BLOGUE DA ALA DOS ANTIGOS COMBATENTES DA MILÍCIA DE SÃO MIGUEL

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016


Alerta e barbas de molho


João José Brandão Ferreira, Oficial Piloto Aviador

 «Mouros em terra, moradores às armas.»
Brado existente em Portugal desde os
tempos do Rei D. Afonso II.

A questão dos «migrantes», ou que se lhe queira chamar, tem sido muito mal conduzida, mas não pelas razões maioritariamente vindas a público, na opinião publicada e nas afirmações de responsáveis políticos.

Compreensivelmente, ou talvez não, não se quer «alarmar» (para não lhe chamar a mais despudorada censura) a opinião pública, mas convém prepará-la para o que aí pode vir! E não é nada de bom.

Já o afirmámos e escrevemos por diversas vezes: o que temos em mãos, e perigosamente perto das nossas barbas não é apenas, nem sobretudo, um problema humano e de ajuda humanitária, mas sim um problema geopolítico homérico e extremamente perigoso.

Até que ponto foi provocado e tem sido influenciado em determinada direcção, ou não, bem como a existência de objectivos que não aparecem à luz do dia, são questões ainda não devidamente apuradas e sujeitas a especulação.

O Estado, porém, tem que se cuidar, prever e tomar medidas cautelares, antes que as coisas fiquem fora de controlo e mergulharmos num caos que se afigura vir a ser muito sangrento.

Em Portugal, para variar, todo o mundo assobia para o lado, como se tudo estivesse como Deus com os anjos, e muito ufanos de que somos os «melhores» em lidar com o problema.

O que queremos é que venham mais migrantes confiantes, porventura na esperteza saloia, de que eles preferem ir para outros locais e mesmo estando cá, se vão embora (o que tem, aliás, acontecido).

Fórmula muito gasta de querer estar bem com Deus e com o Diabo, ou ter simultaneamente Sol na eira e chuva no nabal…

Tal fórmula irá, inevitavelmente, correr mal.

Pondo de lado os néscios – fauna que desmente o arrazoado dos revolucionários de 89, de que somos todos iguais, a não ser no que tocava à guilhotina – queremos lembrar àqueles que defendem genuinamente as ideias da Sr.ª Merkel quanto à questão, que tal não é um assunto que possa ser experimentado em laboratório. Ou seja, o mal não tem retorno adequado. Convinha que pensassem nisso.

Em resumo: os órgãos do Estado e muita população (que não gosta de ser «incomodada» com problemas – é preciso que se diga) continua expectante como a avestruz.

E tirando um maior incremento na área das informações, pouco se tem feito.

Nem sequer assumir que existem ameaças. E estas têm que ser encaradas e tratadas.

A primeira ameaça chama-se António Guterres. Devido ao seu actual cargo e conhecido o seu especial afã em prol dos refugiados, vai certamente, pressionar o Governo, AR e PR (se é que eles precisam de ser pressionados) para recebermos não mais, mas sim muitos mais refugiados. Ajuda a dar o exemplo…

Querem apostar?

A segunda ameaça tem a ver com a previsibilidade de abertura de novas rotas que exporão exponencialmente, o nosso país ao problema.

Estamos a referir-nos ao desvio de refugiados para Espanha e daí para cá, ou directamente para o Território Nacional.A Espanha já tem problemas no Sul e na Catalunha com o excesso de imigrantes vindos do Norte de África e muitos casos de não integração.

A situação política, económica e social em Espanha está longe de ser das melhores e o país é potencialmente um dos mais fragmentáveis de toda a Europa.

Creio que é escusado dizer (mas mesmo assim digo) que tudo o que se passa em Espanha tem um efeito directo em Portugal.

E a partir do momento que os migrantes desaguem em Espanha, rapidamente chegam cá.

Por outro lado Marrocos não é propriamente um oásis.

O Rei tem que manter mão de ferro sobre os grupos que não apoiam a sua Dinastia ou os que lhe são próximos – lembro ainda que o conceito de Democracia é praticamente desconhecido e repudiado no mundo islâmico.

Apesar de Marrocos ser dos países muçulmanos mais estáveis, tem graves problemas económicos e sociais a que uma demografia galopante impõe um «stress» permanente.

A pressão dos habitantes dos países do Sahel em o atravessarem para «saltar» para a Europa é também um factor desestabilizador.

Para já não falar dos cancros de islamismo radical que pululam à sua volta e que possam mesmo a estar a ser incubados no seu território.

O conflito não resolvido do Sahara Ocidental, também é fonte de tensões, sobretudo com a Argélia, e pode abrir novas frentes de saída de imigrantes.

A recente fuga de argelinos no Aeroporto de Lisboa é prova de que algo já começou a mexer.

Finalmente a Espanha não morre de amores por Marrocos e Argélia e vice-versa.

Podem-se estabelecer, outrossim, rotas de fuga para as Canárias, para o Algarve e para o Arquipélago da Madeira.

Digamos que o território português mais exposto são as Ilhas Selvagens e a Ilha de Porto Santo.

O que farão as autoridades portuguesas se ocuparem as Selvagens, ou aparecerem meia dúzia de navios com umas centenas de migrantes na costa de Porto Santo, por exemplo?

Chegar aos Açores é mais difícil mas não é impossível, sobretudo no Verão e neste caso a ilha mais exposta é Santa Maria.

Aliás, nada disto é novo: o território nacional e os seus mares foram assolados pela pirataria berbere desde D. Afonso Henriques e chegou a ser prática corrente, raptarem mulheres, engravidarem-nas e depois largarem-nas novamente nas nossas costas.

Havia atalaias por todo o lado; fortes e locais artilhados e a Armada Portuguesa manteve uma esquadra (chamada do «Estreito»), até meados do século XIX, para defender o Sul do território.

Não há nada de novo debaixo do Sol…

E, já agora, as ameaças de reivindicação do «Al Andaluz» são para serem levadas a sério.

Deste modo urge ser pró-activo a começar pelo Conselho de Chefes Militares, e pôr as barbas de molho.

O PR, se é que ouve conselhos, em vez de se preocupar em ser Pai Natal o ano todo, não faria mal em reunir o Conselho Superior de Defesa Nacional – pois é disso que se trata – para debater o assunto.

Talvez não fosse má ideia começar por organizar os Serviços de Informação de modo a que funcionem efectivamente, o que não acontece desde que extinguiram a PIDE/DGS; acabar de seguida com a «paisanisse» em que as Forças de Segurança caíram – o que também não se conseguirá com este Governo, nem com a «espirra-canivetes» da Senhora Constança, a quem «entregaram» o MAI e que julga, muito cheia si mesma, resolver todos os problemas, mesmo percebendo muito pouco do «metier» em que foi posta.

Estar preparado para fechar as fronteiras de um momento para o outro e estabelecer vigilância aturada com equipas móveis (terrestres, aéreas e marítimas); idem para o estabelecimento de um ou mais campos de internamento, caso a necessidade a tal obrigue.

Exercer vigilância discreta sobre os refugiados que se aceitarem, após escrutínio severo para a sua entrada; expulsar de imediato clandestinos e criminosos.

Finalmente aumentar a vigilância aérea e marítima do território nacional; ter equipas de operações especiais prontas a intervir em qualquer local do mesmo; ter algumas unidades de escalão companhia em prontidão, para intervir em situações de ordem pública de alta violência, junto às fronteiras; ter navios de guerra e aviões de combate em estado de prontidão elevado, de modo a poderem ser usados como demonstração de força e eventual retaliação, caso um eventual conflito assim o exija.

Não devemos esperar (nem estar à espera) de qualquer ajuda da UE e a «Guarda Costeira Europeia», em congeminação, além de ir ser mais um atentado à soberania nacional, neste âmbito, não vai servir para manter os refugiados à distância, mas para os ajudar a entrar…

É evidente que tudo isto é o mínimo que se pode fazer (o Arquipélago da Madeira devia ser reforçado de imediato com mais um patrulhão e uma lancha de fiscalização, por exemplo), irá obrigar ao reforço dos orçamentos das Forças de Segurança e sobretudo das Forças Armadas – que estão à míngua (e lembro que não existem reservas de guerra de espécie alguma, reservistas ou qualquer sistema de recrutamento de emergência) ؘ– o que obviamente, o Governo irá tentar resistir até à última, ou seja, até demasiado tarde.

Parece ser a nossa sina.

Estimo que tenham um bom ano.





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