BLOGUE DA ALA DOS ANTIGOS COMBATENTES DA MILÍCIA DE SÃO MIGUEL

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Belos tempos

Fernando Farinha




Belos tempos, que eu vivi
Com oito anos de idade
Quando no fado apareci
Ambição, sonho querido
Em que eu fiz desta canção
O meu brinquedo preferido
De muito novo
Assentei praça no fado
E com as praças antigas
Aprendi a ser soldado
Passei a pronto
Fiz do fado a minha luta
E agora tenho saudade
De quando era recruta

Belos tempos, quem me dera
Voltar à velha unidade
Do retiro da severa
Ter ainda, o carinho
Desse grande comandante
Que se chamava armandinho
Ver novamente, cantadores e cantadeiras
Naquele grupo valente
Que deu brado nas fileiras
E ouvir também
Alguém chamar na parada
Pelo "miúdo da bica"
E eu RESPONDER À CHAMADA

Música: Júlio de Sousa
Letra:  Fernando Farinha

terça-feira, 9 de julho de 2013

O Ministro da Defesa admoestou o CEMFA!

João J. Brandão Ferreira

(extractos)

O General Chefe do Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA), no discurso que fez durante o 61º aniversário daquele Ramo,

1 proferiu algumas frases que provocaram uma resposta algo desabrida no arvorado a Ministro da Defesa (MDN) Aguiar (traço) Branco.

Que terá dito então, o CEMFA de tão grave? Apenas isto: "Que os cortes estão a degradar a capacidade de resposta do Ramo"; "que no espaço de dois anos a FA foi obrigada a cortar toda a despesa em 36%"; "face à evolução dos orçamentos atribuídos desde 2010, temos vindo a reduzir significativamente as horas de voo, a prontidão das aeronaves, as acções de formação e qualificação e a manutenção das infraestruturas"; "a capacidade de resposta pode ser afectada a curto prazo", e mais meia dúzia de frases semelhantes.

O político laranja que ficará como um dos piores ministros da defesa, desta atormentada e manca III República replicou que "as vulnerabilidades das FA não devem ser discutidas em público" e "que acreditava ser da cultura de todos os chefes e da boa estratégia militar que as vulnerabilidades das FA e da Defesa Nacional, não devem ser ecoadas no palco da discussão pública".

E acrescentou: "que as fragilidades são combatidas diariamente pelo esforço de uma gestão mais eficiente, pela competente definição de prioridades, pelo rigoroso planeamento da acção e pela indução de reformas que conduzam a um aumento de capacidade operacional num quadro muito exigente na aplicação de recursos públicos".

É preciso ter lata!

Vejamos:

O discurso do CEMFA foi educado, institucional e comedido. Não discutiu nada (apenas apresentou factos), não revelou qualquer segredo militar nem nenhuma debilidade que não esteja à vista de todos.

Ou seja o Comandante da FA limitou-se a constatar uma realidade que põe em causa o cumprimento das missões pelas quais é responsável. A única coisa que fez foi dar-lhe uma articulação lógica de modo a poder concluir que "urge, portanto, senhor ministro, encontrar soluções que permitam minorar esta situação".

Não direi que não seja preferível manter determinados problemas relativos às FA no recato dos gabinetes – apesar de, tudo o que na sociedade que agora temos, tenha sido dessacralizado sem piedade (sendo a culpa dos políticos) – mas isso é para ser feito quando há sentido de Estado e as pessoas são sérias de procedimentos.

Tal tem sido a norma por parte das sucessivas chefias militares, sem que da parte política tenha havido qualquer correspondência.

Sem embargo "essa cultura" como o ministro lhe chama, não pode é ser aproveitada para fazerem das chefias militares e dos militares gato-sapato, e usarem os constrangimentos da "condição militar" para manterem as tropas silenciadas, ao mesmo tempo que destroem a seu bel-prazer toda a Instituição Militar.

Em simultâneo não fazem a defesa institucional da mesma – como lhes compete – a não ser em orações de circunstância, já gastas, ao mesmo tempo que passam, continuamente, para a opinião pública a ideia de que a tropa é muita, é cara, é privilegiada, não se justifica e, "last but not the least", "também tem que participar no esforço financeiro do País" – deixando subentender que o não querem fazer – quando estamos há mais de 20 anos a dar para este peditório enquanto o resto do País folgava e ia a banhos a Cancun!

Deve ainda sublinhar-se que as FA enquanto tal, não contribuíram em nada, repito, em nada, para o descalabro financeiro do Estado, que é da exclusiva responsabilidade da classe política!

Mais ainda, os sucessivos MDN têm vindo, faz décadas, a espoliar os orçamentos das FA em favor dos desmandos e desregramento de outros serviços públicos! Desminta se for capaz!

O Sr. Ministro devia era estar calado e com a cara pintada de preto!

E como é que tem o desplante de atirar para cima do CEMFA com o ferrete da melhor gestão, quando não há, nem de perto nem de longe, qualquer organismo do Estado que se administre melhor que as FA, em geral, e com a FA em particular?

E isto note-se, quando o Poder Político tem vindo a esvaziar constantemente as competências da hierarquia militar, não tem permitido um mínimo de factores estáveis de planeamento e destabiliza reiteradamente a IM com anúncios de reorganizações!

Sabe que mais Sr. Ministro, apesar de nem se poder equivaler a um "infra"

2 o seu castigo é o de se rebater sobre o plano horizontal e tentar desviar o eixo da Terra, aí umas 50 vezes. A última com palminhas atrás das costas…

"Você, Traço", pertence a uma classe política que desgraçou o País – apesar de terem todas as condições para o governarem em "velocidade de cruzeiro" – e vem dizer ao Chefe da Força Aérea para definir melhor as prioridades e ser rigoroso no planeamento da acção?

Será que não se vê ao espelho, ou o mesmo saiu-lhe numa tombola da antiga feira popular?

Acaso o gabinete jurídico do Estado-Maior devia ter ido pedir pareceres a escritórios de advogados, similares ao seu? Porventura o Director de Finanças devia ter apostado numa "Swap"? Ou o Comandante da Logística, para asfaltar as pistas, devia ter recorrido a uma parceria público-privada? Sim, diga lá?

Sabe qual era a prioridade que deviam definir? Esta: os senhores nunca mais alapavam o cóccix no "Falcon 50", até pagarem o que devem, o que teria já levado a muita poupança e á economia da última viagem que fez a Moçambique, tendo o desplante de fazer vir a fragata que combate a pirataria na Somália, ao porto de Pemba, para a visitar e tirar umas fotos com os jornalistas!

Finalmente, Sr. Ministro, gosta de desafios? Ei-lo que fica: porque não corta os 36% que o CEMFA referiu, ao orçamento do seu gabinete e melhora a gestão, redefinindo as prioridades? Aceita?

Dir-me-á, ainda, o que pretende que as chefias digam em público: mentiras? Que está tudo bem (outra mentira)? Que agradeçam ao governo os grandes melhoramentos conseguidos (idem)? Ou porventura se congratulem com as reformas vitalícias (e secretas) dos políticos?

O que já não é nada óbvio é que um desqualificado para a função, que nem recruta foi, tivesse o desplante de admoestar o Comandante Aéreo Nacional, publicamente e perante formatura das suas tropas.

Finanças cobram IUC a Vasco da Gama

«Imprensa falsa»

Finanças aproveitam diário da viagem de Vasco da Gama para cobrar o IUC da caravela ao navegador


As Finanças notificaram hoje o senhor Vasco Simplício da Cunha Gama para o pagamento do Imposto Único de Caravelas relativo à embarcação "São Gabriel".

Segundo o Imprensa Falsa conseguiu apurar, o imposto em falta refere-se aos anos de 1497 até 2012, pois Vasco da Gama nunca mandou abater a caravela. Relativamente ao IUC de 2013 o mesmo pode ser liquidado até Julho, porque é o primeiro registo dela.

Até hoje, as Finanças não tinham descoberto o proprietário desta embarcação, mas depois de lerem o diário da viagem de Vasco da Gama à Índia que a UNESCO inscreveu hoje na lista de Memória do Mundo, foi fácil identificar o contribuinte faltoso.

Entretanto, Vasco da Gama já contestou dizendo que arrancou logo para a Índia, nem teve tempo de ir às Finanças, mas, por outro lado, o navegador diz que foi o rei D. Manuel I que ficou de pagar isso, até porque, na verdade, a caravela era dele. Esta contestação não caiu bem junto das autoridades, que consideram que o descobridor difamou o Chefe de Estado, tendo sido enviada a respectiva contestação para a Procuradoria-Geral da República. Vasco da Gama poderá agora ter de vir a pagar, para além do IUC da caravela, uma multa por ofensas ao Chefe de Estado.


O fado das trincheiras

Fernando Farinha





O soldado na trincheira,
não passa duma toupeira
Vive debaixo do chão.
Só pode ter a alegria
de espreitar a luz do dia
Pela boca de um canhão.
Mas quando chegar a hora
dele arrancar por aí fora
Ao som da marcha de guerra,
Seus olhos são duas brasas
e as toupeiras ganham asas
Como as águias lá da serra.

Refrão :
Rastejando como sapos,
com as fardas em farrapos
Pela terra de ninguém
Mas cá dentro o pensamento,
corre mais alto que o vento
Quando pela nossa mãe.
E se eu morrer na batalha,
só quero ter por mortalha
A bandeira nacional.
E na campa de soldado,
só quero um nome gravado
O nome de Portugal.


Soldados da nossa terra,
são voluntário da guerra
Que vêm bater-se por brio.
Raça de povo e de glória,
que escreveu a nossa história
Nos mundos que descobriu.
Por isso a Pátria distante,
brilha em nós a cada instante
Como a luz de uma candeia,
Que arde de noite e de dia
no altar da Virgem Maria
Na igreja da nossa aldeia.


Música: António Melo
Letra: João Bastos e Félix Bermudes