como associação política dentro do Bloco de Esquerda.

É com esta força política que o actual líder do PS, António Costa, assin​ou um acordo para formar Governo. Que teve, naturalmente, o voto favorável do deputado Falcato Simões. O mesmo que foi boicotar uma manifestação de homenagem ao 10 de Junho, levou um tiro da polícia e ficou paraplégico.





terça-feira, 22 de dezembro de 2015


Eslovénia rejeita em referendo

casamento entre pessoas do mesmo sexo


Mais de 60% dos eslovenos rejeitaram hoje em referendo uma lei que autorizava o casamento entre pessoas do mesmo sexo, aprovada em Março no Parlamento, segundo os resultados quase definitivos divulgados pela comissão eleitoral.

O referendo foi realizado por iniciativa dos opositores do casamento homossexual, que obtiveram 63,12% quando estavam contados 96% dos votos, enquanto os apoiantes da lei ficaram com 36,88%, de acordo com os resultados.

A votação contou apenas com a participação de 35,65% dos eleitores, mas mesmo assim o referendo é válido, dado que só necessitava de uma participação de 20%.

No Parlamento, a lei alcançara uma larga maioria, com o apoio da esquerda e do partido centrista do primeiro-ministro, Miro Cerar, reconhecendo aos casais do mesmo sexo os mesmos direitos dos casais heterossexuais, incluindo o direito de adopção, o ponto mais contestado pelos opositores.

O Papa Francisco defendeu esta semana o «não», convidando os eslovenos a «apoiarem a família, estrutura de referência da vida em sociedade».

Os defensores do «não» eram apoiados pela oposição de direita e pela Igreja católica e lançaram este processo conseguindo reunir as 40 mil assinaturas necessárias para a realização de um referendo de iniciativa popular.

A organização do referendo suspendeu a aplicação da lei e não chegou a realizar-se qualquer casamento ao abrigo da mesma.

O Primeiro-Ministro e o Presidente da Eslovénia, Borut Pahor, apoiaram o «sim».







O tempo dos pós-socráticos


Helena Matos, Observador, 20 de Dezembro de 2015

Enquanto Sócrates anda às voltas com a Justiça, os pós-socráticos ficaram livres do passado e, o que é dramático, de mãos soltas para voltar a aplicar as receitas do passado.

Os pós-socráticos não têm ideologia. Têm objectivos. Ou melhor, um objectivo: ser poder. E têm um passado, que é aliás o seu denominador comum e a circunstância que faz deles o que são: pós-socráticos.

Os pós-socráticos estiveram no poder com Sócrates e com ele perceberam como a esquerda democrática, esgotado o modelo do socialismo por falta de dinheiro para distribuir, ficou disponível para apoiar mais caudilhos do que líderes porque os primeiros ao contrário dos segundos lhes reforçam a ilusão de que o mundo gira consoante a sua vontade. Mas a maior dívida de gratidão dos pós-socráticos para com Sócrates nasce não da maioria absoluta que Sócrates lhes deu e da desenvoltura narcísica com que exerceu o poder mas sim do facto de Sócrates e as suas estapafúrdias circunstâncias de vida terem poupado o PS e os dirigentes socialistas que o rodeavam a serem confrontados com o balanço da sua governação.

Ao reduzir-se o balanço dos anos de Sócrates à frente do PS ao anedótico dos envelopes com garrafas e à estrambólica megalomania que caracterizava o antigo primeiro-ministro, eximiu-se o PS de prestar contas pelo desastre a que não só por sua responsabilidade mas em grande parte por ela o país chegou em 2011.

Neste momento António Costa reproduz o modelo económico de Sócrates – atirar dinheiro para a economia, apostar no consumo interno, aumentar a despesa do Estado – e mimetiza, exponenciando-os, os traços da arrogância do antigo primeiro-ministro perante quem não se submeter à sua vontade. Para já os directamente visados são os accionistas maioritários da TAP que, garante Costa, volta para o Estado, com ou sem acordo, e as empresas que ganharam as concessões dos transportes de Lisboa e Porto.

A leviandade da actuação do actual primeiro-ministro nestas matérias, a par da quebra dos vários compromissos em que assentava o regime (Presidência da AR, escolha dos membros do Conselho de Estado) deviam ter feito soar vários alarmes mas, depois de Sócrates, no que aos socialistas respeita, Portugal tem uma regra: ou é crime ou é carisma.

E assim, enquanto Sócrates anda às voltas com a Justiça, os pós-socráticos ficaram livres do passado e, o que é dramático, de mãos soltas para voltar a aplicar as receitas do passado, agora com a prestimosa ajuda cénica das esquerdas da esquerda.

Oficialmente as esquerdas uniram-se para terem um governo. Depois as esquerdas deram as mãos para terem mais lugares no Conselho de Estado e a Presidência da Assembleia da República. Também temos direito à esperança porque a esquerda está no poder. Um novo tempo porque este é o tempo da esquerda… Para lá do recorrente folclore da esquerda festiva (alguém que à direita entrasse em semelhante exaltação mística com um governo das direitas seria dado como louco furioso na melhor das hipóteses) temos um facto: as corporações que vivem do Estado estão a reforçar o seu poder não apenas na máquina estatal mas também nos partidos. Não por acaso o PCP está a reduzir-se à condição de braço político dos sindicatos, sobretudo da aérea dos transportes, que não se importam de ver o partido perder votos desde que eles continuem a ver garantidos os seus privilégios graças ao apoio que o PCP dá a este Governo.

Mas a utilidade da arregimentação das esquerdas não acaba aí. Essa exaltação colectiva é fundamental para reforçar a ideia da direita enquanto um corpo estranho no nosso sistema político.

A discussão em torno da direita é em Portugal uma espécie de encontro sobre o grau de tolerância a mostrar perante comportamentos desviantes. Para começar assente-se no dogma: está cientificamente demonstrado que esta direita, a nossa, é a mais estúpida do mundo. Algures, existirá ou terá existido aquela direita, estoutra direita, aqueloutra direita, essoutra direita…que é (ou foi) culta e civilizada. Mas a nossa, a contemporânea, é inapresentável e nada tem a ver com a direita do algures ou do passado, nomeadamente a representada por Sá Carneiro. (Curiosamente enquanto Sá Carneiro foi vivo nunca lhe foi reconhecido esse estatuto superior, antes pelo contrário.)

Salvaguardada a direita do algures ou do passado resta portanto «esta direita», a contemporânea. Aquela que somatiza aquilo que a esquerda intelectualiza. Onde a esquerda tem indignados a direita tem ressabiados. Onde a esquerda sente traições a direita fica raivosa. Onde a esquerda denuncia conluios a direita sofre de azia. Dada esta circunscrição da direita a uma espécie de aparelho digestivo rudimentar passam por comentário político declarações como as de Edgar Silva, candidato presidencial do PCP, para quem a direita está «raivosa» e com «azia» e de António Costa que diz esperar «que o ressabiamento nervoso da direita passe daqui a uns meses». Como não podia deixar de ser, Marcelo Rebelo de Sousa, reduz tudo (e a si mesmo) a uma espécie de paráfrase do pessoano «Come chocolates pequena» propondo-se enquanto Presidente da República ajudar a lidar com a «amargura» da direita.

É isto Portugal no fim de 2015: os pós-socráticos governam, as esquerdas dão o tom e a direita está reduzida à condição de estômago. Como não podia deixar de ser o único que anda à procura do seu lugar no tempo dos pós-socráticos é Sócrates.





quinta-feira, 17 de dezembro de 2015


MENSAGEM DOS FUZILEIROS NAVAIS AMERICANOS


Pode um bom muçulmano

ser um bom americano, canadiano ou inglês?


Teologicamentenão. Porque a sua fidelidade é para com Alá, o deus-lua da Arábia.

Religiosamentenão. Porque nenhuma outra religião é aceite pelo seu Alá, excepto o Islão. (Quran, 2:256) (Corão)

Em relação às Escriturasnão. Porque a sua fidelidade é com os cinco pilares do islão e com o Corão.

Geograficamentenão. Porque a sua fidelidade é com Meca, para a qual ele se vira cinco vezes por dia para orar.

Socialmentenão. Porque a sua fidelidade ao islão o proíbe de fazer amigos cristãos ou judeus.

Politicamentenão. Porque ele deve submeter-se aos mulás (líderes espirituais), que pregam a aniquilação de Israel e a destruição da América, o Grande Satã.

Domesticamentenão. Porque ele é instruído para casar com quatro mulheres e bater e açoitar a sua esposa quando ela lhe desobedece. (Corão 4:34)

Intelectualmentenão. Porque ele não pode aceitar a Declaração de Direitos Canadense, ou a Constituição americana, uma vez que ela é baseada em princípios da Bíblia e ele acredita que a Bíblia é corrupta.

Filosoficamentenão. Porque o islão e o corão não permitem a liberdade de religião e expressão. A democracia e o islão não podem coexistir. Todo o governo muçulmano é ou ditatorial ou autocrático.

Espiritualmentenão. Porque quando nós declaramos [ser] «Uma nação sob Deus», o Deus cristão é de amor e bondoso, enquanto Alá nunca é mencionado como Pai celeste, nem é chamado amor nos 99 excelentes nomes do Corão.






quarta-feira, 2 de dezembro de 2015


Honra e Glória


António Ribeiro da Fonseca
Alferes Mil.º de Infantaria
CCac1671/BCac1907

Moçambique: 1967 a 1969
Capitão de Infantaria ‘Comando’

Comandante da 35.ª CCmds
Guiné: 1971 a 1973







Ainda o 25 de Novembro


Carta de Filipe Pinhal
ao presidente da Junta de Freguesia de Belém
sobre a placa comemorativa do evento.


Ex.mo Senhor Presidente da Junta de freguesia de Belém,

Uma vez que quem tinha a obrigação de assinalar a passagem do 40.º Aniversário do 25 de Novembro não teve coragem para o fazer, e porque a maioria dos deputados da Nação resolveu agravar a falta, oferecendo ao País um espectáculo inqualificável de pusilanimidade e covardia, apraz-me felicitar a Junta de Freguesia de Belém pela iniciativa do descerramento da placa alusiva à data.

Como português que viveu os acontecimentos, sei avaliar o significado da data e a importância da decisão da Junta.

Como lisboeta, orgulho-me de a minha cidade passar a ostentar um símbolo visível da memória do dia.

Por isso, agradeço à Junta de Freguesia de Belém o que fez para honrar o passado.

Permito-me dar conhecimento desta mensagem (em «blind copy») ao meu círculo de amigos, a quem convido a visitar o site da Junta e a ler a notícia desta oportuna celebração da História.

Apresento os meus cumprimentos,


                                                                                          Filipe Pinhal





segunda-feira, 16 de novembro de 2015


Comissão Portuguesa de História Militar




XXIV COLÓQUIO DE HISTÓRIA MILITAR


NOS 600 ANOS DA CONQUISTA DE CEUTA
PORTUGAL E A CRIAÇÃO DO PRIMEIRO SISTEMA MUNDIAL

PROGRAMA


17 DE NOVEMBRO

10H30 | SESSÃO SOLENE INAUGURAL

Presidida por sua Excelência o Ministro da Defesa Nacional

Oradores:

Tenente-General Alexandre de Sousa Pinto

Presidente da Comissão Portuguesa de História Militar

SExa. o Ministro da Defesa Nacional (a confirmar)


Entrega do Prémio Defesa Nacional 2014

11H45 | CONFERÊNCIA DE ABERTURA

Conferencista convidado

Arq. João Barros Matos

«Do mar contra a terra. Mazagão, Ceuta e Diu,
primeiras fortalezas abaluartadas da expansão portuguesa»

12H30 – 14H30 | ALMOÇO

14H30 | I SESSÃO

Moderador:

Prof. Doutor Pedro Soares Martinez

Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Direito
da Universidade de Lisboa

Oradores:

Coronel Prof. Doutor Luís Alves de Fraga

«A estratégia nacional portuguesa na definição de uma vocação nacional
(1415-1975)»

Tenente-Coronel Mestre Abílio Lousada

«A reorganização do aparelho militar português no contexto da conquista de Ceuta
e a transformação dos assuntos da guerra na Europa do século XV»

Coronel David Manuel de Matos Martelo

«Os velhos do Restelo»


18 DE NOVEMBRO

10H30 | II SESSÃO

Moderador:

General António Eduardo Q. Martins Barrento

Ex-Chefe do Estado-Maior do Exército

Membro efectivo do Conselho Científico da Comissão Portuguesa de História Militar

Oradores:

Prof. Doutor João Gouveia Monteiro

«Luzes e sombras na operação militar da tomada de Ceuta, em 1415»

Dr. Vitor Viana Pinto

«Espionagem e transmissão de informação inteligente no Portugal da primeira metade
do século XV – Ceuta um ‘estudo de caso’»

Mestre António Carlos Martins Costa

«A renovação dos estudos de história militar portuguesa do século XV»

13H00 - 14H30 | ALMOÇO

14H30 | III SESSÃO

Moderador:

Prof. Doutor Luís Aires Barros

Presidente da Academia das Ciências de Lisboa e Sociedade de Geografia de Lisboa

Oradores:

Mestre D. Elise Cardoso

«A logística militar à época da conquista de Ceuta»

Mestre Roger Lee de Jesus

«Abastecer a Guerra noutro Oceano: o Armazém das Armas de Goa em 1545-1546»

Coronel José Paulo Ribeiro Berger

«A Importância dos modelos no planeamento das operações militares – Conquista de Ceuta»

Tenente-Coronel Mestre João José Brandão Ferreira

«Ceuta: o início da escola de geopolítica portuguesa»


19 DE NOVEMBRO

10H30 | IV SESSÃO

Moderador:

Tenente-General António de Jesus Bispo

Membro efectivo do Conselho Científico da Comissão Portuguesa de História Militar

Oradores:

Prof. Doutor Augusto Moutinho Borges

«Construtores da muralha de Ceuta: S. João de Deus quotidiano, tempo e espaço»

Dr. Jaime Regalado

«O Armamento de Fogo no Início da Expansão: O Estado da Arte em Portugal»

Mestre D. Inês Meira Araújo

«Um retrato das forças portuguesas em Marrocos: guerra e armamento (século XV)»

13H00 14H30 | ALMOÇO

14H30 | V SESSÃO

Moderador:

Prof. Doutora D. Manuela Mendonça

Presidente da Academia Portuguesa da História

Oradores:

Coronel Manuel Fernando Ribeiro da Silva

«D. Pedro de Meneses – 1.º Capitão de Ceuta»

Mestre Nuno Simão Ferreira

«A missão militar chefiada pelo Brigadeiro Vasco de Carvalho a Ceuta, no ano de 1942»

Coronel Prof. Doutor Rui Carita

«A conquista de Ceuta e a génese da Expansão Europeia da época Moderna.

Ceuta e os capitães da ilha da Madeira»


20 DE NOVEMBRO

10H30 | VI SESSÃO

Moderador:

Almirante Nuno Vieira Matias

Presidente da Academia de Marinha

Oradores:

Dra. D. Maria de Jesus Pessanha Caimoto Duarte

«A tomada de Ceuta. Avis uma dinastia messiânica?»

Mestre António Pedro da Costa Mesquita de Brito

«O combate na prática e na teoria – As 'artes da guerra' renascentistas»

CMG José António Rodrigues Pereira

«De Ceuta para o Atlântico. As viagens de descobrimento
sob a direcção do Infante D. Henrique»

13H00 | SESSÃO DE ENCERRAMENTO

Orador:

Tenente-General Alexandre de Sousa Pinto

«Nuno Álvares Pereira e a conquista de Ceuta»


Comissão Portuguesa de História Militar

Palácio da Independência – Largo de S. Domingos, 11 1150-320 Lisboa

Telm. 964779799 | E-mail: cphistoriamilitar@defesa.pt | www.cphm.pt






O principado de Zouheir


Helena Matos, Observador, 15 de Novembro de 2015

Combater o terrorismo pressupõe o tempo longo dos pactos e a resiliência que nasce das convicções. Ora nós vivemos o esboroamento do centro e trocámos as convicções pelas indignações.

Não, não me apetece pela quinquagésima vez o «somos todos» qualquer coisa, mais o facebook às riscas e a Marianne a chorar. Já sabemos como vai ser não é? Lembram-se do Charlie Hebdo? Éramos todos tão livres, não éramos? Pois éramos. E claro que não se pode ter medo, que a França é a pátria da Liberdade, que mesmo ferida se vai levantar… Pois, mas em Julho deste ano, meio ano após os atentados, o editor do Charlie Hebdo anunciou que aquele jornal não voltaria a publicar desenhos satíricos de Maomé. Ficámos um bocadinho menos «charlies» não foi? E o bom Charlie vai fazendo as suas caricaturas com os bispos do costume e até entreviu no nosso governo de esquerda uma espécie de vitória sobre o nosso passado colonial, não foi? Pois é, com um bocadinho de esforço quase que se pode dizer que o Charlie continua na mesma. Afinal, cada um acredita não no que quer mas sobretudo no que precisa. Há quem goste de acreditar que continua novo apesar das rugas. Nós precisamos de acreditar que continuamos livres.

Portanto, agora que a onda está aí de novo, mais as flores, as velas e o Imagine, prefiro fazer de conta que não engulo em seco diante das imagens daquela gente outra vez pendurada numa janela para não morrer (lembram-se do 11 de Setembro?) e daquele rapaz arrastando um corpo pelo meio da rua (uma rua de Paris!), para me poupar à irritação daquele momento que não tarda em que cairemos no processo da voz passiva que nos leva do óbvio – terroristas matam – ao grotesco das pessoas que «acabaram por falecer» na sequência de actos alegadamente praticados por terroristas. Actos esses pressurosamente transformados em respostas às políticas do Ocidente. Do Ocidente que quer o petróleo. Do Ocidente que intervém. Do Ocidente que não intervém. Do Ocidente que desenhou as fronteiras. Do Ocidente que fez as cruzadas… enfim uma espiral retroactiva em que as culpas nunca se expiam antes se exponenciam. (No nosso portuguesíssimo caso junta-se a tudo isto, segundo Ana Gomes, a demora de Cavaco Silva em indigitar António Costa. Mas não creio que, para já, a comunidade internacional se sinta capacitada para ponderar essa tese).

Há algo de grotesco nesta forma de ver o mundo em que o outro – aquele que por uma qualquer razão nos odeia ou ataca – é sempre o elemento neutro. Ele por ele nada faz. Os seus actos são sempre o resultado de algo que nós, os nossos pais, os nossos avós e os nossos antepassados fizeram, pelo menos até àquele polémico momento em que o Neandertal se terá cruzado no planeta Terra com o Sapiens sapiens. Dir-se-á que isto é pateta. Pois é. Mas o problema das visões patetas é que o seu simplismo constitui-se como argumento eficaz na justificação do injustificável: com os terroristas reduzidos à condição de consequência dos nossos actos, a responsabilidade pelo terrorismo deixa de ser dos terroristas pois é transferida para aqueles que o sofrem.

Não é por acaso que após os atentados terroristas vivemos uma sensação de desconcerto, como se não fosse justo nem lógico fazerem-nos aquilo. Na verdade para nós não é. Mas só para nós. Do ponto de vista do terrorista não só tudo aquilo faz sentido como é lógico: são actos tácticos de uma estratégia com objectivos próprios.

O terrorista não é uma marionete puxada pelos fios dos actos presentes e passados dos outros. Muito menos é alguém que buscando os mesmos objectivos de justiça dos não terroristas apenas se enganou no caminho. O terrorista existe independentemente de nós.

Recordo como este exercício de ver o terrorista como um resultado e não como um sujeito dotado de vontade própria era particularmente penoso no caso dos atentados da ETA, em Espanha. Primeiro a ETA matava por causa de Franco. Depois veio a Transição a ETA passou a matar ainda mais (é exactamente durante a Transição que a ETA é mais mortífera: 84 mortos em 1979 e 93 em 1980) mas tal, dizia-se, explicava-se pelo combate à herança do franquismo presente no aparelho de Estado. A Espanha tornou-se democrática e a ETA continuava a matar militares, polícias, políticos e empresários mas isso devia-se à ligação dos militares ao passado, dos polícias à repressão, daqueles políticos à direita e dos empresários ao dinheiro. A ETA continuava a matar. Politicamente as balas entravam em nucas de direita e de esquerda. Mas havia sempre uma culpa da sociedade espanhola para explicar mais uma bomba e mais uma bala: eram os presos da ETA que não podiam estar todos juntos na mesma prisão; era o tribunal que os condenava; era o artigo no jornal que os tinha ofendido; o empresário que não pagava o imposto revolucionário… E quando não se percebia que ligação haveria entre a vítima e os seus verdugos aventava-se que a vítima podia ser um informador. Ou um narcotraficante, porque a ETA queria o País Basco livre de drogas.

A par dos atentados, a ETA desdobrava-se em várias organizações legalíssimas e activíssimas no combate à violência (das autoridades policiais, claro) e de promoção dos direitos humanos, (dos terroristas obviamente). Advogados, professores universitários e jornalistas desdobravam-se, em Espanha e fora dela, em concentrações e conferências de denúncia destes graves atentados à democracia. Ainda por aí andam folhetos em que ilustres participantes portugueses se propunham mediar entre a ETA e o intransigente Estado espanhol.

Até que a 10 de Julho de 1997 a ETA sequestrou Miguel Ángel Blanco, um vereador do PP em Ermua, e deu dois dias ao Governo, então presidido por Aznar, para reagrupar os presos da organização (independentista e não terrorista, segundo boa parte dos órgãos de comunicação). A 13 de Julho o cadáver de Miguel Ángel Blanco era descoberto e nasceu o chamado Espírito de Ermua em que para lá do PSOE e do PP terem estabelecido uma espécie de pacto de regime no combate ao terrorismo a sociedade espanhola deixou de procurar as culpas das vítimas em cada atentado.

Resultado: a ETA foi derrotada. Mas só a ETA, porque o discurso do terrorismo, enquanto resposta automática e não como estratégia de vontade própria, esse apenas mudou os protagonistas do seu enquadramento.

Agora que os mortos se contam na França de Hollande e não na América, para mais de Bush, resta-nos pelo menos a esperança de que esta diferença geo-política nos poupará ao destravamento delirante das teorias da conspiração mas não será suficiente para nos livrar do momento em que os atentados deixam de ser atentados para se tornarem mediaticamente falando na resposta os que fizemos, fazemos ou pensamos vir a fazer.

Quer isto dizer que não acredito nas promessas de união para combater o terrorismo, promessas reiteradas dramaticamente nestes dias? Na verdade não acredito que este seja o momento Ermua da Europa. E não acredito por duas razões. Em primeiro lugar porque combater o terrorismo islâmico implica não apenas, como no caso da ETA, cooperação internacional – alguém ainda se lembra dos «santuários» da ETA em França e de como eles acabaram? – mas coordenação internacional. Mais difícil ainda de conseguir, e aqui chego à segunda razão, ou melhor dizendo ao segundo conjunto de razões: combater o terrorismo islâmico pressupõe intervenções militares e policiais que só se fazem com o tempo longo dos pactos e a resiliência que nasce das convicções.

Ora nós vivemos o esboroamento do centro e trocámos as convicções pelas indignações: às primeiras imagens de uma operação mal sucedida e aos primeiros homens caídos, político europeu algum fora do Reino Unido resiste às «manifestações pela paz», até porque logo os seus rivais usarão esse apelo como argumento eleitoral.

Politica e mediaticamente falando (o que é quase a mesma coisa), a Europa e em parte os EUA alienaram o incómodo estatuto da soberania pelo simpático (mas mortífero) conceito de principado. Ou seja, os seus cidadãos sonham ser ricos, cultos e livres e acreditam e sobretudo querem acreditar que podem manter a sua segurança e a sua dignidade através da distribuição das suas sobras e estabelecendo alianças com outros para que estes primeiro combatam por si e depois para que não a ataquem (qualquer comparação com a Roma da decadência não é casual).

Por isso, se me pedirem um símbolo destes dias eu não escolho a Torre Eiffel, nem as flores, nem as velas mas sim um rosto que não vimos. O de Zouheir. Quem é Zouheir? O segurança que impediu a entrada de um dos terroristas no estádio onde decorria o França-Alemanha. Esperar-se-ia que o rosto deste homem que evitou a catástrofe implícita ao rebentamento das bombas dentro do estádio estivesse na capa dos jornais. Afinal foi um dos heróis dessa sexta-feira. Pois foi e por isso tem medo. Medo que se vinguem nele ou na sua família por ter feito o que devia fazer.

Zouheir somos todos nós.