BLOGUE DA ALA DOS ANTIGOS COMBATENTES DA MILÍCIA DE SÃO MIGUEL

domingo, 30 de julho de 2017

DERRUBARAM A CRUZ DE PEDRA E LIXARAM-SE !!!


Num vídeo amador: berros de alerta para a virada inesperada

A onda de ataques contra símbolos da religião católica gerou um interessante episódio
no País Basco.

A Câmara de Larrabetzu, Vizcaya, de maioria ultra-esquerdista, aprovou por unanimidade a demolição de uma cruz situada no monte Gaztelumendi.

O pretexto foi que o monumento religioso era «franquista», pois fora erigido após a Guerra Civil espanhola (1936-1939).

Militantes de diversas esquerdas, comunistas, terroristas, organizaram uma festa para comemorar a demolição da cruz.

O governo convocou o acto, fez a festa, forneceu o camião que puxou a corda e a cobertura policial.

O monumento da cruz foi previamente pichado com ofensas.

O monumento da Cruz foi
previa e ofensivamente pichado
Com os punhos fechados, os presentes entoaram
A Internacional, o velho hino da Internacional Comunista.

Mas eis que, na hora de o camião puxar a corda, o monumento com cruz girou inesperadamente para o lado dos presentes. Despedaçou-se no chão, gerando uma nuvem de pedras que atingiu como metralha os presentes que a vituperavam.

Não houve mortos mas seis inimigos da cruz ficaram feridos.

Entre eles, a vereadora Maria Luisa Mezo, promotora da iniciativa, que teve a tíbia e o peróneo das duas pernas fracturadas por uma das pedras, submetendo-se por isso a uma cirurgia múltipla no hospital de uma cidade vizinha, paradoxalmente chamada Cruzes.

O prefeito, Iñigo Gaztelu, explicou que a intenção era aproveitar as pedras do monumento cristão para fazer outro em memória dos militantes comunistas mortos naquela guerra há 80 anos.

Tudo pronto para cair de lado

Muitos habitantes da localidade discordavam desse atentado contra a cruz. O desfecho, obviamente, foi comentado nas redes sociais.

Com Deus não se brinca. Menos ainda quando Ele parece deixar correr blasfémias e atentados, como o dessa pequena localidade basca, até tocar no limite fixado soberanamente por Ele.






VEJA VÍDEO:

https://www.youtube.com/watch?v=O5yMRvYX1EY





quinta-feira, 27 de julho de 2017

Católica faz acordo com universidade do aborto


Universidade Católica Portuguesa (UCP)

Secundino Cunha, Correio da Manhã, 25 de Julho de 2017

Católicos contestam acordo
com Universidade de Maastricht
e escrevem ao Papa.

O Vaticano decidiu analisar o protocolo de colaboração assinado pela Universidade Católica Portuguesa (UCP) com a Universidade de Maastricht (Holanda), para a criação de um curso de Medicina, depois de a Congregação para a Educação Católica ter recebido uma exposição, enviada por um grupo de católicos portugueses, em que o acordo é fortemente criticado.

O documento, que já se encontra na mesa de trabalho do cardeal Giuseppe Versaldi, questiona a ligação da UCP a Maastricht, universidade conhecida pelo trabalho em áreas como o aborto e a eutanásia. «Que garantias existem, por parte desta universidade, que não partilha nenhum dos valores e princípios cristãos, de que o ensino ministrado se manterá fiel ao magistério da Igreja?», questionam os católicos, que recorreram ao Vaticano depois de não terem recebido resposta dos bispos portugueses.

O acordo com Maastricht e o anúncio do curso de Medicina «para breve» foram revelados por Alexandre Castro Caldas, director do Instituto de Ciências da Saúde da UCP. O CM tentou um esclarecimento do patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, que preside o Conselho Superior da UCP, que remeteu para a reitora, Isabel Capeloa Gil.

O assunto deve ser abordado na próxima assembleia plenária da Conferência Episcopal, em Novembro.

Grupo denuncia «jogos políticos»
No processo enviado para Roma, o grupo refere que o acordo entre as universidades tem jogos políticos e ligações à Maçonaria. Dão o exemplo de  um vereador da Câmara de Cascais, entidade que cede terrenos para o polo universitário, estar a tirar um doutoramento em Maastricht.

«É um curso fiel aos princípios da Igreja»
Isabel Capeloa Gil assegura, em comunicado, que o curso de Medicina da Universidade Católica será «fiel aos princípios da Igreja» e que o acordo com Maastricht só tem a ver com o que diz respeito ao modelo pedagógico.

«É um projecto de Medicina que responde e se guia por aquilo que são os princípios da Igreja relativamente à vida, à defesa da vida, ao fim da vida e à dignidade humana», assegura a reitora da Universidade Católica.


SAIBA MAIS

1971
é o ano em que o Estado reconhece oficialmente a Universidade Católica Portuguesa. O decreto Humanam Eruditionem institui a universidade, cuja missão de investigação é completada por uma formação integral inspirada nos valores cristãos.

Maastricht, na Holanda
É uma cidade holandesa, com cerca de 120 mil habitantes. A universidade foi criada em 1976. É uma das mais recentes no país. Tem cerca de 13 mil alunos, dos quais quase metade são estrangeiros.





SER MILITAR DA FORÇA AÉREA: UMA PROFISSÃO OU UMA VOCAÇÃO?



João José Brandão Ferreira, Tenente-Coronel Piloto Aviador

«A toupeira não pode ter do mundo a mesma visão da águia».
Séneca

A essência da Força Aérea está intimamente ligada à sua missão, que sinteticamente se pode definir como a da «Defesa do Espaço Aéreo Nacional e a Cooperação com as Forças Terrestres e Navais».

É esta missão que vai enformar toda a instrução do militar da Força Aérea, ser omnipresente na sua actuação e guiar todas as suas sinergias.

Pode inclusive, requerer o sacrifício de todo o seu ser.

A Força Aérea é um Ramo das Forças Armadas por isso a base de toda a sua formação e estrutura, é militar.

É, outrossim, uma instituição, quer dizer uma cousa estabelecida; uma estrutura de ordem social que regula o comportamento de um conjunto de indivíduos dentro de uma determinada comunidade; tem uma função que transcende os seus membros e as intenções, mediando as regras do comportamento.

A formação militar é transversal a todas as especialidades e é o esteio onde tudo se apoia, de onde tudo deriva.

A «condição militar», caracteriza e condiciona pois, toda a postura dos servidores da Força Aérea.

Servir é, deste modo, a medida referencial de quem ingressa na Instituição Força Aérea.

Deste modo, quem vem, não deve vir procurar um emprego, mas sim assumir os valores, o modo de funcionamento e as implicações das missões que irá ajudar a cumprir.

Tem que interiorizar toda a instituição e assumir como seus, os objectivos desta.

Tem de «Ser» da Força Aérea, e não apenas «estar» na Força Aérea.

Ora tal não se compadece com o querer apenas exercer uma profissão (do latim «professio»), isto é um trabalho especializado, uma ocupação produtiva, pela qual se recebe uma retribuição económica.

Coaduna-se sim, com uma vocação e na manutenção do ideal dessa vocação (do latim «vocare») e que podemos definir como uma tendência ou inclinação natural que direcciona alguém para uma profissão específica; quiçá um chamamento, que pode ter uma dimensão espiritual, algo que fazemos com amor…

Por isso se pode perceber que ser militar da Força Aérea não é, não pode ser, o mesmo que ter um emprego, no sentido de ter uma ocupação mais ou menos temporária, pela qual se é remunerado.

E também conheci muitos civis que tendo um estatuto e uma formação diferenciados, bem se pode dizer que serviram a Força Aérea com alma e coração.

*****

Sendo a Força Aérea um dos Ramos das Forças Armadas está porém, enformada pelo meio onde opera – a atmosfera, desde a crosta terrestre até à troposfera – e da maneira como o faz.

Operando e combatendo no Ar, os meios da Força Aérea estão todavia, umbilicalmente ligados à superfície terrestre, onde estão localizadas as suas infraestruturas permanentes ou eventuais.

A Força Aérea está habituada a utilizar tecnologia avançada, que é suportada por uma doutrina e personalizada numa táctica e numa logística, tudo envolvido por um conjunto de tradições sedimentadas por uma já centenária experiência.

Este «uso do tempo» criou um «espírito aeronáutico» próprio.

De todo este cadinho resulta um especial modo de ser e de estar e uma forma específica de comandar, que é onde reside o fulcro de toda a actividade desenvolvida.

Deste modo a Força Aérea é o pilar mais importante do Poder Aéreo Nacional, cuja componente primordial é a sua capacidade letal. Isto é, a de causar danos e destruição a um hipotético inimigo.

Como sói dizer-se uma Força Aérea sem munições é apenas um aeroclube muito dispendioso…

Tal implica que os militares da Força Aérea estejam aptos e dispostos a matar e a morrer quando o cumprimento da missão o possa exigir.

Missão que está firmada e salvaguardada, no Direito e na Ética.

Missão que visa um objectivo que os ultrapassa e está para além deles: a defesa da Independência e Soberania de Portugal, a Integridade do Território e a Segurança da sua População, de qualquer ameaça que possa colocar em causa tal desiderato.

Nem mais nem menos do que o objectivo histórico permanente e fundamental do Estado e da Nação Portuguesa, desde a sua fundação.

Ora não se cumpre tal desiderato com simples «empregados, trabalhadores, ou colaboradores», muito menos com mercenários.

Carece de gente moralizada, instruída, corajosa e limpa. Exige vocação…

Compreendemos que nem todos os que se alistam possam ter esta vocação – que é sobretudo necessária nos seus quadros permanentes – mas o «ar que se respira» deve de tal modo apelar aos valores vocacionais que tal ambiente irá formatar rapidamente quem se apresente pela primeira vez à porta de armas.

As «deficiências» na vocação devem, então, ser minoradas pelo profissionalismo.

Devendo ter-se sempre em conta que a vocação pode desenvolver-se no seio das fileiras, ou perder-se… 

E o que somos também deve emanar para o exterior.

A citação de parte do relatório da viagem aérea a Macau, do Capitão Brito Pais, ilustra bem tudo o que dissemos:

«Chamei Manuel Gouveia em Tripoli e disse-lhe:[1]

— Você sabe, Gouveia, que vamos cruzar uma região perigosíssima e o voo é longo, cerca de 1 000 Km. Os perigos vão multiplicar-se, se formos obrigados a aterrar, a morte é certa. No deserto ou morremos de fome, se não encontrarmos ninguém, ou morremos decapitados se alguém nos vir. No mar, tão deserto como o deserto, se procuramos refúgio, a morte é certa também. Se você quer, vá para o Cairo num navio, nós o esperaremos aí.

Gouveia olhou para mim zangado e, um pouco malcriadamente – porque não o direi? – respondeu-me apenas:

— O meu comandante parece que não me conhece. Eu sou do Porto, da gente que deu nome a Portugal – Bolas! Se é preciso morrer, morre-se».

*****

Felizmente a Força Aérea e as suas antecessoras, Arma da Aeronáutica Militar e Serviço de Aviação Naval, foram servidos por muitos como Manuel Gouveia, durante a sua já vetusta História, que nunca deslustrou o País.

E não poucos concorreram com o seu generoso sangue para a lista daqueles «em quem poder não teve a morte».

Foi nessa senda que a Força Aérea foi criada, existiu e existe, nunca deixando até ao limite das suas capacidades, de cumprir com as suas complexas e sempre arriscadas missões.

E caso a nossa Padroeira – Nossa Senhora do Ar – e o patriotismo dos portugueses, assim quiserem e permitirem, continuará a existir e a cumprir, no futuro.

Como o seu lema «Ex Mero Motu», determina e subjaz, até hoje: Por Mérito Próprio!


[1] O então sargento mecânico Manuel Gouveia, grande pioneiro do Ar, mais tarde promovido a Tenente e hoje da classe de Sargentos da Força Aérea.





quarta-feira, 26 de julho de 2017

«Casamento» entre pessoas do mesmo sexo perante a ciência e a ideologia



(Resumo adaptado de um texto de António Justo

Um biólogo aponta para o possível problema de padrastos 

O parlamento alemão aprovou o «casamento para todos» independentemente de os pares serem heterossexuais ou homossexuais. Em reacção ao facto, o Prof. Dr. Ulrich Kutschera, focou três aspectos:

1 — o contexto do novo casamento universal com a ideologia do «género»;

2 — a base biológica do ser humano;

3 — e a pedofilia.

Kutschera receia «a pedofilia subvencionada pelo Estado
e grave abuso infantil no futuro».

Segundo ele, no chamado «casamento gay» agrava-se «o problema dos padrastos», o que constitui um risco acrescido para as crianças: um padrasto que vive em casa com uma filha adoptiva, sem ligações genéticas, poderá ter uma maior possibilidade de abuso, embora haja muitos padrastos bons.

Para o biólogo, no chamado «casamentos gay» com filhos adoptivos não existe a herança genética de imunização contra o incesto. Em casamentos, heterossexuais, pai e mãe são em 50% parentes genéticos de seus filhos, e a consanguinidade produz um efeito inibidor do incesto.

A probabilidade de inclinação para pedofilia  é 10 vezes maior em casos de padrastos e de madrastas (estudo de Regnerus M 2012).

Filhos sem pais biológicos sofrem mais de depressões e tornam-se mais frequentemente criminosos e dependentes da assistência social.

Argumenta ainda biologicamente o seguinte:

— «As crianças são moldadas inteiramente pela voz da mãe biológica durante o desenvolvimento pré-natal».

— É «inaceitável uma troca voluntária desta importante pessoa de referência por pessoas estranhas.»

— Na biologia, «sexo» corresponde à reprodução bisssexual (fertilização) enquanto para a ideologia do «género», sexo significa «o desenvolvimento de animais sexualmente maduros».

— A erotização infantil precoce, implementada nos programas das escolas, é inadequada.

O lóbi homossexualista no Estado utiliza o poder
para exercer a sua ditadura.

O Ministro da Ciência do Hesse (Boris Rhein) insurgiu-se contra o professor biólogo Kutschera por este defender que o «casamento para todos» aumenta o perigo de abuso de crianças e pressionou a reitoria da universidade para criticar o professor.

A universidade retorquiu ao ministro com o argumento da liberdade académica e da liberdade de opinião do professor mas, ao mesmo tempo, estando dependente da atribuição de fundos do Estado, distanciou-se de Kutschera.





terça-feira, 25 de julho de 2017

Igualdade de género, ou nem por isso?


Marco Silva

O único princípio que trata todos por igual é o mérito e essa é a cura deste problema intemporal – o das desigualdades de oportunidades.

No dia 23 de Junho deste ano, foi aprovada no Parlamento a lei das quotas de género nas empresas, obrigando empresas públicas e cotadas em bolsa a contratar mais mulheres para órgãos de fiscalização e para os seus conselhos de administração.

Apesar da pompa e circunstância de mais um «momento decisivo na luta das mulheres», como foi  referido por alguns «corvos» políticos, o certo é que nem um mês volvido e esse entusiasmo desapareceu, nomeadamente porque na comissão de inquérito independente à tragédia de Pedrogão Grande foram escolhidos 12 homens e nenhuma mulher, sem que a maioria que tinha aprovado o diploma uns dias antes tivesse esboçado qualquer protesto.

Por falta de mulheres competentes não será certamente, pelo que cumpre perguntar porque se aceita o sucedido. Será que como não é um tacho público/empresarial duradouro já não tem importância a desigualdade? Ou será que o problema é bem diferente e não está a ser combatido?

Curiosamente, foi do PCP que chegou a causa mais aproximada ao real problema quando, ao votar contra a lei, invocou: porque deixa «intacta a mais profunda das causas de discriminações e desigualdades de que as mulheres são vítimas, a exploração da força de trabalho». Embora a explicação do PCP não atinja o cerne do problema, enquadra-o satisfatoriamente. As mulheres, tal como os homens, mas em menor grau, são vítimas da não aplicação da meritocracia. Ou seja, não é pelo mérito que existe a contratação, nem é pelo mérito que é feita a devida remuneração. Esse modus operandi tem um nome, e não, não é machismo, mas corrupção.

É nesta armadilha que caem grande parte dos defensores da igualdade de género, quando erradamente identificam o machismo como o problema e não como o sintoma que ele é, tal como o é o racismo. Todos os actos de preterir alguém por outro motivo que não o seu mérito devem ser tratados por igual, como actos de corrupção, e só com o recentrar do combate será possível termos uma sociedade igualitária, não por decreto, mas por princípio.

Até porque estes actos isolados de «correcção» são os pilares para a perpetuação e branqueamento da corrupção. Senão vejamos, a partir de agora nas empresas públicas teremos cinco homens e cinco mulheres, sem que o princípio primário seja o mérito, o que permite, num país com um elevado índice de corrupção, a colocação de cinco mulheres do aparelho partidário do Governo ou de uma associação de poder.

Na fachada parece existir igualdade de género, contudo, é uma falácia, porque as mulheres, tal como os homens, não têm qualquer estatuto de igualdade perante os que pertencem aos grupos que dominam as instituições nacionais, sejam elas públicas ou privadas. Em suma, não são as mulheres que têm mais oportunidades no novo sistema, mas apenas as mulheres do grupo privilegiado.

E quem fala nas mulheres fala também nos homens preteridos por não terem cartão do partido, ou nas desigualdades de oportunidades dentro do mesmo género, mas de raças ou orientações sexuais diferentes. O único princípio que trata todos por igual é o mérito e essa é a cura deste problema intemporal – o das desigualdades de oportunidades.

Dito isto, uma cultura de mérito não se cria num dia nem numa geração, mas o passo essencial para que tal ocorra é deixarmo-nos de equívocos quanto ao que está realmente em causa. Não é machismo, é corrupção, corrupção que é transversal a todos os géneros e raças. O problema não está no «homem branco», este apenas tem sido o principal prevaricador por uma questão de oportunidade temporal. O problema está em todos os seres humanos que não tenham o mérito como linha orientadora de escolha.





sábado, 15 de julho de 2017

DESCOLAGEM PARA O ÚLTIMO VOO: General Casimiro de Jesus de Abreu Proença — Presente!


João José Brandão Ferreira, Oficial Piloto Aviador, 14 de Julho de 2017

«O homem é o homem e a sua circunstância»
Ortega y Gasset

A «minha» Força Aérea (FA) está a desaparecer.

Isto é, a FA onde fui formado e que conheci – mas que nunca conhecemos no seu amplexo mais amplo...

No caso vertente os homens com quem privei (já não fiquei para conhecer as mulheres…), ou seja as pessoas que fazem as Instituições.

Sem embargo das Instituições serem muito mais do que as pessoas que as constituem em cada momento, pois transportam consigo o cadinho do trabalho e do espírito de todos os que antecederam os contemporâneos, e as projectarão no futuro.

Numa palavra estão antes delas e para além delas.

O General Casimiro Abreu Proença, ontem falecido com a provecta idade de 86 primaveras foi um dos oficiais que deixou uma boa marca na Instituição FA, não a desmereceu e passou o testemunho positivamente aos vindouros e ao País.

Digo isto pois tive o grato gosto de o conhecer – apesar de já num estágio avançado da sua carreira – e de o comprovar.

Razão porque estou aqui a atestá-lo e, se me permitem, a homenageá-lo.

O «nosso» General teve uma carreira típica e «pura» dentro do Ramo que escolheu (e foi aceite!) entrar, em 1949, tendo feito o seu tirocínio nos EUA, na prática a única saída do país para uma estadia no estrangeiro, que efectuou, numa altura em que estas «comissões» eram raras.

Fez toda a sua carreira subindo a pulso a cadeia hierárquica dos postos, funções e das qualificações, tendo por pano de fundo a aviação de transporte (Noratlas, DC-4, C-54, DC-6 e B-707) sem embargo de ter sido «caracol» (instrutor na esquadra de instrução complementar, equipada com T-33).

Ilustrou a sua existência com duas comissões nos teatros de operações de Angola e Moçambique, em operações reais de combate, na defesa da Pátria.

Esteve do lado (certo) das forças sãs, na defesa da Nação e do Estado, durante a louca aventura que se seguiu ao 25 de Abril de 1974 e foi um dos «vários braços» que a nova chefia da FA – que por especial graça divina, recaiu no General Lemos Ferreira – teve a sorte e o saber de encontrar para projectar o futuro da FA, que esteve em sério risco de desaparecer.

O General Abreu Proença era uma pessoa simples e directa e, apesar de não possuir o dom da palavra, conseguia dizer tudo o que queria e fazer-se entender sem ouropéis de frases redondas.

Foi um operacional e nunca foi um «político». Era leal e nunca se pôs em bicos dos pés.

Era humano e não consta que alguma vez se tenha desonrado.

A FA deve preservar a sua memória.

Deixa saudades a quem o conheceu; a mim, seguramente deixa.

Meu General estou certo que efectuará uma suave aterragem no seio da nossa Padroeira, Nossa Senhora do Ar.





    

domingo, 9 de julho de 2017

CARTA ABERTA A QUEM OCUPA A FUNÇÃO DE CHEFE DE ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO


João José Brandão Ferreira, Oficial Piloto Aviador, 8 de Julho de 2017

«O mal não deve ser imputado apenas àqueles
que o praticam, mas também àqueles que
poderiam tê-lo evitado e não o fizeram».
Tucídides (460-396 AC.)

O senhor está a ser uma vergonha e uma desgraça para o Exército, as Forças Armadas e o País compreenderá, por isso, que não o trate sequer pelo posto.

Na minha mente existe apenas a dúvida se o hei-de despromover a Director–Geral ou a Comissário Político…

Não sei se deu conta mas já não estamos no PREC onde valia tudo, se é que alguma vez tomou consciência do que isso foi e o que representa.[1]

Mas creio poder afirmar, sem muito errar, que o seu comportamento configura um subproduto distante da herança dessa malfadada época.

A sua postura na sequência da borrada de Tancos tem sido inqualificável.

O senhor perdeu o respeito de todos; perdeu o respeito por todos e, ao que se topa, só não perdeu o respeito por si.

Lá chegará.

O País deixou de ter fundo porque foi capturado maioritariamente, por gente sem moral nem princípios, cuja óbvia preocupação se esgota no sucesso dos negócios a qualquer preço e por muitos que sofrem de defeitos congénitos na espinal medula.

O seu comportamento parece encaixar na perfeição, neste último âmbito.

E se calhar quem o empurrou para o actual cargo sabia isso plenamente.

Já não lhe bastou andar a fazer de capacho do senhor ministro da defesa – personagem que já provou à saciedade não estar capacitado para o lugar – aquando do caso burlesco e insidioso dos putativos invertidos no Colégio Militar (estão bem um para o outro!); ter andado meio à nora no infeliz caso dos «Comandos» e na muito mal gerida ultrapassagem na promoção do Major General Moura – só para ficarmos por aqui – exonera, depois, «provisoriamente» (?!) cinco comandantes de unidade, sem lhes levantar um simples processo disciplinar (e não devia haver apenas um responsável pelos paióis?), para finalmente num gesto de opróbrio, ir dizer aos deputados que se sente humilhado com os seus subordinados e outros dislates avulsos?

A generalidade dos militares, se é que ainda o são, é que se sentem humilhados com o seu comportamento, indigno de qualquer militar que se preze, quanto mais num sucessor do comandante da hoste que derrotou os mouros em Ourique!

Por tudo isto, não hesite e em vez de correr o risco de acabar muito mal na função que ocupa transitoriamente, tenha um momento de lucidez, meta férias, vá ter, sei lá, com o Dr. António Costa a Maiorca e aproveite para desaparecer sem deixar rasto.

Já chega.

João José Brandão Ferreira
Cidadão BI (civil) 02171021
Cidadão (militar) 014391-L


[1] PREC – Processo Revolucionário em Curso.  
    
    



sexta-feira, 7 de julho de 2017

A TROPA APAGOU-SE E O ESTERTOR DA TERCEIRA REPÚBLICA


João José Brandão Ferreira, Oficial Piloto Aviador

«Considerando …

Considerando …

Considerando …

Manifesto a minha concordância para a autorização do lançamento da empreitada de obras públicas com a designação PM001/VNBarquinha – Polígono de Tancos
— «Reconstrução da Vedação Periférica Exterior no Perímetro Norte, Sul e Este dos Paióis Nacionais de Tancos», com o preço base de (euro) 316 000,
ao qual acresce o IVA à taxa legal em vigor».

Despacho 5717/2017 de 05 de Junho, do MDN (DR n.º 125/2017, série II de 30/6/2017

Apetece dizer, tarde piaste!...

E também apetece perguntar como é que, anúncios destes sobre matérias sensíveis que deviam ser classificadas, são públicas…

O alarido que para aí vai sobre o assalto aos paióis do Exército em Tancos, Deus meu!

Tanta virgem ofendida!

Tanta admiração, tanta indignação, tanto espavento!

Será que acordaram agora ou têm vivido noutro planeta?

Então há cerca de 35 anos (trinta e cinco) que os sucessivos governos, parlamentos e presidentes andam a destruir paulatina e sistematicamente a multisecular Instituição Militar e agora querem que as coisas funcionem?

Trinta e cinco anos não são 35 semanas ou meses (o que já seria grave)! Tudo isto com a ajuda pressurosa da comunicação social e de uma chusma imensa de intelectuais, políticos de partidos, comentadores, baladeiros e filhos d’algo avulsos e, de repente, incomodam-se por a coisa dar para o torto?

Sabemos há muito que a generalidade da população está ignorante de tudo e mal preparada para a vida em todos os campos, pois a Escola deixou de ser séria para se transformar num recreio permanente onde se despejam alegremente biliões de euros; meio imbecilizada que está, pela acção deletéria dos jornaleiros (que não jornalistas) de serviço e confundidos e descrentes pela infrene demagogia (a doença infantil da Democracia) vertida pela actuação dos agentes políticos – que já não há saco que aguente – e só acorde quando há uma bronca qualquer.

O que de resto também não os preocupa muito desde que no dia seguinte possam ir até à praia, passear no centro comercial ou mandar uns «shots para a blusa»!

Para além do mais é uma questão de horas até acontecer uma outra barbaridade qualquer, passado o que, já ninguém se lembra da do dia anterior.

O que se passou em Tancos – porque será que só agora há este alarido, quando já assaltaram o paiol dos Comandos, na Carregueira; dos Fuzileiros, em Vale do Zebro; da PSP, e outros roubos menores que não chegaram a vir a público? – não deve ser objecto de qualquer admiração.

O que nos deve admirar – e essa é a pergunta que se impõe – é isto: depois das sucessivas barbaridades cometidas contra as Forças Armadas (que temos denunciado activamente nos últimos 40 anos), como é que ainda há alguma coisa que funciona?

De facto a Instituição Militar tem uma «endurance» absolutamente notável!

Nos últimos 35 anos – note-se que são problemas acrescidos e continuados – tem-se subvertido todos os fundamentos em que assenta a Condição Militar; houve erosão contínua do estatuto remuneratório e benefícios (que eram poucos) associados; acabou-se com a Justiça Militar; deram-se facadas violentas na Disciplina; invadiu-se o ensino militar através de exigências originadas no mundo universitário (e político) civil, no mais das vezes desajustadas da realidade e necessidades militares (mesmo assim este âmbito ainda é o que vai funcionando menos mal); esvaziou-se a hierarquia militar de competências, a ponto de hoje um general não ter autoridade para promover um soldado e ser difícil a um comandante comprar um parafuso.

Acabou-se com o Serviço Militar Obrigatório; torpedeou-se completamente o sistema de promoções; reduziu-se e cativou-se despudoradamente os orçamentos, sem qualquer paralelo noutras áreas da vida nacional; reduziram-se os efectivos, o sistema de armas e o dispositivo a números ridículos e abaixo de qualquer funcionalidade – está tudo preso por fios: não se cumprem as Leis de Programação Militar; não existem reservas de guerra, nem sistema de mobilização; a sustentação logística é medíocre; não existe representatividade política da IM e ninguém a defende institucionalmente – a não ser por palavras de circunstância.

Ora tudo isto – que está longe de esgotar a lista de erros, barbaridades e malvadezas – tinha de afectar gravemente o Moral da tropa. E afectou!

E o Moral é a mola real que mantém um Exército de pé.

As coisas, aliás, estão de tal modo graves que agora até afectou a Moral dos militares, vide as recentes prisões de militares da Força Aérea!

Há muito que os três Ramos sobrevivem apenas para manter no estrangeiro umas pequenas unidades ou grupos de instrutores, que o poder político entende ter interesse enviar para o exterior, onde por norma se têm portado muito bem (enfim, também houve alguns fiascos individuais aqui e ali), mas até isto pode ter os dias contados!

O resto passou ao campo da quase ficção. Destruir um Exército faz-se num instante (veja-se o que aconteceu nos meses a seguir ao 25 de Abril); pô-lo de pé novamente leva anos ou até décadas. É como a floresta que arde…

A grande responsabilidade, pois, de tudo o que se tem passado recai no Poder Político, devido à sua reiterada ignorância, má-fé, irresponsabilidade e, até, revanchismo.

No meio disto tudo, as Forças Armadas estão isentas de responsabilidades? Infelizmente não estão.

As Forças Armadas sendo a instituição nacional mais antiga e hierarquizada da Nação, juntamente com a Igreja (por isso têm sido as mais atacadas), estão muito dependentes dos comandantes que têm e cuja hierarquia culmina nos respectivos Chefes de Estado-Maior. Embora nem tudo se possa ou deva empurrar para cima…

O que é um facto é que, sobretudo depois das chefias militares terem passado a ser essencialmente escolhidas através de critérios políticos, desde o primeiro mandato do Professor Cavaco Silva, como PM, as coisas pioraram significativamente.

Percebe -se que estejam à partida condicionados, mas não se pode aceitar tal estado de coisas.

Ora o que se tem verificado é que a hierarquia militar deixou de existir em termos práticos: ninguém os vê – a não ser com ar de perú em vésperas de Natal, a espreitarem atrás do senhor Ministro – e é raro conhecer-lhes uma ideia, um pensamento, uma doutrina.

Não se sabe o que fazem e ninguém lhes liga nenhuma.

Não se conseguem, por norma, entender sobre coisa alguma, e têm dificuldade em fazer frente seja ao que for. E quando o fazem não se sabe nada. Resultado, continuam a não lhes ligar peva.

Afirmam sempre comedidamente que têm de trabalhar com o dinheiro que o governo da Nação (como se esse termo pesasse alguma coisa no conceito dos actuais políticos) atribui aos Ramos, mas não se manifestam quanto à impossibilidade de continuarem a cumprir qualquer missão atribuída, seguindo a velha máxima que não há dinheiro a menos mas sim missão a mais...

Às vezes (poucas) chega-lhes a mostarda ao nariz e demitem-se, nem sempre pelos melhores motivos. Uma atitude que após dois minutos de «glória», se torna inconsequente, não só porque não tem repercussão nas fileiras e vem logo outro, prestes, ocupar o lugar (ficando ainda mais na mão do ministro que o indigita), e porque depois de se «libertar» do fardo, nunca explicam minimamente as razões que os levam a abandonar a função.

Por isso tem faltado aqui muita coragem, o que desde tempos imemoriais é considerada uma virtude e um atributo dos militares…

E já nem falo daqueles que se deslumbram pela fofice das alcatifas…

Tudo, porém, muito bem explicado e camuflado através de termos como «sentido de Estado»; «prudência»; «não prejudicar o Ramo»; Ética, etc., e, por vezes, um mais pueril «não estou para me chatear».

Acho que serve para aliviar a consciência.

O ridículo é tanto que quando foi do ataque às torres gémeas, em Nova Iorque, em 2001, colocou-se o País no estado de ameaça «Alfa»; até hoje «esqueceram-se» de o modificar…

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«R.I.9 As sentinelas dos terrenos do paiol farão fogo sobre quem tente escalar os muros.1948».

Dizeres escritos numa placa de rocha
Existente nos terrenos do mesmo.[1]

Finalmente sobre a gravidade do roubo dos paióis, ainda parece que querem agravar tudo.

Não há soldados para fazer nada; não há cabos quarteleiros para pernoitarem e, ou, cuidarem dos paióis; não há sequer por vezes, já, oficial de dia, mas sim um graduado de serviço – que por norma não tem pessoal para fazer o serviço…

Não há dinheiro nem pessoal para manter ou substituir vedações; os espaços entre os paióis não estão minados pois isso é contra os «direitos do homem»; não há electrificação das redes pois não há dinheiro para tal tecnologia «de ponta» que ainda se arrisca a matar uma ovelha que se encoste; o sistema de vídeo vigilância estava avariado, etc.

O pessoal da ronda passava de vez em quando, e ainda bem que desta vez não passou, pois se tivesse confrontado os assaltantes, ou não faziam nada e davam meia volta ou arriscavam-se a ser abatidos.

Porquê, perguntarão: por duas gravíssimas razões: primeiro porque o poder político não quer que os militares possam defender violentamente as instalações e material à sua guarda não lhes outorgando autoridade para tal.

Deste modo qualquer sentinela que pregue um tiro em alguém está tramado para o resto da vida e, pelos vistos, não pode esperar que alguém assuma a responsabilidade do acto. Mas também porque, desde o tempo do General Firmino Miguel, como CEME, o pessoal de serviço ou não tem munições reais ou estas existem em carregadores específicos que estão por regra, lacrados e, ou, têm duas a três munições de salva, por cima da primeira munição real.[2]

Todos os responsáveis sabem que isto é verdade.

Por tudo isto, há muito que as Forças Armadas Portuguesas se podem considerar decalcadas da célebre charla da guerra do Solnado![3]

Acresce que há enormes suspeitas de que pode haver conivências do interior, o que não espantará vivalma, dado que, desde 1974, que não temos serviços de informações (e há muito que estão entregues a pessoal aparentemente membro das Maçonarias…); os registos criminais deixam muito a desejar e o crivo não é grande coisa. Parece que também é contra os direitos do homem, agora também dos animais.

Ora o General – Chefe de Estado-Maior do Exército, aqueles que o antecederam, bem como os dos outros Ramos, estão carecas de saber tudo isto que acabei de dizer.

E não podem alegar que não sabem, pois isso significaria que seriam ignorantes, incompetentes ou estiveram a dormir na forma.

E por isso se estranha também, porque é que segundo notícias vindas a público, o CEME terá exonerado (temporariamente) quatro Coronéis e um Tenente-coronel sitos nas unidades militares da área de Tancos. E tenha acrescentado que seria para não «interferirem» nas investigações (será que os segundos comandantes já não interferem?).

Se isto é verdade, é muito grave: primeiro essa da exoneração temporária, não existe nem faz qualquer sentido (o PR já enviou até um remoque acerca disto!) – tão pouco foi aplicada no recente processo ocorrido nos «Comandos»; e dar como racional, a hipotética interferência dos seus comandantes (como?) no processo, é de uma inconveniência e gravidade extremas. E que irá ter consequências.

Aparenta, até, ser uma manobra dilatória, de mãos dadas com o senhor MDN a fim de salvaguardarem os seus imaculados traseiros.

A situação é de tal modo grave (algum dia tinha que rebentar) que o Conselho de Chefes Militares, não se deve alhear, como costume, do que se passa. Isto toca a todos e deixou apenas de ser uma derrocada institucional e nacional (há muito anunciada), para passar a ser uma vergonha internacional inominável.

Só falta assistirmos a um General CEMGFA vir frente às camaras dizer que está tranquilo…

E sobre os assaltantes que, pelos vistos entraram calmamente pela porta do paiol, ninguém sabe nada.

Podem, senhores governantes limpar as mãos à parede e agora já nem conseguem responsabilizar o «cabo quarteleiro», pela simples razão de que é uma figura do passado.

O País e as Forças Armadas só não bateram no fundo por isto: deixou de haver fundo.

Não foi nestas Forças Armadas em que assentei praça.

E sinto-me envergonhado.


[1] R.I.9 – Regimento de Infantaria 9, na altura sito em Lamego.

[2] Para além disso, há muito que o comum dos militares só pode dar 10 tiros reais, para não defraudar o real tesouro e por isso se tornar um risco dar poderes a um sentinela sobre coisas que ele não domina…

[3] Alerto há anos para a forte possibilidade de um dia haver um atentado em Pedrouços, onde estão reunidos, cursando, centenas de oficiais. Pois bem, há muito que não há sentinelas e à Porta de Armas está um elemento de uma empresa de segurança civil…