BLOGUE DA ALA DOS ANTIGOS COMBATENTES DA MILÍCIA DE SÃO MIGUEL

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Calendário das comemorações do 1º de Dezembro


CALENDÁRIO DAS COMEMORAÇÕES DO 1º DE DEZEMBRO
Organizado pela Sociedade Histórica de Independência de Portugal (SHIP)

Domingo, 1 de Dezembro de 2013

09h30: Hastear da Bandeira da Restauração com Banda do Exército.
10h00: Missa cantada de Acção de Graças aos "Heróis da Restauração".
11h30: Cerimónias Oficiais de Homenagem aos Restauradores.
12h30: Assinatura do Livro de Honra da SHIP.
14h30: Desfile de Bandas Filarmónicas.
17h00: "Reviver 1640" Reconstrução histórica da actuação dramática dos 40 conjurados.
17h45: "Arraial da Conjura" com música popular portuguesa.
18h30: "LiberTUNAS" com a presença de tunas académicas.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Petição pela demissão do presidente da FIFA

«O presidente da FIFA ofendeu Cristiano Ronaldo, o futebol português e os portugueses em geral. Por tudo isso, e tendo em conta que assumiu uma posição pública de favoritismo por um determinado jogador, colocando-o como preferido a vencer o título de Bola de Ouro, os portugueses, e outros indignados pelo mundo fora, assinam esta petição exigindo a demissão de Joseph Blatter.
Esta atitude do presidente da FIFA demonstra bem a corrupção que paira no futebol mundial, na atribuição de organizações de grandes eventos e de prémios relevantes para a carreira de jogadores e treinadores.
O sucesso que os portugueses têm tido no futebol mundial tem suscitado muitos incómodos no seio da FIFA liderada por Blatter e esta atitude é mais do que suficiente, na opinião do Movimento pela Demissão de Blatter, para que abandone o cargo.»

Assine a petição em http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=P2013N71205

Convívios de antigos combatentes



Sábado, 9 de Novembro

· Almoço-convívio do 38.º Encontro de Especialistas da FAP — AB4 (Henrique de Carvalho, Saurimo), em Alferrarede, Abrantes.

· 44.º Encontro "NANAMUE" Lisboa, Moçambique (Grupo Nacala, Nampula, Mueda e outros), no restaurante "Caravela de Ouro", em Algés.

· Almoço dos Combatentes do Batalhão de Caçadores 2894, Moçambique (Cabo Delegado, Mocimboa do Rovuma, Negomano, Omar, antiga Base Limpopo e Nangade) 1969-1970, no restaurante "Pastilha & Filhas", em Fátima.

· Almoço Anual dos Combatentes da Companhia de Caçadores 557, Guiné (Cachil, Ilha do Como, Bissau e Bafatá) 1963-1965, no restaurante "O Cortiço", nas Caldas da Rainha.

· Almoço-convívio dos Combatentes do Batalhão de Caçadores 1872 (CCS, CCac1476, CCac1477 e CCac1478), "Falcões de Moçambique", Moçambique 1965-1967, em Fátima.



Sábado, 16 de Novembro

· 40.º Almoço-convívio dos Combatentes da Companhia de Cavalaria 3419, Angola (Chimbete e Massabi, no enclave de Cabinda) 1971/1973, no restaurante "Ferro", em Aveiro.

· XIV Encontro Anual dos Militares da Companhia de Comando e Serviços (CCS) do Batalhão de Caçadores 4611-72, Angola Nov1972-Nov1974, no restaurante "Pedra & Fondue", Mourisca, Setúbal.



Domingo, 17 de Novembro

· 50.º Aniversário do regresso dos Combatentes da Companhia de Caçadores 188, mobilizada pelo Regimento de Infantaria 4 (Faro), Angola 1961-1963, integrada no Batalhão de Caçadores 184, no restaurante "Iguarias da Serra", em São Brás de Alportel.



Terça-feira, 19 de Novembro

· Tertúlia Fim do Império. Lançamento do 12º livro da colecção Fim do Império, "Histórias de um Marinheiro Aviador", do Ten. Cor. Pil. Aviador Carlos Marques Pereira, e "Kinda", 2.ª edição, do Maj. Aviador Carlos Acabado, às 15h00 na Livraria-Galeria Municipal Verney, no centro histórico de Oeiras.



Sábado, 2 de Novembro

· Almoço-convívio e 39.º Aniversário do regresso dos Combatentes da 3.ª Companhia do Batalhão de Caçadores 5011, Moçambique (Unango) Fev1973-Nov1974, no restaurante "Azenha Hotel Rural", em Santo Tirso.



 Quarta-feira, 27 de Novembro

· Tertúlia Imperii Finis. "Os Deuses Não Moram Aqui", de Maria Saturnino, com a presença da Autora e do Cor. António Pena, às 15h00, no Palácio da Independência, Largo de S. Domingos, 11, em Lisboa.



Sábado, 30 de Novembro

· Convívio Anual dos Combatentes da 3.ª Companhia do Batalhão de Caçadores 4611-72, Angola Nov1972-Nov1974, no restaurante "São Lourenço", Parque Urbano de Abrantes, em Abrantes.

domingo, 27 de outubro de 2013

João Paulo II sobre a «obsessão» de defender a vida

João Paulo II uma vez concedeu uma entrevista ao respeitado jornalista Vittorio Messori, que lhe perguntou se ele não seria porventura «obsessivo» na sua pregação contra o aborto. O Santo Padre retorquiu-lhe:

«A legalização da terminação da gravidez é apenas a autorização dada a um adulto, com a aprovação de uma lei estabelecida, de tirar a vida a crianças ainda não nascidas e por isso incapazes de se defenderem. É difícil conceber uma situação mais injusta, e é muito difícil falar de obsessão nesta matéria, pois trata-se de um imperativo fundamental de toda a consciência recta – a defesa do direito à vida de um ser humano inocente e indefeso».

(Em Atravessando o Limiar da Esperança, 1994, livro-entrevista baseado nas perguntas de Vittorio Messori)

sábado, 26 de outubro de 2013

Silvino Silvério Marques – General do Exército Português

5/10/13



Faleceu no pretérito dia 1 de Outubro, aos 95 anos de uma vida cheia e com lustre.

Não era uma figura querida dos próceres do actual regime político. O sentimento seria, aliás, mútuo.

Por isso o seu passamento quedou-se despercebido e praticamente ignorado em quase todos os órgãos de comunicação e nenhuma referência oficial lhe foi feita.

É lamentável que assim tenha sucedido sendo de salientar, também, o silêncio que se ouviu por parte das FA, nomeadamente o Exército.

O General Silvino Silvério Marques (SSM) goste-se ou não, ganhou jús a pertencer e a ter lugar na História de Portugal. E não a deslustrou.

O mesmo já não se pode dizer de outros que se elevaram, ou foram elevados a pedestais a que não têm direito e a que muitos prestam homenagem e vassalagem.

SSM foi um notável militar e político e um importante personagem do “Portugal Universal”. Daquele Portugal que acreditava ter uma missão no mundo, mais espiritual que material e que o ultrapassava, pois representava uma espécie de transcendência na Terra.

SSM era um Aristocrata, pelo carácter, pelo saber, pelo porte, pela distinção pela coragem e pelo patriotismo.

SSM não cabia neste quintal europeu e muito menos na chafurdice da actual União, que nos tolhe e aliena e nos está a empurrar para as grilhetas da escravidão.

Sabendo-o merecedor de melhor sorte, libertou-o Deus, chamando-o a Si.

Nascido na Nazaré SSM foi, sem qualquer dúvida, um dos últimos Grão – Capitães, descendente daquela plêiade que pôs pé em Ceuta, em 1415, que chegou ao Japão, em 1543 e se bateu desde então, para que uma certa Ideia de Portugal perdurasse.

A Ideia era boa e justa, pois representava um ideal moral e ético de Humanidade.

SSM acreditou e lutou por este ideal e não o traíu.

SSM nunca virou a casaca do avesso, não tergiversou e não colocou a sua dignidade à venda.

Por isso merece o respeito e consideração, mesmo dos que discordavam daquilo que defendia.

Da segunda vez que foi Governador – Geral de Angola, ao tentar evitar o descalabro do rumo que a “Descolonização” levava, tiraram-lhe o lugar pouco mais de um mês depois de tomar posse…[1]

Em toda a sua vida manteve-se cordato e firme.

Lembro, por ex., a sua saída silenciosa e elegante, passando à frente da tribuna, ao abandonar o local (em protesto), quando o então PR Mário Soares falava durante a inauguração do monumento aos combatentes do Ultramar, em Pedrouços.

Contam-se pelos dedos os militares que tiveram a coragem de actos semelhantes, nas últimas décadas…

Ou, ainda, as polémicas, igualmente elegantes, que manteve com o conhecido Dr. Almeida Santos, sobre os últimos e dramáticos acontecimentos ocorridos no ex-Ultramar Português.

Enfim, a mesquinhez dos homens e a cegueira ideológica trituram tudo…

E, deste modo, o país vai destruindo os seus melhores.

Um dia, estamos confiantes, tudo mudará e a justa homenagem a Homens de valor e Portugueses com maiúscula, será feita.

E aleijados morais, traidores, desertores e antipatriotas, serão relegados para o lixo da História.

A minha homenagem, porém, fica desde já aqui expressa.

Meu General, às suas ordens!

                                                                     João J. Brandão ferreira
                                                                        Oficial Piloto Aviador


[1] -  Tomou posse a 11/6/1974 e foi exonerado no fim do mês seguinte. Foi um notável Governador entre 1962 e 1966. Anteriormente tinha sido Governador de Cabo Verde, entre 1958 e 1962.

domingo, 20 de outubro de 2013

A Espanha, as Selvagens, Olivença e etc.

João J. Brandão Ferreira

23/09/13

“A perda de Portugal foi de puro sangue
e, por isso, o ministro espanhol que não pense
constantemente na reunião ou não obedece
à lei ou não sabe do seu ofício”.

José de Carvalhal y Lencastre
(Ministro de Estado ao tempo do rei Fernando IV, de Espanha)


O SIED e o SIS (já que serviços de informação militar, na realidade, nunca tivemos) passam a sua vida de amadores – o actual sistema político não permitiu ainda que passassem disso – a preocuparem-se com coisas que pouco interessam à segurança do país e seu futuro. O primeiro vai elaborando umas informações sobre teatros de operação longínquos que pouco têm a ver connosco, e ainda é possível que infiltrem uns tipos nos PALOPs (presume-se que Brasil excluído) a fim de perceberem o que se passa por lá (quando não espiam os próprios nacionais em funções), o que, na prática também não serve para nada, já que os sucessivos governos portugueses não têm tido qualquer estratégia para lidar com esses países.
Limitam-se a gastar dinheiro e esforços a brincar às “cooperações”, sem qualquer retorno e a pôr-se de cócoras sempre que a cleptocracia de Luanda tosse.

Leia o texto completo aqui.

2 princípios + 4 objectivos do novo Ministro dos Assuntos Sociais da Austrália

 As suas propostas baseiam-se em dois princípios:

·        Primeiro, as políticas públicas devem proteger e promover o casamento e a família,

·        e, em segundo lugar, sempre que possível, as políticas públicas devem actuar através das organizações familiares e da comunidade, em vez de as substituir.

 Para desenvolver essa política, Andrews apresenta  4 objectivos  políticos:

1.  Os estados devem ter uma política explícita para o casamento e a família.

2.   Devem procurar, no mínimo, garantir uma taxa de natalidade que permita a renovação de gerações.

3.   A política nacional deve afirmar o ideal da solidez conjugal e afirmar o casamento como o clima ideal para a educação dos filhos.

4.   A política deve valorizar a estabilidade da família e reforçar a responsabilidade pessoal e inter-geracional.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Para ti, que és um amante da língua portuguesa!

Sabe o que é tautologia? É o termo usado para definir um dos vícios, e erros, mais comuns de linguagem. Consiste na repetição de uma ideia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.O exemplo clássico é o famoso ' subir para cima ' ou o ' descer para baixo ' . Mas há outros, como pode ver na lista a seguir:


há anos atrás  --  professores catedráticos a falar assim!

elo de ligação

acabamento final

em duas metades iguais

sintomas indicativos

detalhes minuciosos

a razão é porque

anexo junto à carta

superávit positivo

todos foram unânimes

conviver junto

facto real

encarar de frente

multidão de pessoas

amanhecer o dia

retornar de novo

empréstimo temporário

surpresa inesperada

escolha opcional

abertura inaugural

continua a permanecer

comparecer em pessoa

demasiadamente excessivo

exceder em muito .

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O "Instituto Militar do Colégio de Odivelas", ou fazer história?

João J. Brandão Ferreira
Com o título “Fazer história” escreveu a Secretária de Estado da Defesa (SED), Dr.ª Berta Cabral (BC), um patético artigo no DN do pretérito dia 2. Parto do princípio que foi ela a autora.

Nele congratulava-se com o facto de, supostamente ter-se extinto a “última limitação de género da república portuguesa (em minúsculas, como no original), por se permitir que as raparigas possam frequentar o Colégio Militar (CM) (faltam ainda os conventos, seminários e colégios privados, mas não vamos hoje por aí).

Tal deriva da grosseira idiotice governamental que, através de um despacho do MDN, encerra o Instituto de Odivelas (IO)[1] – essa sim, uma realização histórica notável – fazendo passar as suas alunas para um internato/externato a constituir no CM, descaracterizando por completo esta outra, mais do que bicentenária instituição educacional e revolucionária (no sentido do Bem) para a época. E que se mantém actual!

Será que lhe irão chamar o nome que faz parte do título?

A ignorância e desfaçatez destes políticos, não tem fundo.

Que diz a senhora?

Começa por enumerar a primeira vez que uma mulher foi médica em Portugal e quando puderam exercer advocacia; algumas mudanças no código civil; as primeiras moças militares, para acabar mencionando a dama que pela primeiramente foi nomeada SED (ela), ocorrida há quatro meses.

Convenhamos que confunde coisas: a lenta evolução da sociedade no que diz respeito ao acesso a profissões e à cidadania plena das mulheres – o que acarreta, em simultâneo, vantagens, inconvenientes e consequências – com a obrigatoriedade do ensino misto no CM, que não é mais do que uma regressão civilizacional!

E qualificar a sua nomeação para SED como um facto histórico é de elementar mau gosto, a começar por ser “juiz em causa própria”.

Histórico porquê? O que o País ganha com isso? Era alguma causa importante? Bateu-se pelo lugar? Superou alguma oposição, questões legais, preconceitos, como arrostaram as protagonistas de alguns dos exemplos que referiu?

Ou foi simplesmente nomeada fruto de uma conveniência partidária, quiçá num processo de compensação por ter perdido as eleições nos Açores?

Antes de entrarmos na “regressão civilizacional” queremos lembrar à simpática SED que o facto de as mulheres terem tido acesso à profissão militar, sobretudo às especialidades directamente ligadas ao combate – o que além de escusado é algo anti - natura – não devia contribuir para qualquer entusiasmo da sua parte.

Então não se condenam as guerras e já não haverá homens suficientes a lutarem, que ainda se quer dar esse “privilégio” às mulheres?!

Refere as “extraordinárias enfermeiras paraquedistas, em 1961, que foram as primeiras a servir no Exército” (por acaso foi na Força Aérea – está a ver como serviu de pouco ter uma mulher como SED…).

Desconheço o seu grau de “feminista” (não confundir com “feminina”), mas presumo que não vai gostar do que vou dizer: é que no caso das “Marias” – como carinhosamente foram conhecidas – a sua principal razão de existência foi uma discriminação positiva (hoje chamar-lhe-iam sexista); isto porque fazia muito bem ao Moral de um ferido (e também aos que não estavam feridos) ter a seu lado o carinho e o jeito especial (maternal?) de uma mulher para o tratar. Era uma espécie de bálsamo.

Senão que diferença faria dos enfermeiros do género masculino?

E sabe porque correu tudo muito bem?

Porque era pontual e específico, foi tudo muito bem organizado e as enfermeiras foram formadas e mantidas no seio de uma das unidades mais capazes e disciplinadas que possuíamos.

Tudo ao contrário da precipitação, perfídia e mau instinto como toda a actual situação foi cozinhada!

Por acaso BC já terá ouvido falar de um “grandioso” projecto imobiliário/turístico, em estudo na Camara de Odivelas, faz tempo, em que as instalações do IO são parte?

Vamos então analisar porque a afirmação que faz de que “ as mulheres têm juridicamente os mesmos direitos do que os homens, mas não podiam, até agora, estudar no CM”, é uma regressão civilizacional.

A falácia descortina-se a léguas e começa por representar uma diminuição de opções. Qual será o problema de haver separação de sexos, mutila? Ou o que se quer mutilar é a própria Instituição Militar?

As raparigas (menores) não poderem frequentar o CM em nada lhes tolhia os direitos. São opções distintas. Além disso as moças têm mil e um locais onde podem ter ensino misto e outras (poucas) onde podem optar por ensino só feminino.

Mesmo a educação militar que há no CM, também já há muito, foi extensiva ao IO.

Falácia também, porque era recíproco, isto é, os rapazes também não podiam frequentar o IO!

Mas, com o encerramento do IO – o que Deus não permita – o problema põe-se ao contrário: os rapazes já não podem matricular-se naquele colégio. Ficam discriminados…

Já agora, porque não defende, outrossim, que as camaratas sejam mistas? Ou até, que haja vagas obrigatórias para transexuais, bi, ou qualquer outro género “hermafrodita”? Será por serem menores?

Mas nesse caso porque é que o mesmo critério não se aplica ao género feminino e masculino?

Poupe-nos BC, se há o direito de haver escolas mistas porque não pode haver o mesmo direito para outras, que o não sejam?

Pelos vistos e à falta de mais argumentos (a não ser a falácia das contas, já por outros desmontada) o MDN – com a aparente demissão e, ou, conivência silenciosa e lamentável, das chefias militares – reduz tudo a uma questão de género!

Que indigência mental é esta que visa acabar com um colégio – do qual não se conhece passivo de qualquer espécie – cuja existência só é ultrapassada por 15 países que, para além de Portugal, têm a sua fundação ou independência anteriores ao CM?[2]

Com que direito, em nome de uma suposta modernidade, modas passageiras ou de igualdades espúrias [3], se quer destruir o património material, moral e espiritual da Nação Portuguesa, com um simples despacho, baseado em estudos de opereta?

Já repararam que estes políticos além de serem incapazes de resolver um, que seja, dos graves problemas que afectam o nosso país, ainda passam a vida a inventar problemas onde não os há?

Fazer História?

Doutora Berta Cabral faça um favor a si mesma: vá para casa, reflita um pouco e dedique-se a algo para que tenha jeito.



[1] Escola de excelência, de características únicas, fundada em 1900.

[2] Um na América, os EUA; quatro na Ásia, Japão, Irão, Nepal, e Tailândia e 10 na Europa, incluindo Andorra, mónaco e São Marino. Dados fornecidos pelo ex-aluno nº 134/1945, que não conheço, mas a quem tiro o chapéu.

[3] O Homem e a Mulher serão sempre diferentes em termos fisiológicos quer em sentimentos, e não há poder na Terra para mudar isto!

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Voltar ao Mar?

João J. Brandão Ferreira

“Se Deus fala português não sei. Estes canhões falam.”

                                        D. Francisco de Almeida
                                        1.º Vice - Rei da Índia



    De há cerca de uma dezena de anos a esta parte – é verdade já passou este tempo todo – que se voltou a defender, primeiro por um conjunto de entidades, organismos e, sobretudo, pela Armada seguido, mais tarde, pelo próprio PR e Governo, de que Portugal tinha que voltar ao mar.

    Nem mais nem menos. “Brado”, aliás, com o qual não podíamos estar mais de acordo.

    Fizeram-se, entretanto, um conjunto apreciável de estudos sobre a estratégia a seguir, os sectores onde apostar, os investimentos necessários, a viabilidade económica, etc. Enfim, tudo.

    Até que, na talvez única acção estratégica bem conduzida, nas últimas quatro décadas, o país se candidatou, na ONU, à extensão da Plataforma Continental o que, a ser conseguido, representará o ganho geopolítico mais considerável desde 1530.[1]

    Multiplicaram-se os “Fora”, os simpósios, as conferências e os colóquios sobre tudo isto.

    O actual PR – um dos principais responsáveis, enquanto PM, das maiores atrocidades relativamente a este âmbito crucial, da vida nacional – anda entusiasmadíssimo com a ideia sem, todavia, ter assumido que alguma vez se enganara. Enfim, pormenores.

    Este entusiasmo só é equivalente, porém, à displicência com que os órgãos de soberania nacionais assumiram o Tratado de Lisboa – caramba “de Lisboa!” – que, na prática nos rouba a Zona Económica Exclusiva (entre outras coisas), que é apenas a maior dos países da UE, esbulho selado por um “porreiro, pá” de um actual comentador, para o qual o “princípio de Peter” aplicado à vergonha, nunca é atingido.

   E assim estamos. O “brado”, afinal, não passou de uma declaração de (boas) intenções…

    O que não se tem ouvido discutir é o porquê de não se passar das intenções.

    Aflora-se – crise a quanto obrigas – que não há dinheiro nem investidores.

    Será, mas a razão principal não é, quanto a nós, essa. A questão centra-se na ideologia e, em sequência, numa opção geopolítica muito mal ponderada, para não dizer errada, seguramente muito mal gerida.

    Nestes dois âmbitos foi feita uma verdadeira “lavagem ao cérebro” a toda a população.

    Enquanto estes aspectos não forem resolvidos não voltaremos ao mar, mesmo que chovam notas de 500 euros…

    Vamos tentar objectivar o que queremos dizer.

    As forças políticas que passaram a influenciar o desenrolar dos acontecimentos em Portugal, e que tomaram de assalto os órgãos de comunicação social, o ensino, as artes, (até) a justiça e mais um número considerável de sectores da sociedade, decretaram “urbi et orbi” que, politicamente os últimos 50 anos tinham sido “uma longa noite fascista”, pelo que estava tudo errado donde decorria, naturalmente, que se teria que fazer tudo ao contrário.

    Ora como o regime anterior se acirrou na defesa dos territórios ultramarinos, por extensão, passou a considerar-se que tudo o que estivesse relacionado com o Ultramar era repelente o que, bem vistas as coisas nos faria recuar a Ceuta, em 1415, quiçá às Canárias e a 1340…

    Acontece que só nos fixámos no Ultramar – o que está para além do mar – justamente porque fomos descobrir e desbravar o mar!

   Ora juntando o “fascista” com o Ultramar, decorria que também tínhamos sido uns perigosos e horripilantes “colonialistas”, “imperialistas” e outros “istas”, de muitíssimo má catadura e lembrança!

    Lembro-me, ainda, de ver o Infante D. Henrique vilipendiado como um putativo pederasta em tempos, note-se, em que a denominação de “gay” não tinha ainda feito o seu glorioso percurso…

    Espero que já dê para se fazer a ligação.

    Seguidamente devemos a considerar a Constituição de 1976 (CR).

    Esta constituição, de raiz marxista, estava e está razoavelmente “armadilhada”.

    Dois aspectos merecem realce, na medida em que afectam negativamente a nossa relação com o Mar.

    O primeiro tem a ver com a preponderância que deu aos sindicatos e à permissividade em que permite que os mesmos possam ser correias de transmissão de partidos políticos – o que deveria ser proibido.

    Resultou daqui que as reivindicações, muitas delas selvagens, ajudaram a destruir as empresas ligadas ao mar e a não tornar atrativo qualquer investimento nesta área.

     Por outro lado, existe um “liberalíssimo” capítulo na CR, relativamente a “Direitos, Liberdades e Garantias” que, além de demagógico e inexequível, não tem qualquer contrapeso no que respeita a “Deveres, Responsabilidades e Obrigações”, de que a CR é, praticamente omissa.

    Ou seja, o português tem direito a tudo e dever a nada (excepto a pagar impostos)!

    Ora trabalhar no mar não é propriamente uma “pêra doce”, é duro e é preciso saber.

    Pois até o saber se tem ido, pois estas coisas não se dão bem com soluções de continuidade…

    Resumindo e concluindo, quem tem direito a tudo acaba a não querer fazer nada!

    Finalmente, numa confrangedora atitude suicida e de erro geopolítico crasso, abandonámo-nos nos “braços” da CEE, onde cometemos asneiras sucessivas, uma dos quais foi o de nos agacharmos junto do eixo franco-alemão (agora quase só alemão), o mais continentalista possível!

    Ou seja nem sequer nos aliámos a países da orla marítima como nós, essencialmente, somos.

    Eu juro que não sei por – que - raio de livros é que os nossos políticos estudaram (se é que algum), ou que mestres tiveram, mas o facto de serem recorrentes nas asneiras já passou a ser uma evidência. E insistem.

    Com tudo o que acabo de descrever (e fiquei pela rama) verifica-se que o País fez 180º de volta na sua estratégia seis vezes centenária, ficando de costas para o mar.

    Tal até se verificou no desporto e no turismo: sendo o turismo a nossa maior indústria, só há poucos anos se construíram marinas e os navios de cruzeiro passaram a frequentar os nossos portos; e os desportos náuticos, “congelados” em duas décadas, passaram a sair do “gueto” quando a juventude descobriu e aderiu ao surf…

    Por tudo isto, caros leitores, poderei estar enganado, mas enquanto não ultrapassarmos as questões ideológicas apontadas e não fizermos uma saponária doutrinária a tudo o resto, a Nação dos Portugueses não volta ao Mar.

    Mesmo que venha a haver muitos milhões para investir.

    E quando e se, um dia o fizermos – e Portugal está preso por pontas – vamos voltar a ter vontade de defender o que nos pertence.

    Desde que fomos às Canárias que nos contestam e tentam roubar o Mar. O que está em causa, agora, é a nossa ZEE e a extensão da Plataforma Continental (Açores e Madeira estão no meio).

    São os próximos “ventos da História”…

    O nosso D. Francisco de Almeida nunca deixou de estar actual.


[1] Proposta submetida à ONU em 11 de Maio de 2009.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Nada restará da Tropa a não ser uma vaga lembrança…

22/8/13

“Nenhuma coisa desta vida humana é tão
 aproveitável aos viventes que a lembrança
e memória dos bens e males passados para
do mal nos guardarmos, regendo a vida para
nele não cairmos segundo os bons fizeram”.

Gaspar Correia, in “Lendas da Índia”


Fui, recentemente, acompanhar um camarada à sua derradeira morada terrena.

É um acontecimento que sempre acompanhou a minha vida militar (mesmo sem nunca ter entrado em combate), mas que a roda da vida tende a tornar mais frequente relativamente àqueles que nos são mais próximos.

Uma das características e prerrogativas que acompanham a “condição militar” é a do direito a que cada um tem de lhe serem prestadas honras militares fúnebres, em função do seu posto – e, até, de algumas condecorações que ostentem – segundo fórmula regulamentar (hoje já muito simplificada em função dos cada vez menos efectivos e meios existentes).

Este direito é sustentado no dever dos que ficam, tanto individual como institucionalmente, em as prestar, condignamente, constituindo uma tradição centenária, que nada nem ninguém deve interromper.

Os cemitérios/talhões de militares são, também, uma homenagem póstuma e perene, a todos aqueles que pereceram ao serviço da Pátria, incluindo os que, mortos em batalha, não puderam usufruir das honras completas.

Mesmo aqueles cuja identidade se perdeu, têm direito a um túmulo a eles dedicado, que entre nós se encontra no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha, alumiado por azeite votivo e guardado por sentinelas entre o nascer e o pôr - do - sol: o túmulo do soldado desconhecido.

O féretro do coronel, meu muito caro camarada de armas e de curso, passou o portal do cemitério sem que vislumbrasse peugada da guarda – de – honra, como determinado e previsto.

Enquanto o corpo aguardava a decisão de prosseguir para a tumba, coberto com a bandeira das quinas – a que se devia seguir um militar transportando, numa almofada, o boné, as condecorações e a espada (símbolo da autoridade), do defunto – chegou uma viatura militar de onde saíu, atrasada, a dita guarda.

Uma rápida conferência entre alguns dos presentes, decidiu pelo “mal menor” que foi o de reenviar à procedência o pelotão (menos), com a admoestação – apesar de tudo, simpática – de que o que aconteceu não podia ter acontecido, à qual o oficial comandante da força retorquiu com desculpas contristadas.

Veio a saber-se, mais tarde, as razões do sucedido, que são bem o espelho da triste realidade a que chegámos e que se continua a querer tapar do mesmo modo que se tenta tapar o sol com uma peneira.

Dada a extrema penúria de praças resultado do fim do serviço militar obrigatório, e dos cada vez maiores cortes (catastróficos) efectuados em tudo o que mexe nas FA, é muito difícil que o efectivo das honras fúnebres esteja concentrado numa única unidade militar.

Tal implica que existam militares escalados/de alerta em vários quarteis que é preciso convocar (por SMS, telefone, mail?) – deve aqui referir-se que o funeral se realizou em Lisboa, em que a distância entre a Igreja, o cemitério e as unidades militares era mínima.

Acresce a isto que as unidades encontram-se hoje despidas de militares depois do toque de ordem (se é que ainda existe), excepção feita para o modestíssimo número de pessoal de serviço, pois fora do período de recruta, uma qualquer instrução ou treino, ou alteração do grau de alerta, todo o mundo tem direito a ir para casa.

Tal deve-se (para além do já referido), à quase “regionalização” do serviço militar (a rapaziada parece que não pode estar longe das famílias, tão pouco das escolas – um dos grandes atractivos do voluntariado é a possibilidade de tirar cursos) e ao facto de, aos comandos, não lhes desagradar a ideia de verem os militares fora dos quartéis, dado que se evitam problemas disciplinares e, desde que as mulheres passaram a invadir a vida militar, sempre se minimiza a hipótese de cópula intramuros (Já quando havia SMO abreviava-se sempre que possível a sua presença nas unidades para poupar nas refeições...).

A abundância de transportes ajuda.

Bom, convocar pessoal nestas condições, para a cerimónia em causa aumenta enormemente o risco de atrasos e de faltas.

Com o efectivo finalmente concentrado, o oficial encarregado desta missão teve a presciência de indagar se todos os presentes estavam familiarizados com a “ordem unida” que teriam que efectuar e rapidamente se apercebeu que uma parte das praças não estava, pelo que numa tentativa de resolver o problema, decidiu, ali mesmo, proceder a uma instrução sumária.

Eis pois levantado o véu da causa do atraso. Caberá a quem de direito, tirar as ilações adequadas.

As cerimónias fúnebres e as honras militares são realizadas em memória dos mortos, mas ainda mais a pensar nos vivos. Ou seja o exemplo é para quem fica.

Para além de uma homenagem é uma manifestação de solidariedade de toda a família militar; um sentimento de pertença, coesão, camaradagem, espirito de corpo, etc., de quem serviu segundo os mesmos princípios no cumprimento de uma mesma missão.

Passa por ser um elo que a todos liga – do passado para o presente com vista ao futuro – e que mantém a instituição, que se pretende perene, focada nos seus valores.

Sem sombra de dúvida as FA são a instituição nacional por excelência, em que os seus servidores são acompanhados e cuidados desde que “assentam praça” até que dão baixa para a sepultura.

Só nessa data são desmobilizados…

Assim devia continuar a acontecer de modo a que o profissional das armas possa continuar a “SER” em vez de apenas “ESTAR”.

Posicionamento e filosofia que faz confusão a muito boa gente e que, não poucos pretendem mudar radicalmente.

A velha questão da “instituição” em contraponto ao “emprego”!

Por isso temo bem, que quando se olhar para o fundo da questão abordada, a decisão seja a de não resolver as causas, mas a de iludir os efeitos. Ou seja acabam rapidamente com as honras fúnebres…

Aconselho vivamente os oficiais e sargentos do quadro permanente a tornarem-se historiadores. Só aí, terão futuro.

Pois a continuar a actual senda, da Instituição Militar Portuguesa, irá restar apenas uma (vaga) lembrança.


                                                           João J. Brandão Ferreira
                                                              Oficial Piloto Aviador

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

75.º Aniversário do Grupo dos Amigos de Olivença

O Grupo dos Amigos de Olivença, sociedade patriótica, comemora neste 15 de Agosto o seu 75.º aniversário.

Com efeito, foi em 1938 que um grupo de três distintos e abnegados portugueses – Ventura Ledesma Abrantes, Francisco de Sousa Lamy e Amadeu Rodrigues Pires –, inconformados com a ocupação de Olivença por Espanha e alimentados pelo espírito irredentista da restauração da soberania portuguesa sobre o território de Olivença, decidiu fundar esta Associação.

Ao longo destes 75 anos, pugnado e defendendo activamente a reintegração da Vila de Olivença e seu termo no Território Nacional, do qual foi apartada à força pela Espanha em 1801, a acção do Grupo dos Amigos de Olivença sustenta-se naquela que tem sido a posição repetidamente afirmada e nunca desmentida pelo Estado Português de que «Olivença é território português».

O Grupo dos Amigos de Olivença reitera hoje, com a legitimidade que lhe conferem estes 75 anos de esforços pela retrocessão de Olivença, tudo quanto esteve na base da sua fundação e manterá uma vigilância atenta e permanente sobre as relações diplomáticas, políticas e económicas entre Portugal e Espanha, de modo a intervir com pertinência e oportunidade em defesa dos interesses duradouros da Nação Portuguesa, afirmando com denodo e determinação os nossos direitos e reivindicando a satisfação de compromissos nunca cumpridos por parte do Estado Espanhol.

O Grupo dos Amigos de Olivença reafirma publicamente a sua determinação em continuar com o seu combate em vista da recuperação do território Oliventino, legítima reivindicação de Portugal, animado com um cada vez maior apoio junto dos políticos e da opinião pública portuguesas, e sem esquecer a corajosa população oliventina que, tendo ao longo destes 200 anos, tem defendido e preservado a sua língua e tradições portuguesas, hoje reivindica o reencontro de Olivença com a sua Pátria.

A insistência do Grupo dos Amigos de Olivença não esmorece pois nos assiste-lhe a Razão, a História, a Moral e o Direito. Neste nosso esforço conta com a vontade comum de contribuir para o fortalecimento da patriótica missão do Grupo dos Amigos de Olivença.



Grupo dos Amigos de Olivença

http://www.olivenca.org/

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Belos tempos

Fernando Farinha




Belos tempos, que eu vivi
Com oito anos de idade
Quando no fado apareci
Ambição, sonho querido
Em que eu fiz desta canção
O meu brinquedo preferido
De muito novo
Assentei praça no fado
E com as praças antigas
Aprendi a ser soldado
Passei a pronto
Fiz do fado a minha luta
E agora tenho saudade
De quando era recruta

Belos tempos, quem me dera
Voltar à velha unidade
Do retiro da severa
Ter ainda, o carinho
Desse grande comandante
Que se chamava armandinho
Ver novamente, cantadores e cantadeiras
Naquele grupo valente
Que deu brado nas fileiras
E ouvir também
Alguém chamar na parada
Pelo "miúdo da bica"
E eu RESPONDER À CHAMADA

Música: Júlio de Sousa
Letra:  Fernando Farinha

terça-feira, 9 de julho de 2013

O Ministro da Defesa admoestou o CEMFA!

João J. Brandão Ferreira

(extractos)

O General Chefe do Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA), no discurso que fez durante o 61º aniversário daquele Ramo,

1 proferiu algumas frases que provocaram uma resposta algo desabrida no arvorado a Ministro da Defesa (MDN) Aguiar (traço) Branco.

Que terá dito então, o CEMFA de tão grave? Apenas isto: "Que os cortes estão a degradar a capacidade de resposta do Ramo"; "que no espaço de dois anos a FA foi obrigada a cortar toda a despesa em 36%"; "face à evolução dos orçamentos atribuídos desde 2010, temos vindo a reduzir significativamente as horas de voo, a prontidão das aeronaves, as acções de formação e qualificação e a manutenção das infraestruturas"; "a capacidade de resposta pode ser afectada a curto prazo", e mais meia dúzia de frases semelhantes.

O político laranja que ficará como um dos piores ministros da defesa, desta atormentada e manca III República replicou que "as vulnerabilidades das FA não devem ser discutidas em público" e "que acreditava ser da cultura de todos os chefes e da boa estratégia militar que as vulnerabilidades das FA e da Defesa Nacional, não devem ser ecoadas no palco da discussão pública".

E acrescentou: "que as fragilidades são combatidas diariamente pelo esforço de uma gestão mais eficiente, pela competente definição de prioridades, pelo rigoroso planeamento da acção e pela indução de reformas que conduzam a um aumento de capacidade operacional num quadro muito exigente na aplicação de recursos públicos".

É preciso ter lata!

Vejamos:

O discurso do CEMFA foi educado, institucional e comedido. Não discutiu nada (apenas apresentou factos), não revelou qualquer segredo militar nem nenhuma debilidade que não esteja à vista de todos.

Ou seja o Comandante da FA limitou-se a constatar uma realidade que põe em causa o cumprimento das missões pelas quais é responsável. A única coisa que fez foi dar-lhe uma articulação lógica de modo a poder concluir que "urge, portanto, senhor ministro, encontrar soluções que permitam minorar esta situação".

Não direi que não seja preferível manter determinados problemas relativos às FA no recato dos gabinetes – apesar de, tudo o que na sociedade que agora temos, tenha sido dessacralizado sem piedade (sendo a culpa dos políticos) – mas isso é para ser feito quando há sentido de Estado e as pessoas são sérias de procedimentos.

Tal tem sido a norma por parte das sucessivas chefias militares, sem que da parte política tenha havido qualquer correspondência.

Sem embargo "essa cultura" como o ministro lhe chama, não pode é ser aproveitada para fazerem das chefias militares e dos militares gato-sapato, e usarem os constrangimentos da "condição militar" para manterem as tropas silenciadas, ao mesmo tempo que destroem a seu bel-prazer toda a Instituição Militar.

Em simultâneo não fazem a defesa institucional da mesma – como lhes compete – a não ser em orações de circunstância, já gastas, ao mesmo tempo que passam, continuamente, para a opinião pública a ideia de que a tropa é muita, é cara, é privilegiada, não se justifica e, "last but not the least", "também tem que participar no esforço financeiro do País" – deixando subentender que o não querem fazer – quando estamos há mais de 20 anos a dar para este peditório enquanto o resto do País folgava e ia a banhos a Cancun!

Deve ainda sublinhar-se que as FA enquanto tal, não contribuíram em nada, repito, em nada, para o descalabro financeiro do Estado, que é da exclusiva responsabilidade da classe política!

Mais ainda, os sucessivos MDN têm vindo, faz décadas, a espoliar os orçamentos das FA em favor dos desmandos e desregramento de outros serviços públicos! Desminta se for capaz!

O Sr. Ministro devia era estar calado e com a cara pintada de preto!

E como é que tem o desplante de atirar para cima do CEMFA com o ferrete da melhor gestão, quando não há, nem de perto nem de longe, qualquer organismo do Estado que se administre melhor que as FA, em geral, e com a FA em particular?

E isto note-se, quando o Poder Político tem vindo a esvaziar constantemente as competências da hierarquia militar, não tem permitido um mínimo de factores estáveis de planeamento e destabiliza reiteradamente a IM com anúncios de reorganizações!

Sabe que mais Sr. Ministro, apesar de nem se poder equivaler a um "infra"

2 o seu castigo é o de se rebater sobre o plano horizontal e tentar desviar o eixo da Terra, aí umas 50 vezes. A última com palminhas atrás das costas…

"Você, Traço", pertence a uma classe política que desgraçou o País – apesar de terem todas as condições para o governarem em "velocidade de cruzeiro" – e vem dizer ao Chefe da Força Aérea para definir melhor as prioridades e ser rigoroso no planeamento da acção?

Será que não se vê ao espelho, ou o mesmo saiu-lhe numa tombola da antiga feira popular?

Acaso o gabinete jurídico do Estado-Maior devia ter ido pedir pareceres a escritórios de advogados, similares ao seu? Porventura o Director de Finanças devia ter apostado numa "Swap"? Ou o Comandante da Logística, para asfaltar as pistas, devia ter recorrido a uma parceria público-privada? Sim, diga lá?

Sabe qual era a prioridade que deviam definir? Esta: os senhores nunca mais alapavam o cóccix no "Falcon 50", até pagarem o que devem, o que teria já levado a muita poupança e á economia da última viagem que fez a Moçambique, tendo o desplante de fazer vir a fragata que combate a pirataria na Somália, ao porto de Pemba, para a visitar e tirar umas fotos com os jornalistas!

Finalmente, Sr. Ministro, gosta de desafios? Ei-lo que fica: porque não corta os 36% que o CEMFA referiu, ao orçamento do seu gabinete e melhora a gestão, redefinindo as prioridades? Aceita?

Dir-me-á, ainda, o que pretende que as chefias digam em público: mentiras? Que está tudo bem (outra mentira)? Que agradeçam ao governo os grandes melhoramentos conseguidos (idem)? Ou porventura se congratulem com as reformas vitalícias (e secretas) dos políticos?

O que já não é nada óbvio é que um desqualificado para a função, que nem recruta foi, tivesse o desplante de admoestar o Comandante Aéreo Nacional, publicamente e perante formatura das suas tropas.

Finanças cobram IUC a Vasco da Gama

«Imprensa falsa»

Finanças aproveitam diário da viagem de Vasco da Gama para cobrar o IUC da caravela ao navegador


As Finanças notificaram hoje o senhor Vasco Simplício da Cunha Gama para o pagamento do Imposto Único de Caravelas relativo à embarcação "São Gabriel".

Segundo o Imprensa Falsa conseguiu apurar, o imposto em falta refere-se aos anos de 1497 até 2012, pois Vasco da Gama nunca mandou abater a caravela. Relativamente ao IUC de 2013 o mesmo pode ser liquidado até Julho, porque é o primeiro registo dela.

Até hoje, as Finanças não tinham descoberto o proprietário desta embarcação, mas depois de lerem o diário da viagem de Vasco da Gama à Índia que a UNESCO inscreveu hoje na lista de Memória do Mundo, foi fácil identificar o contribuinte faltoso.

Entretanto, Vasco da Gama já contestou dizendo que arrancou logo para a Índia, nem teve tempo de ir às Finanças, mas, por outro lado, o navegador diz que foi o rei D. Manuel I que ficou de pagar isso, até porque, na verdade, a caravela era dele. Esta contestação não caiu bem junto das autoridades, que consideram que o descobridor difamou o Chefe de Estado, tendo sido enviada a respectiva contestação para a Procuradoria-Geral da República. Vasco da Gama poderá agora ter de vir a pagar, para além do IUC da caravela, uma multa por ofensas ao Chefe de Estado.


O fado das trincheiras

Fernando Farinha





O soldado na trincheira,
não passa duma toupeira
Vive debaixo do chão.
Só pode ter a alegria
de espreitar a luz do dia
Pela boca de um canhão.
Mas quando chegar a hora
dele arrancar por aí fora
Ao som da marcha de guerra,
Seus olhos são duas brasas
e as toupeiras ganham asas
Como as águias lá da serra.

Refrão :
Rastejando como sapos,
com as fardas em farrapos
Pela terra de ninguém
Mas cá dentro o pensamento,
corre mais alto que o vento
Quando pela nossa mãe.
E se eu morrer na batalha,
só quero ter por mortalha
A bandeira nacional.
E na campa de soldado,
só quero um nome gravado
O nome de Portugal.


Soldados da nossa terra,
são voluntário da guerra
Que vêm bater-se por brio.
Raça de povo e de glória,
que escreveu a nossa história
Nos mundos que descobriu.
Por isso a Pátria distante,
brilha em nós a cada instante
Como a luz de uma candeia,
Que arde de noite e de dia
no altar da Virgem Maria
Na igreja da nossa aldeia.


Música: António Melo
Letra: João Bastos e Félix Bermudes

sexta-feira, 28 de junho de 2013

A diferença entre 1964 e 2012

(da net)
 
Situação: O fim das férias.

Ano 1964:Depois de passar 15 dias com a família atrelada numa caravana puxada por um Fiat 600 pela costa de Portugal, ou passar esses 15 dias na praia do Castelo do Queijo, terminam as férias. No dia seguinte vai-se trabalhar.
Ano 2012:Depois de voltar de Cancún de uma viagem com tudo pago, terminam as férias. As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão, seborreia e diarreia.


Situação: Chega o dia de mudança de horário de Verão para Inverno.

Ano 1964:Não se passa nada. 
Ano 2012:As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão e diarreia.


Situação: O Pedro está a pensar ir até ao monte depois das aulas, assim que entra no colégio mostra uma navalha ao João, com a qual espera poder fazer uma fisga.

Ano 1964:O director da escola vê, pergunta-lhe onde se vendem, mostra-lhe a sua, que é mais antiga, mas que também é boa.
Ano 2012:A escola é encerrada, chamam a Polícia Judiciária e levam o Pedro para um reformatório. A SIC e a TVI apresentam os telejornais desde a porta da escola.


Situação: O Carlos e o Quim trocam uns socos no fim das aulas.

Ano 1964:Os companheiros animam a luta, o Carlos ganha. Dão as mãos e acabam por ir juntos jogar matrecos.
Ano 2012:A escola é encerrada. A SIC proclama o mês antiviolência escolar, O Jornal de Notícias faz uma capa inteira dedicada ao tema, e a TVI insiste em colocar uma equipe de reportagem à porta da escola a apresentar o telejornal, mesmo debaixo de chuva.


Situação: O Jaime não pára quieto nas aulas, interrompe e incomoda os colegas.

Ano 1964:Mandam o Jaime ir falar com o Director, e este dá-lhe uma bronca de todo o tamanho. O Jaime volta à aula, senta-se em silêncio e não interrompe mais.
Ano 2012:Administram ao Jaime umas valentes doses de Ritalin. O Jaime parece um Zombie. A escola recebe um apoio financeiro por terem um aluno incapacitado.


Situação: O Luís parte o vidro dum carro do bairro dele. O pai caça um cinto e espeta-lhe umas chicotadas com este.

Ano 1964:O Luís tem mais cuidado da próxima vez. Cresce normalmente, vai à universidade e converte-se num homem de negócios bem sucedido.
Ano 2012:Prendem o pai do Luís por maus-tratos a menores. Sem a figura paterna, o Luís junta-se a um gang de rua. Os psicólogos convencem a sua irmã de que o pai abusava dela e metem-no na cadeia para sempre. A mãe do Luís torna-se amante do psicólogo. O programa da Fátima Lopes mantém durante meses o caso em estudo, bem como o Você na TV do Manuel Luís Goucha.


Situação: O Zézinho cai enquanto praticava atletismo e arranha um joelho. A sua professora Maria encontra-o sentado na berma da pista a chorar. Maria abraça-o para o consolar.

Ano 1964:Passado pouco tempo, o Zézinho sente-se melhor e continua a correr.
Ano 2012:A Maria é acusada de perversão de menores e vai para o desemprego.Confronta-se com 3 anos de prisão. O Zezinho passa 5 anos de terapia em terapia. Os seus pais processam a escola por negligência e a Maria por trauma emocional, ganhando ambos os processos. Maria, no desemprego e cheia de dívidas suicida-se atirando-se de um prédio. Ao aterrar, cai em cima de um carro, mas antes ainda parte com o corpo uma varanda. O dono do carro e do apartamento processam os familiares da Maria por destruição de propriedade. Ganham. A SIC e a TVI produzem um filme baseado neste caso.


Situação: Um menino branco e um menino negro andam à batatada por um ter chamado `chocolate' ao outro.

Ano 1964:Depois de uns socos esquivos, levantam-se e cada um para sua casa. Amanhã são colegas.
Ano 2012:A TVI envia os seus melhores correspondentes. A SIC prepara uma grande reportagem dessas com investigadores que passaram dias no colégio a averiguar factos. Emitem-se programas documentários sobre jovens problemáticos e ódio racial. A juventude skinhead finge revolucionar-se a respeito disto. O governo oferece um apartamento à família do miúdo negro.


Situação: Fazias uma asneira na sala de aula.

Ano 1964:O professor espetava duas valentes lostras bem merecidas. Ao chegar a casa o teu pai dava-te mais duas porque `alguma deves ter feito'.
Ano 2012:Fazes uma asneira. O professor pede-te desculpa. O teu pai pede-te desculpa e compra-te uma Playstation 3.


A política de terra queimada sobre a família

Marta Gaspar em Moldar a Terra

A aprovação da lei da co-adopção com votos a favor, abstenções e até ausência de inúmeros deputados da maioria PSD-CDS na Assembleia demonstra que, ao serviço de interesses que pugnam pela destruição da célula familiar (pai, mãe e filhos), foi dado mais um passo na instituição de uma pseudo-ética resultante dos caprichos e das vontades de políticos ao serviço de lobbies da minoria e não ao respeito pelo voto e pela consciência dos Portugueses.

Tal como havia já resultado da aprovação da lei de despenalização do aborto (cujas consequências são conhecidas e inclusive denunciadas pelos especialistas intervenientes na sua execução), a perigosa relativização dos valores e da essência da pessoa humana, também nesta matéria, teve um avanço capital.

 A formatação das consciências é a principal arma dos políticos do sistema, procurando tornar aceitáveis e dignas de crédito todas as medidas, leis e critérios que desejam instituir nas sociedades, à luz de um projecto e de uma nova ordem maquiavélica de estruturas que transcendem o território nacional.

 A Assembleia da República não está mandatada para votar matérias de consciência e definir os valores essenciais da sociedade. Em matéria política fundamental, rege a lei constitucional, boa ou má; em matéria de valores fundamentais sobre os quais assenta e se organiza a sociedade, rege a lei natural.

Aqui regista-se a primeira subversão de todo este processo, consistindo na captura da sociedade e do pensamento colectivo segundo o qual a matéria agora sujeita a legislação é matéria ordinária que visa eliminar uma fonte de discriminação. Não é! É a defesa de um interesse minoritário, com prejuízo de direitos que não constam de lei nem têm de constar, porque neles se funda a ordem jurídica e os direitos constitucionais ou legalmente consagrados, porque do domínio da ordem natural, isto é, direitos inalienáveis das crianças e do ser humano.

A despenalização do aborto e uma política totalmente alienada quanto a incentivos económicos e sociais às famílias para poderem ter mais filhos, aliadas ao apoio a uma cultura hedonista, são, para já, uma achega ao problema demográfico, que regista uma das mais baixas taxas de natalidade do mundo. A aprovação do chamado «casamento» entre pessoas do mesmo sexo e da lei da co-adopção é a cereja no bolo.

Chocante e inaceitável é o reflexo destas irresponsabilidades, egoísmos  e espírito de destruição nos mais inocentes: as crianças. Não só as que tentam sobreviver nos ventres das mães, bem como aquelas que são vítimas de um Estado que, não resolvendo os problemas do bem comum, também no campo da família, quer legislar e usurpar o papel desta instituição natural. A adopção não é um direito dos pais nem um dever do Estado. A adopção é apenas a possibilidade de encontrar para a criança uma resposta que a ajude a superar o seu eventual infortúnio de orfandade, algo que naturalmente só é possível no quadro de uma referência que inclua o pai e a mãe.


segunda-feira, 10 de junho de 2013

Papa Francisco:
A «linguagem socialmente educada» é a da «hipocrisia» e «da corrupção»

Na Missa que presidiu na manhã de ontem na Casa Santa Marta, o Papa Francisco assinalou que os cristãos não utilizam uma «linguagem socialmente educada», propensa à hipocrisia, mas são porta-vozes da verdade do Evangelho com a mesma transparência das crianças.

A hipocrisia é a linguagem preferida dos corruptos. A cena evangélica do tributo a César, e a pergunta trapaceira dos fariseus e dos partidários de Herodes a Cristo sobre a legitimidade daquele tributo, deu ao Papa motivo para sua reflexão de hoje em continuidade com a homilia da segunda-feira.

A intenção com a que se aproximam de Jesus, afirmou, é a de fazê-lo «cair na armadilha». A pergunta se é lícito ou não pagar o imposto a Cesar é exposta «com palavras suaves, com palavras belas, com palavras ‘adocicadas’». «Pretendem –adicionou– mostrar-se amigáveis». Mas tudo é falso. Porque, explicou Francisco, «eles não amam a verdade, mas somente a si mesmos e assim tentam enganar, envolver os outros na mentira. Têm o coração mentiroso, não podem dizer a verdade».

«A hipocrisia é precisamente a linguagem da corrupção. Quando Jesus fala aos seus discípulos, diz que o seu modo de falar deve ser ‘sim, sim’ ou ‘não, não’».

«Estes querem uma verdade escrava dos próprios interesses. Podemos dizer que há um amor: mas é o amor de si mesmos, o amor a si mesmos. Aquela idolatria narcisista que os leva a trair os outros, os leva aos abusos da confiança».

«E a mansidão que Jesus quer de nós não tem nada a ver com esta adulação, nada a ver com esta forma ‘açucarada’ de avançar. Nada disso! A mansidão é simples; é como aquela de uma criança. E uma criança não é hipócrita, porque não é corrupta. Quando Jesus nos diz: Quando disserem ‘sim’, que seja sim, e quando disserem ‘não’, que seja não! com espírito de crianças, refere-se ao contrário da forma de falar destes».

A última consideração do Santo Padre referiu-se a uma «certa fraqueza interior», estimulada pela vaidade, que faz com que «gostemos que digam coisas boas de nós». Os «corruptos sabem disso e tentam enfraquecer-nos com essa linguagem».

«Pensemos bem: qual é a nossa linguagem hoje? Falamos com verdade, com amor, ou falamos um pouco com aquela linguagem social de seres educados, dizendo coisas belas, mas que não sentimos?»


Governo recruta 2 especialistas de topo para renegociar Memorando da Troika

Finalmente podemos dormir descansados: o Governo, através de Carlos
Moedas, acaba de recrutar 2 ESPECIALISTAS EXPERIENTES que finalmente irão redesenhar o mal desenhado memorando de entendimento.

Para que possa avaliar o elevado grau de experiência destes
especialistas, pode descarregar aqui os respetivos despachos de nomeação e as sublimes notas curriculares.

Agora sim, a Troika que se cuide com estes novos, mas experientes
especialistas e hábeis negociadores...

Isto só lido...

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Defender a civilização

Francisco Cansado

 

Mais do que direitos individuais ou de grupos particulares, o que está verdadeiramente em causa é, em primeiro lugar, a defesa da Civilização ocidental e consequentemente o nosso futuro e o dos nossos filhos.

É preciso reconhecer o veneno que nos estão a administrar e a morte iminente que nos oferecem em troca de uma quimera suicida que não tem volta atrás.

A França teve o discernimento para compreender a armadilha que lhe foi montada e o que está em causa. E, felizmente, está reagindo.
Portugal deve seguir o bom exemplo.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

O Centenário de Álvaro Cunhal

João J. Brandão Ferreira


Vou ser breve.

    Com um espetáculo bem montado correm as comemorações sobre o centenário de um cidadão nascido em Portugal, a quem foi dado o nome de baptismo de Álvaro Barreirinhas Cunhal (AC).

    O moço cresceu varonil e foi revelando um conjunto de qualidades difíceis de reunir numa mesma pessoa: inteligência, coragem e determinação, invulgares; sensibilidade artística aliada a uma inegável força psíquica interior; rara intuição, cultura e coerência política; frieza de raciocínio e calculismo na organização e planeamento; ascetismo, discrição e exemplo nas atitudes, etc.

    Testemunhos dados à estampa levam-nos a pensar, até, que o personagem tinha espírito de humor, gostava de petiscos e era um pai, irmão e companheiro, extremoso.

    Este, em traços gerais, o retrato que nos aparece do homem, se bem que ele nos tivesse sempre induzido a pensar que não pertencia ao género humano.

    Este homem, porém, cresceu e desenvolveu-se embebedando-se (como diria Pessoa) de leituras e convicções marxistas, fixando-se a sua matriz política final, na mais depurada ortodoxia comunista.

    Afirmando-se ateu foi, afinal, um crente. Substituiu, apenas, o dogma católico de sua mãe, pelo dogma do Marxismo-Leninismo. Em vez de Deus serviu o Diabo – na eterna luta entre o Bem e o Mal…

    Nele, Álvaro, o ideal comunista – uma doutrina profundamente errada por economicamente incompetente, socialmente redutora, inexequível por anti -natural e de implantação tirânica e sanguinária – plasmou-se como uma verdade absoluta, irredutível, terminal.

    Uma ciência infalível, mítica, criadora de um “homem novo”, em que os fins justificavam todos os meios.

    Nessa voragem apocalíptica se empenhou até ao fim, sem tergiversar, mesmo depois de Gorbatchev e a queda do muro de Berlim, ter deixado o Comunismo órfão e definitivamente desacreditado. Numa coerência, que muitos sublinham como atributo admirável, esquecendo-se de acrescentar que foi uma coerência no erro!

    E uma coerência de Anjo caído, maligna.

    Não sendo suficiente ter o erro como objectivo e a perfídia como meio, fazia parte da essência da ideologia torna-la extensiva a todos os povos da terra, assim como o imperialismo napoleónico quis transportar a “luz” da “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” – antepassado remoto do novo “sol na terra” – na ponta das baionetas, a fim de libertar os povos dos seus “tiranos”.

    Os portugueses sabem bem o que isso foi, pois ficaram com a terra retalhada e cerca de 10% dos seus, trucidados no processo. Alguns descendentes jacobinos ainda hoje lhes tecem loas…

    O “quartel – general” das forças “vermelhas” da “foice e martelo, em punho”, que passaram a querer impor o modelo ao planeta, situava-se no centro geopolítico do antigo Ducado da Moscóvia – num antigo edifício conhecido por Kremlin – a quem todas as forças espalhadas pelo mundo passaram a reportar e a obedecer.

    O mesmo se passou com o PCP, desde a sua fundação, em 1921, atingindo especial fulgor e empenho, justamente, durante a direcção de AC.

    Nisto se consubstanciou a primeira traição do “Comité Central”, à Nação que queriam governar.

    Por outras palavras, o PCP nunca se pôde considerar um partido português e serviu sempre de correia de transmissão de uma potência estrangeira, inimiga de Portugal: a URSS.

    Não ficou por aqui a traição do PCP – o termo é este, e o crime que configura sempre fez parte (e ainda faz) do Código Penal Português – pois quando os territórios ultramarinos portugueses começaram a ser atacados desde os anos 50 pelo capitalismo apátrida e pelo Comunismo (então ampliado pelo “Terceiro-Mundismo”) o dito Partido, que tem o supremo despautério de se dizer “patriota”, colocou-se ao lado destes últimos e dos movimentos subversivos que nos emboscavam as tropas, promovendo, ainda, a subversão na retaguarda - incluindo a violenta - que era a Metrópole.

    E assim se mantiveram até ao golpe de estado de 25/4/1974, quando ajudaram a atirar o poder para a rua; ao abastardamento das FA e à criminosa “Descolonização”, atitude que fez averbar à URSS, a sua maior vitória, no último pico da Guerra – Fria.

    Por tudo isto as cerimónias do nascimento de AC deveriam ter lugar em Moscovo - numa praça esconsa por, entretanto, o povo russo se ter livrado dos “slogans” do “comunismo científico”, do “materialismo dialético” e do “internacionalismo proletário”, que custaram à Humanidade centenas de milhões de mortos e sofrimentos inomináveis, apenas comparáveis ao flagelo das hordas de Tamerlão!

    Por isso ter cartazes no Liceu Camões, em Lisboa (por ex.), onde se pode ler que AC foi “um grande lutador pela Liberdade, Democracia e Socialismo” é apenas um exemplo despudorado de como “com papas e bolos se enganam os tolos”…

    AC era comunista, não socialista; “liberdade” na boca de um comunista é impropério e “democracia” é apenas fachada de uma parede falsa (eles até dizem que é “de vidro”). Pode, até, ser considerado ofensivo para quem milite em semelhante ideologia…

    E ver o brilhozinho nos olhos da Judite de Sousa, no programa da TVI, que incensou o personagem é perfeitamente patético e delirante. Deviam enviá-la à Coreia do Norte fazer reportagens, sem se esquecer de levar uns euros - da larga soma com que a ressarciam para fazer destas “reportagens” – a fim de poder distribuir uns óbolos, com que os famintos de lá, pudessem sorver umas malgas de arroz.

    Afinal comunismo é isso: distribuir por igual os ganhos obtidos…

    Que a maioria da população, com especial destaque para as camadas mais instruídas, forças políticas e órgãos de comunicação social, assistam a tudo isto com uma passividade bovina é que é verdadeiramente preocupante.

    Não conseguir reagir às mais grosseiras mentiras – “uma mentira repetida mil vezes, torna-se uma verdade”, é uma das receitas mais afamadas do cardápio leninista – como é o caso da exploração do infeliz incidente com a Catarina Eufémia, em Baleizão, é de uma perigosidade sem limites.[1]

   Enfim, qualquer dia ainda lhe fazem uma estátua (ao AC) – paga com os nossos impostos – e transladam os restos mortais de tão prestimoso defensor da classe operária (se bem que os descendentes das vítimas das purgas no interior do Partido, devam ter ideia diferente) para o Panteão Nacional…

    Assim se preservam para o futuro as indignidades históricas, as mentiras políticas e as perversões humanas.

    Aguardo que as “despesas” sobre este assunto não fiquem apenas por minha conta.


 
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[1] Pelo que se sabe a pobre da moça nunca foi do PCP, não estava metida em nenhum protesto e foi atingida, por um disparo furtuito da Pistola – Metralhadora FBP, do Tenente Carrajola que, acidentalmente, caíu ao chão. Resta acrescentar que o pessoal do posto da GNR, a quem pertencia a força presente no local, se quotizou para pagar o funeral.

Advogados contestam posição de Marinho e Pinto sobre adopção gay

(Artigo do jornal Público)

Bastonário tinha defendido proibição da adopção por casais homossexuais.


Um grupo de advogados enviou nesta quarta-feira ao Parlamento uma carta aberta em que contesta as posições assumidas pela ordem profissional que os representa sobre a adopção de crianças por casais homossexuais. A questão será votada quinta-feira na Assembleia da República, tendo o bastonário, Marinho e Pinto, defendido que “o desenvolvimento harmonioso da personalidade da criança exige um pai homem e uma mãe mulher – e não um homem a fazer de mãe e uma mulher de pai”.

Para os subscritores da carta aberta, entre os quais se conta a mãe de Francisco Louçã, Noémia Anacleto, o parecer da ordem “não respeita os princípios enformadores do Direito, carece de fundamentação factual de suporte e ilegitimamente assume uma posição que, certamente, uma parte muito significativa dos advogados deste país não subscreverá”. Ou, como diz uma das suas promotoras, Lúcia Gomes, “revela um grande preconceito”.

“O Instituto Superior de Psicologia Aplicada afirmou em documento de Janeiro de 2013 que, do ponto de vista do desenvolvimento emocional e psicológico das crianças, não há motivos que justifiquem a impossibilidade legal de nascerem ou de serem educadas quer por um casal do mesmo sexo quer por uma pessoa singular de orientação sexual homossexual ou bissexual”, assinala a carta.

Marinho Pinto não se mostra incomodado com a contestação e diz que enquanto for bastonário a Ordem dos Advogados “não mudará de maneira nenhuma de posição”, mesmo que os “colegas homossexuais se sintam discriminados”.

“Manterei este parecer contra ventos e marés”, declara o representante máximo dos advogados. “Reflecte uma posição largamente maioritária entre os advogados. A natureza exige o masculino e o feminino para fecundar. Não permite que duas pessoas do mesmo sexo procriem”.

SAUDADES DO CONSELHO DA REVOLUÇÃO (RÉPLICA)

João J. Brandão Ferreira
16/05/13


                                         “As FA dispõem de três impressionantes vantagens
                                          políticas sobre as organizações civis: marcada su-
                                          perioridade de organização. Um status altamente
                                          emocional e o monopólio das armas; que perante
                                          tudo isto o surpreendente é que obedeçam aos
                                          seus chefes políticos”.

                                                            Samuel Finer (1976)


                                         
    O c.m.g. Silva Paulo (SP) garantiu, de há uns tempos para cá, uma espécie de “coluna semanal” nas páginas do Diário de Notícias. Ele e eles, lá saberão porquê.

    Com falas mansas, mascaradas de correcção democrática e politicamente correcta q.b. vem, sub-repticiamente, a minar os fundamentos da “condição Militar” e a tentar subverter a postura e importância da Instituição Militar no seio do Estado e da Nação.

    Evidencia uma avantanjada falta de “espírito militar” e inépcia para ter entendido o que é a nobre “profissão das armas”.

    Não é o único, conheci alguns com décadas de serviço e que parecia que nunca tinham passado pelas fileiras…

    Há gente assim, enganam-se (ou são enganados) na vocação e depois passam a vida em passo trocado e zangados com a bílis. Tenho até, dúvidas, que SP, quando se alistou na Armada, não pensaria estar a entrar para alguma marinha de recreio.

    O último artigo dado à estampa, com o mesmo título que encima este, não foge à regra. Já é tempo de o começar a rebater.

    Nele insinua que “muitos” andam com “saudades do Conselho da Revolução” (CR); defendem “ modelos de actuação das FA desviantes da Constituição” e do “controlo civil”; “discutem a legitimidade do poder político”; existem “apelos à intervenção das FA na governação”; etc.

    Nunca, porém, concretiza, ou explicita, nada do que deixa no ar.

    Chega a invocar o “revivalismo da Carta de Mouzinho de Albuquerque ao Príncipe”, como prova do que afirma.[1]

    O rosário de barbaridades é extenso e passa ainda pela defesa da “supremacia civil sobre as FA”; a falta de “sorriso” com que, a maioria dos militares, “como os burocráticos públicos” aceitam “a retracção a que as FA têm sido sujeitas desde 1982”.

    E acaba fazendo incursões no que apelida de “ausência do estado de direito democrático, na formação básica dos militares”, chegando à deselegância de propor que as FA sejam “afastados de cenários domésticos” dado que as oportunidades (de intervenção) podem surgir, pois a “carne é fraca”. Gostaram desta pérola? Será que S. Exª ainda se atreve um dia destes a proibir as mulheres de irem de bikini para a praia – “just in case”?

    E deixa um apelo pungente, depois de criticar o “Conceito da Marinha de duplo uso” – que é das coisas mais bem elaboradas pela Armada (para além do elementar bom senso em que se baseia):

    Aproveitar esse espanto de projecto apelidado de” Defesa 2020” para “tornar a formação básica dos militares e sobretudo dos oficiais, capaz de garantir que eles sabem o que é o Estado de direito democrático que juraram defender e que o defendem com convicção”.

    Antes de entrarmos na análise de algumas das contradições e na refutação de ideias veiculadas ficámos com esta curiosidade quase mórbida: onde será que este cidadão que cursou a Escola Naval e mais uns quantos cursos técnicos e de promoção (e não parece haver ofício em que os seus profissionais passem mais tempo em formação), terá conseguido aprender o que é essa coisa de “estado de direito democrático”, que nega aos outros saberem?

    E só nos espanta como é que não propôs, desde logo, a criação de uma “campo de reeducação” – de que ele seria um putativo director – onde os relapsos detectados nas formaturas e conversas de bar (como fazem falta os comissários políticos!), logo fossem internados!

    Infere-se até, que os seus camaradas foram promovidos a oficiais e andaram a jurar coisas sem saber ao que iam...

    Uma derradeira achega: aos militares não é importante como diz, aprender o tal conceito que para si aparenta ser o “supra sumo da essência do sublime”. Meia dúzia de aulas de Ciência Política chegam para isso e muito mais. O que é verdadeiramente importante é a aprendizagem e interiorização da Ética e da Deontologia Militar. São elas que vão determinar o bom ou mau uso que os conceitos, técnicas, tácticas, doutrina, etc., possam vir a ter.

    E se aceita um conselho, devia preocupar-se mais em que os políticos aprendessem Ética e Deontologia do que os militares soubessem de estado de direito democrático…

    Os políticos nem sempre cumprem as leis que elaboram; tão pouco as promessas que fazem; mentem despudoradamente, quase por compulsão (democrática, obviamente); dão azo a que a corrupção campeie; andam a destruir as instituições do país e o próprio país e acabaram por bloquear o próprio sistema político onde se enredaram e SP acha que isto representa o “Estado de direito democrático”!?

    E aqui passamos à Constituição (CR). Acusa militares (mais uma vez sem identificar ninguém) de se quererem desviar dela, mas ainda não demos conta de ninguém o ter feito; ao contrário, parece que a actuação das forças políticas é que não pára de incorrer em tal prática como, de resto, o Tribunal Constitucional (TC) vem afiançando.

    E aqui é que o texto do autor nos baralha: por um lado os militares juraram defender a CR (e segundo SP até o devem fazer com convicção), mas por outro lado o mesmo SP fica com erupções de pele só de pensar que algum fardado possa intervir seja no que for. Então em que ficamos?

     Aqui para nós, eu nem sei porque é que o TC (e as restantes forças políticas) se preocupam com essa coisa da CR. Então, na última revisão constitucional não mudaram, quase à socapa, o articulado da dita cuja, no sentido de subalternizar todo o edifício legal nacional, face às leis que se produzem em Bruxelas? Nesse caso o que é que venha de lá (Troika incluída) pode ser considerado inconstitucional?

    E poderá o eminente escriba esclarecer o que entende por “supremacia civil”?

    Eu julgava que o termo era subordinação (não submissão) das FA ao poder legitimamente constituído, o que deve ocorrer, outrossim, com os restantes corpos especiais, ou não, do Estado, como os diplomatas, os serviços de informações, as direcções gerais, etc. e as polícias – a propósito não há nenhum militar a comandar polícias, o que há é oficiais de Exército que, transitoriamente, dada a realidade histórica, integram a GNR que presumo, deve saber, ser uma força de segurança com estatuto militar.

   Entenderá que os civis devem andar contra os militares ou estes contra aqueles? Que os políticos possam fazer da IM “gato – sapato” e ninguém tem direito a protestar? Que os militares são seres descartáveis? Que a sua opinião não deve contar?

    O quê?

     Não lhe chega as limitações constitucionais existentes? Os cidadãos militares na reserva e reforma são assexuados e apolíticos? Os políticos estão acima de crítica? Por acaso perpassa-lhe pela mente que as chefias militares não devem apenas lealdade ao governo, mas também ao PR, aos seus pares, aos Ramos que comandam e à Nação de onde emanam e, prioritariamente defendem?

    O Senhor atreve-se a chamar o Mouzinho – cuja carta, que evocou, devia ser lida todos os anos nas escolas do país – que é um exemplo de virtudes militares, à colação, para insinuar semelhanças com eventuais atitudes menos próprias, logo ele, que teve a coragem de se meter na campa por já não suportar as perfídias dos políticos e da política?

    De facto fazem falta outros “Mouzinhos” que escrevam ao 1º Ministro, como ele o fez, dizendo a dado passo, “Todos sabem os apuros financeiros do país e sabem por igual que, para segurar o poder por mais 2 ou 3 anos, V. Exª e o gabinete a que preside não hesitarão em sacrificar o futuro”.[2]

   Espero que quando da próxima vez que balbuciar o nome do herói de Chaimite o faça respeitosamente e na posição de sentido e, se armado, apresente armas!

    Quanto ao CR, foi um órgão que resultou das sequelas do 25 de Abril – seguramente uma das intervenções que aos militares está interdita, a avaliar pelo que exprimiu. O CR, de facto, não deixou grandes recordações, mas tem que se lhe fazer a justiça de ter entregado o poder, conforme o acordado entre a maioria das forças políticas emergentes e uma nova CR aprovada.

     Não consta que mais ninguém o tenha reivindicado a não ser por dedução do disco riscado do camarada Otelo.

    Medite antes na citação do Samuel Finer. Se perceber a sua dúvida, talvez consiga pôr em ordem a baralhação que lhe vai na cabecinha.

    Concedo, todavia, que numa área as FA têm sido condescendentes: nos exames psicotécnicos.

    A malha tem de ser apertada.


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[1] Carta de Mouzinho de Albuquerque (na sua qualidade de “Aio”), ao Príncipe Real, D. Luís Filipe de Bragança escrita, em 1901. Uma extraordinária peça de antologia que atesta a sua nobreza de carácter e Espírito Militar.

[2] Carta que escreveu ao Presidente do Conselho de Ministros, José Luciano de Castro, em 23/7/1898, após ter sido exonerado do cargo de Comissário Régio, em Moçambique.

terça-feira, 19 de março de 2013

O MINISTRO DA DEFESA E OS SÁTRAPAS MODERNOS

João J. Brandão Ferreira

    No dia 14 de Fevereiro o Senhor MDN deu uma entrevista à Judite de Sousa, na TVI, que não passou de uma réplica, de afogadilho, ao programa do Prof. M. Carreira, sobre as Forças Armadas (FAs), três dias antes, onde figurou o Gen. Loureiro dos Santos. Aproveitou ainda para enviar umas indirectas ao Gen. P. Ramalho, que também dera uma curta entrevista à TVI onde criticava o corte de 8.000 efectivos e outras barbaridades.

    O ministro que só deve ter ouvido falar em FAs e militares quando - distraidamente - folheava uma revista, já em idade púbere, trincando um queque na Foz do Douro, veio à liça com ar indignado de virgem ofendida.

    Então ele era lá capaz de afrontar as FAs, logo ele, um imaculado sátrapa, perdão ministro?![1]

    Marcou S. Exª a entrevista fazendo amarra num ponto: a imaculada intenção (só falta virem para as entrevistas vestidos de branco e com asinhas), de que o objectivo da reforma (?) – palavra que é a matriz do constante desatino em que sucessivos governos têm posto as FAs – é a operacionalidade da tropa!

    A tristeza da argumentação deste pedaço da humana cidadania, em exercício de poder, seria apenas deplorável caso não se esmerasse na insistência de nos tratar como parvos.

    Usando uma lógica barata de advogado caro o Sr. Ministro sofisma, actividade que, pelos vistos, é a única que domina, pois nem um simples silogismo é capaz de desenvolver.

    Vejam esta pérola: defende o coitado, ser necessário reduzir os efectivos (que devem ser imensos, subentendendo-se da palração), para permitir reduzir custos na área do pessoal a fim de aumentar a verba para a operação e treino das tropas. Tal é baseado na premissa de que se gasta mais de 80% do orçamento na rúbrica do pessoal.

   O Sr. (ainda) Ministro deve estar a mangar com a gente. Só pode.

    Então, não vislumbrará tão iluminada inteligência, que até se poderia gastar 100%?[2]

    Bastava que, o senhor e o patético e aldrabão governo de que faz parte, destinasse verba que apenas correspondesse às necessidades da despesa com o pessoal…

    Por acaso o pessoal apareceu na vida militar por obra e graça do Espirito Santo?

    Por acaso “alguém” pode pegar no pessoal e eliminá-lo? Quer gastar algumas munições (olhe que se arrisca a esgotá-las – e não é por “eles” serem muitos, mas por “elas” serem poucas…) a fuzilá-los?

    O que fizeram os seus antecessores nos últimos 20 anos até agora? Não foi o de andarem a reduzir constantemente os efectivos? Por acaso as verbas destinadas a operações e treino aumentaram?

     O senhor não me tire do sério e evite cruzar-se comigo na rua!

     E no meio desta publicidade enganosa vem afirmar que poupa 218 milhões? Mas então onde é que está o ganho para a operacionalidade das FAs, partindo do princípio que o sátrapa Gaspar fica com a poupança?

    Você – termo pelo qual o passarei a tratar – enxergue-se e enxergue-nos![3]

    Com o maior dislate, ainda, vem dizer que não senhor, o Gen. L. dos Santos (de quem não sou defensor oficial nem oficioso), não tem razão em acusar o governo de andar com o “carro à frente dos bois” por estar a querer reduzir os efectivos antes de se rever o Conceito Estratégico de Defesa Nacional (CEDN), pois tal está a ser tratado e ficará pronto em Março.

    Mas não afirmou na mesma que ia reduzir os efectivos e que se saiba ainda estamos em Fevereiro… Você, por acaso deu-lhe uma fézada ou consulta videntes?

    Pergunto ainda, algum governo já elaborou um CEDN que servisse para orientar fosse o que fosse? Alguma vez ligaram pevide ao que lá estava escrito? Alguma vez foi elaborado um conceito estratégico que não fosse o militar (CEM), dele derivado?

     Já agora, o CEM também vai estar pronto em Março? É que segundo parece (a gente já não sabe o que está em vigor dada a volatilidade com que tudo muda e as emendas sobre as emendas que se vão acumulando), as Missões, Conceito de Acção, Ameaças, Dispositivo e Sistema de Forças, relativos às FAs, derivam primariamente do CEM, não do CEDN…

      E o pessoal em serviço nas FAs é para dar corpo e consubstanciar o atrás apontado…

     E o que é que um ministro tem que andar a sugerir coisas sobre um documento que tem a classificação de “secreto”?

    Vem dizer, defendendo-se das críticas de militares, que os estudos para que aponta são também feitos por militares e que as competências são idênticas. Duvido.

    Indique-me, se for capaz, o nome deles, pois eu conheço-os a quase todos. E diga-me se estão no activo.

   E partindo do silogismo incompleto e manhoso, utilizado, pode adiantar se as intenções também serão idênticas?

     Você sabe Sr. Ministro, que já Camões dizia que “em Portugal também alguns traidores houve, algumas vezes…” Não referiu o grande poeta – que começou por ser soldado – se algum deles era militar. Se calhar (na altura) ainda não teria havido nenhum.

    Há poucos meses escrevemos um artigo em cujo título se questionava o MDN se tinha ensandecido.

    Creio que agora já dá para não ter dúvidas sobre a resposta.

    Portugal apesar de estar cheio de Sátrapas, ainda não virou uma Satrapia.

    Sobretudo uma Satrapia do Grupo de Bildelberg.





[1] No antigo Império Medo/Persa – já lá vão uns anitos – os territórios ocupados pela expansão do mesmo, eram divididos em Satrapias, à frente das quais se colocava um sátrapa, o qual respondia directamente ao soberano. Fui ao dicionário e copiei: “Sátrapa” – governador de Província entre os antigos Persas; grande dignatário; homem despótico, rico e voluptuoso; homem efeminado; déspota (Eduardo Pinheiro, Livraria Figueirinhas, Porto. De harmonia com o Decreto-Lei nº 35.228, de 8/12/1944.

[2] Se fosse vivo, o saudoso Cor. Homero de Matos, possivelmente diria uma das suas frases lapidares, “que tem a luminosidade de uma vela de sebo dentro de um corno de carneiro”…

[3] O termo “você” vem do antigo, elegante e estimável termo “Vossa Mercê”, que deu, por corruptela, na linguagem popular, o vocábulo “Vossemecê” o qual “escorregou” para “você” num linguajar mais boçal. Por vezes admissível no tratamento de superior para inferior, de conhecedor para ignorante ou de mais velho para mais novo.

Assumo o plebeísmo. As circunstâncias apetecem.